"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 26 de março de 2012

Como podemos ter paz no vale

A verdadeira paz existe e pode ser experimentada! Essa paz não se encontra nas farmácias nem nos boutiques famosas. Não está nas agências bancárias nem nas casas de shows. Essa paz não é encontrada no fundo de uma garrafa nem numa noitada de aventuras. Essa paz está centralizada em Deus. Ela vem do céu. É sobrenatural. Como poderemos experimentar essa paz, ainda que cruzando os vales da vida? 

Em primeiro lugar, conhecendo o Deus e Pai de toda consolação. Deus é a fonte de todo consolo. Quando ele nos permite passar pelo vale, é para fortalecer nossa fé e nos aperfeiçoar em santidade. Quando ele nos leva para o deserto, nossas experiências tornam-se ferramentas em suas mão para consolar outras pessoas. É Deus quem nos matricula na escola do deserto. O deserto é o ginásio de Deus, onde ele treina seus filhos e, equipa-os para grandes projetos. Quando somos consolados, aprendemos a ser consoladores. Alimentamo-nos da fonte consoladora e tornamo-nos canais dessa consolação para os aflitos. Não há paz fora de Deus. Não há descanso para a alma senão quando nos voltamos para Deus. Não há consolo para o coração aflito fora de Deus, pois só ele é o Deus e Pai de toda consolação, que nos consola em toda a nossa angústia, para consolarmos outros, com a mesma consolação com que somos consolados. 

Em segundo lugar, conhecendo a Jesus, a verdadeira paz. A paz não é ausência de problema, é confiança no meio da tempestade. A paz é o triunfo da fé sobre a ansiedade. É a confiança plena de que Deus está no controle da situação, mesmo que as rédeas da nossa história não estejam em nossas mãos. A paz não é um porto seguro onde se chega, mas a maneira como navegamos no mar revolto da vida. A paz não é apenas um sentimento, mas sobretudo, uma pessoa, uma pessoa divina. Nossa paz é Jesus. Por meio de Cristo temos paz com Deus, pois nele fomos reconciliados com Deus. Em Cristo nós temos a paz de Deus, a paz que excede todo o entendimento. Paz com Deus tem a ver com relacionamento. Paz de Deus tem a ver com sentimento. A paz de Deus é resultado da paz com Deus. Quando nosso relacionamento está certo com Deus, então, experimentamos a paz de Deus. Essa paz coexiste com a dor, é misturada com as lágrimas e sobrevive diante da morte. Essa é a paz que excede todo o entendimento. Essa paz o mundo não conhece, não pode dar nem pode tirar. Essa é a paz vinda do céu, a paz que emana do trono de Deus, fruto do Espírito Santo. Você conhece essa paz? Já desfruta dessa paz? Tem sido inundado por ela? Essa paz está à sua disposição agora mesmo. É só entregar-se ao Senhor Jesus! 

E terceiro lugar, conhecendo o Espírito Santo como o nosso consolador. A vida é uma jornada cheia de tempestades. É uma viagem por mares revoltos. Nessa aventura singramos as águas turbulentas do mar da vida, cruzamos desertos tórridos, subimos montanhas íngremes, descemos vales escuros e atravessamos pinguelas estreitas. São muitos os perigos, enormes as aflições, dramáticos os problemas que enfrentamos nessa caminhada. A vida não é indolor. Mas, nessa estrada juncada de espinhos não caminhamos sozinhos. Temos um consolador. Jesus, nosso Redentor, morreu na cruz pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação. Venceu o diabo e desbaratou o inferno. Triunfou sobre a morte e deu-nos vitória sobre o pecado. Voltou ao céu e enviou o Espírito Santo para estar para sempre conosco. Ele é o Espírito de Cristo, que veio para exaltar o Filho de Deus. Ele é o Espírito da verdade, que veio para nos ensinar e nos fazer lembrar tudo o que Cristo nos ensinou. Ele é o outro consolador, aquele que nos refrigera a alma, nos alegra o coração e nos faz cantar mesmo no vale do sofrimento. O consolo não vem de dentro, vem de cima. Não vem do homem, vem de Deus. Não vem da terra, vem do céu. Não é resultado de autoajuda, mas da ajuda do alto!



domingo, 11 de março de 2012

Os MAIS santos e os MENOS santos

Chegou a hora de os mais piedosos e os mais santos contarem aos menos piedosos e aos menos santos que, se eles são de fato assim, é unicamente por causa da graça, pois eles também têm os mesmos ou maiores embaraços que os demais. Chegou a hora de os mais piedosos e os mais santos terem a coragem de proclamar bem alto: “Nós somos apenas seres humanos, como vocês” (At 14.15). Chegou a hora de os que entrevistam os mais piedosos e os mais santos, e escrevem a biografia deles, afirmarem sem o menor receio, como a Bíblia faz, que o formidável profeta Elias “era um ser humano como nós” (Tg 5.17).   

Já passou da hora de os mais piedosos e os mais santos revelarem que eles não têm uma santidade inata nem fácil. Potencialmente eles também têm inveja, raiva, olhos adúlteros, vontade de aparecer, desejos pecaminosos, momentos de desânimo, crises de depressão e talvez até problemas na área da homossexualidade. Se eles de fato são mais piedosos e mais santos do que o cristão comum que aspira ser piedoso e santo, é por que levam a sério o que Jesus disse: “Se alguém acompanhar-me negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).

