"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Sermão do Monteparte 4 - As seis antíteses

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre O SERMÃO DO MONTE, contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato. Abordando sua essência, o autor alega que apesar do fato de algumas pessoas dizerem viver segundo o Sermão do Monte, é possível que elas nunca o tenham lido. Porém a reação mais comum oposta – são muitos os que falam que o Sermão do Monte é um belo ideal, mas totalmente inaplicável, sendo inalcançável. Tolstoi, em certo sentido, combinou essas reações. Por um lado, ansiava por ver o sermão do monte praticado, enquanto, por outro, reconhecia seus fracassos pessoais.“Vocês ouviram o que foi dito: “Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo”. Mas Eu lhes digo: Amem os seus inimigos.” (Mateus 5.43-44)

Na sua essência, o Sermão do Monte (que, provavelmente, tenha sido mais um tipo de curso de verão estendido do que uma simples pregação) foi o apelo de Cristo aos seus seguidores para serem diferentes de todos os demais. ”Não sejam iguais a eles”, disse Ele (MT 6.8). O Reino que Ele proclamou deve ser uma contracultura, exibindo todo um conjunto de valores e padrões distintos. Desse modo, Ele fala de justiça, influência, piedade, confiança e ambição, e conclui com um desafio radical para que se escolha o caminho dele. 


Vimos ontem que aquilo que Jesus estava contradizendo nas seis antíteses do capítulo 5 de Mateus não era a Escritura, mas a tradição. Todas as seis antíteses são variações sobre o mesmo tema. Por acharem a Lei opressiva, os escribas e fariseus tentavam reduzir seu desafio ao tornar suas exigências menos exigentes e suas permissões mais permissivas. Desse modo, tornavam a Lei mais manejável. Tomemos a quinta a sexta antíteses como nossos exemplos.

Eis a quinta: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso” (v. 38-39). “Olho por olho” era uma instrução aos juízes de Israel. Ela expressava a lei do talião, o princípio da exata retribuição como sentença máxima. Os escribas e fariseus, no entanto, estenderam-na. Levaram-na dos tribunais (a que pertencia) para o campo dos relacionamentos pessoais (a que não pertencia). Eles a usavam para justificar a vingança, que a Lei proibia explicitamente.

Agora a sexta antítese: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas Eu lhes digo: Amem seus inimigos” (v. 43-44). A citação dos escribas era uma perversão escandalosa da Escritura, pois acrescentava ao mandamento de amar nosso próximo um mandamento correspondente de odiar nosso inimigo, que não se encontra no texto do Antigo Testamento. Os professores da lei se perguntavam quem era o seu próximo, a quem deveriam amar. Isso porque, é claro, respondiam a si mesmos que seu próximo era seu conhecido e semelhante de raça e religião. Sendo assim, se lhes era exigido amar somente seu próximo, isso equivalia à permissão para odiar seu inimigo. Mas Jesus condena por completo esse casuísmo. Ele insistiu que nosso próximo, no vocabulário de Deus, incluía nosso inimigo.

Se amarmos apenas aqueles que nos amam, não seremos melhores que os não-cristãos. Se amarmos nossos inimigos, no entanto, ficará aparente que somos filhos do nosso Pai Celestial, uma vez que Seu amor é indiscriminado, dando chuva e sol a todas as pessoas indistintivamente. Alfred Plummer resumiu as opções: pagar o bem com o mal é demoníaco; pagar o bem com o bem é humano; pagar o mal com o bem é divino.

Para saber mais: Mateus 5.43-48









2 comentários:

  1. O que exatamente Lutero reformou na teologia Cristã?

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  2. Caro irmão, agradeço sua consideração ao compartilhar da palavra de Deus a partir desse humilde espaço atraves do qual me disponho a defender os verdadeiros fundamentos cristãos à luz da Bíblia sagrada.

    A contribuição de Lutero para a Reforma protestante foi fundamental, por isso é tido como precursor desta. Lutero de fato defendia a luta do cristão pela palavra. A autoridade da Reforma protestante vinha das escrituras e não de pretensos líderes espirituais, a exemplos dos fariseus e líderes religiosos da época de Jesus, o que foi severamente combatido pelo Senhor e Salvador de nossa vidas.

    Tornando-se como uma extensão de Deus, esses cristãos místicos, que por sua vez defendiam uma visão contrária à noção de cristão como servo, se colocavam pela autoridade da sua experiência com Deus, em uma posição superior até mesmo a dos profetas, em vez de se resignarem a servos. Para Lutero eles não passavam de falsos profetas, pretensos anjos anunciadores da vontade de Deus. Para esses cristãos místicos, Cristo representava a unidade entre Pai e Filho, criador e criatura. Mas essa visão não se limitava apenas à pessoa de Cristo, estendia-se também a seus irmão adotivos, que se deificavam através de Cristo, tornavam-se não o próprio Deus, mas o mesmo que Deus ou parte Dele.

    Lutero acentuou a idéia que só a fé salva e não as obras, ninguém se salva comprando indulgências, em 1517 criticava a igreja por acumular no castelo de Frederico, o Sábio, 17.413 relíquias, daí resultam as 95 teses, que foram primeiramente enfiadas as autoridades envolvidas com as indulgências, após não receber respostas é que enviou a alguns amigos.

    Lutero exaltava o amor ao próximo e a o comprimento do dever de cada dia, acentuando a importância do Evangelho como único tesouro verdadeiro cristão.

    Em fevereiro de 1520 a censura feita a obra de Lutero serviu de base a bula Exurge, Domine, de Leão X, e em dezembro de 1520 Lutero convidou mestres e estudantes de Wittenburg pra ma fogueira de livros de Direito eclesiástico, entre os quais se encontrava a bula de Leão X. Em 1521 Lutero foi convidado a abandonar sua doutrina, e recusou, então o edito de Worms exilou Lutero do Império, a partir daí que ele escreveu suas principais obras:

    O papado de Roma: A verdadeira Igreja é a cristandade interior, a Igreja visível é uma criação puramente humana.

    O apelo a nobreza cristã da nação alemã: nesse texto convidava todos a lutarem pela reforma cristã.

    O cativeiro de Babilônia da Igreja: o batismo não acabava com o pecado original e a comunhão não era uma oferenda a Deus, criticava ainda a forma do rito da missa por afastar os fieis do cálice, por ser rezada em latim.

    Da liberdade do cristão: confirmava a idéia que o cristão é livre e não esta sujeito a ninguém.

    Acerca dos votos monásticos: na qual atacava todos os votos eclesiásticos.

    Em 1530, por meio da Confissão de Augsburgo, Lutero definiu a doutrina de sua Igreja, em primeiro acentuou que a salvação só se dava pela fé, definiu que a bíblia era o único dogma de sua religião e que a leitura deveria ser livre; suprimiu o clero regular, o celibato e as imagens, manteve apenas dois sacramentos, o batismo e a eucarestia, exigiu que os ritos da Igreja fossem realizados em língua alemã.

    Concluindo, Lutero percebeu que reformar não era inovar a sua teologia ou a sua liturgia, mas sim, restaurar e redescobrir aquilo que havia se perdido no decorrer de séculos de trevas, quando a Bíblia já não era mais o fundamento doutrinário da igreja e sim tradições resultantes das decisões dos concílios. Logo, o que se consumou como Reforma Protestante no século XVI não foi um movimento inovador, mas restaurador, uma volta às origens, um retorno à Palavra de Deus.

    Espero ter contribuído de alguma forma com esse breve comentário.

    Fontes: Protestantismo em revista, São Leopoldo RS, nº 18,jun-abr de 2009; Monergismo.com.

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