Os mais santos e os menos santos estão no mesmo nível quanto à natureza caída, quanto à necessidade de perdão e quanto à fraqueza frente à tentação. Estes e aqueles são, ao mesmo tempo, atraídos por Deus e pelo mal. Ambos são tentados pela carne, pelo mundo e pelo diabo. O primeiro não é nenhum gigante, e o segundo, nenhum pigmeu. A diferença não é essa, mas está no fato de que os mais santos consideram-se mortos para o pecado e o conseguem com o auxílio de Jesus. O Senhor ainda diz: “Quem está unido comigo [a videira] e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jô 15.5). Já os menos santos ainda estão engatinhando e escorregando por todo lado.

Em qualquer momento os menos santos podem entrar na fileira dos mais santos e os mais santos, se não tomarem cuidado, (1Co 10.12), engrossar a fileira dos menos santos!

Chegou a hora de tirar a roupa e mostrar a nudez natural, que começou no Éden e que o anjo da igreja de Laodiceia ignorava o escondia (AP 3.18). Para o bem de todos – dos agora mais piedosos e mais santos (para intensificar neles o sentimento de humildade) e dos agora menos piedosos e menos santos (para arrancar deles o sentimento de fracasso).     

Abertura da edição da Revista Ultimato janeiro-fevereiro, 2012.

terça-feira, 6 de março de 2012

A incomparável majestade de Deus

O profeta Isaías há dois mil e setecentos anos anunciou, de forma eloquente, a majestade de Deus. Destacou a supremacia de Deus em relação à criação (Is 40.12,27), à ciência (Is 40.13,14), às nações (Is 40.15-18), aos ídolos (Is 40.19,20), aos moradores da terra (Is 40.21,22), aos príncipes (Is 40.23,24). Deus é incomparavelmente grande e majestoso. Deus infatigavelmente fortalece ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. O profeta Daniel diz que o povo que conhece a Deus é um povo forte e ativo (Dn 11.32). O conhecimento de Deus é a própria essência da vida eterna. Deus é o nosso criador, provedor, redentor, protetor, consolador e galardoador. Destacaremos, três aspectos da majestade de Deus: 

Em primeiro lugar, Deus é majestoso pela obra da criação. Desde que Charles Darwin publicou seu livro “Origem das Espécies” em Londres em 1959, a teoria da evolução tem se tornado muito popular. Muitos confundem a teoria da evolução com as verdades científicas. Há aqueles que pensam que o universo veio à existência por geração espontânea. Outros entendem que o universo é resultado de uma colossal explosão. Outros, ainda, defendem que o universo é resultado de uma evolução de bilhões e bilhões de anos. Faltam a essas teorias a evidência das provas. Sabemos que o universo é composto de matéria e energia; isso a ciência prova. Sabemos que o universo é governado por leis; isso a ciência prova. Sabemos que massa e energia não geram leis; isso a ciência prova. Logo, alguém fora do universo criou essas leis que governam o universo. O criacionismo tem a evidência das provas. O relato da criação, conforme registrado em Gênesis1 e 2 está em estreita sintonia com os ditames da ciência. O mesmo autor da criação é o autor das Escrituras. Embora haja sobejas evidências do criacionismo, comprovadas pela ciência, cremos pela fé, que Deus o criou o universo. Antes do início só Deus existia. A matéria não é eterna. Deus trouxe à existência as coisas que não existiam. Ele do nada tudo criou, tudo sustenta e tudo governa. 

Em segundo lugar, Deus é majestoso pela obra da providência. Deus não apenas criou o universo, mas também o sustenta. Ele não é apenas transcendente, mas também imanente. Os deístas acreditavam na transcendência de Deus, mas negavam sua imanência. Imaginavam Deus como um ser absolutamente soberano, que havia criado o universo como um relojeiro que fabrica um relógio, dá corda nele e o deixa trabalhando sozinho. Como teístas que somos, cremos também na imanência divina. Deus está presente. Nele nos movemos e existimos. É Deus quem nos dá a respiração e tudo o mais. É Deus quem nos dá o sol e a chuva. É Deus quem nos dá saúde e a cura da enfermidade. É Deus quem nos dá o alimento e o apetite. É Deus quem nos dá proteção e livramento. É Deus quem nos dá paz no vale e alegria em meio às lutas. É Deus quem enche a terra de fartura e os mares de riquezas insondáveis. É Deus quem veste os lírios do campo e alimenta as aves do céu. Deus é a fonte de todo bem e a origem de toda boa dádiva. 

Em terceiro lugar, Deus é majestoso pela obra da redenção. O mesmo Deus que criou o universo e o sustenta pela palavra do seu poder, também providenciou para seu povo eterna redenção. A salvação não é fruto do esforço humano nem mesmo o resultado de uma parceria entre Deus e o homem. A salvação é uma obra exclusiva de Deus. Tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados e Deus nos deu vida. Estávamos longe e fomos atraídos para Deus com cordas de amor. Estávamos manchados pelo pecado e fomos lavados pelo sangue de Cristo. Éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos de Deus, mas fomos alcançados pela graça divina. Éramos filhos da ira, mas agora somos membros da família de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.