"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Fazemos parte dessa história


O natal não foi a história de um nascimento casual, sem planejamento. O nascimento de Jesus não foi um descuido nem simplesmente a escolha de um casal comprometido pelo amor. O natal foi decisão de Deus. Foi iniciativa do céu. Não foi engendrado pelo desiderato do homem, mas resultado do beneplácito divino, traçado desde toda a eternidade. 

O natal foi um nascimento singular. Não houve nem haverá nenhum outro igual. O nascimento de Jesus não foi o concurso do relacionamento conjugal de José e Maria, mas a intervenção soberana do Espírito Santo de Deus nela, de tal maneira, que o seu filho não herdaria o pecado de Adão, nem seria semente do homem, mas da mulher. Por essa razão, Maria não é mãe de Deus, pois o Jesus que foi concebido por ela não passou a existir a partir do seu ventre, mas ele fez-se carne na concepção e nascimento. Ora, se ele fez-se carne, quer dizer que ele já existia antes. A Bíblia nos informa que Jesus é o verbo eterno, ele é o pai da eternidade, ele é o agente da criação de tudo o que há. Logo, Jesus como Deus que se encarnou, não pode ter tido mãe, pois é o criador, sustentador e soberano absoluto sobre todo o universo. O homem em quem o verbo se tornou, esse sim, é filho de Maria. É importante frisar que Jesus tem duas naturezas distintas: ele é plenamente Deus e plenamente homem. Antes de se encarnar, ele sempre existiu com o Pai e com o Espírito Santo na trindade excelsa. Apenas como homem, portanto, Jesus é filho de Maria. 

Outrossim, o natal é um nascimento majestoso. Mesmo cercado de pobreza, pois não havia lugar para José e Maria nas hospedarias de Belém, precisando eles encontrar abrigo numa manjedoura para Jesus nascer, ele nasceu como Rei dos reis. Os céus celebraram com efusiva e apoteótica música angelical o seu nascimento. Os magos estrangeiros prostraram-se aos seus pés reconhecendo nele o rei, o sacerdote e o profeta. O mundo o perseguiu, o crucificou, mas o Pai o ressuscitou dentre os mortos, fazendo-o assentar à sua destra. Nenhum personagem da história é mais proclamado que Jesus. Nenhuma festa de aniversário é mais embalada pelas luzes da alegria e do festejo que o aniversário de Jesus. O natal é singular, porque Jesus verdadeiramente é o Filho de Deus, que desceu da glória, fez-se carne e veio ao mundo buscar e salvar o que se havia perdido. 

Mas, o que é de suma importância para nós, é saber que fazemos parte dessa história. Jesus veio ao mundo por amor a nós. O Pai no-lo deu por amor. Estávamos no coração de Deus desde os tempos eternos e para que o seu propósito inescrutável quanto à nossa salvação fosse concretizado é que Jesus veio, se encarnou, nasceu, viveu, morreu, ressuscitou e vai voltar. O natal é expressão de amor. O natal é Deus se fazendo homem, é o Deus excelso descendo à terra, é o Rei se fazendo servo, é o dono do universo, se tornando pobre, é o transcendente se esvaziando para que nós pudéssemos ser reconciliados com Deus. Sim, fazemos parte dessa história, pois pela fé nosso coração tornou-se a estrebaria onde o Filho de Deus nasceu para reinar!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Jesus, o Deus que vestiu pele humana

O apóstolo João, mais do que os outros evangelistas, falou-nos acerca da divindade de Jesus Cristo. No prólogo de seu evangelho já deu o rumo de sua obra: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). Depois de falar que esse Verbo foi o agente criador e também o doador da vida, anunciou de forma magistral: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai" (Jo 1.14). Destacamos, portanto, aqui, quatro grandes verdades sobre o Verbo de Deus.

Em primeiro lugar, a eternidade do Verbo. "No princípio era o Verbo…" (Jo 1.1). Quando tudo teve o seu começo, o Verbo estava lá, não como alguém que passou a existir, mas como o agente de tudo o que veio à existência. O Verbo não foi causado, mas ele é causa de tudo o que existe. O Verbo não foi criado antes de todas as coisas, mas é o criador do universo no princípio (Jo 1.3). Se antes do princípio descortinava-se a eternidade e se o Verbo já existia antes do começo de tudo, o Verbo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo de Deus. Só Deus é eterno!

Em segundo lugar, a personalidade do Verbo. "… e o Verbo estava com Deus…" (Jo 1.1). No princípio o Verbo estava em total e perfeita comunhão com Deus. A expressão grega pros ton Theon traz a ideia que o Verbo estava face a face com Deus. Como Deus é uma pessoa e não uma energia, o Verbo é uma pessoa. O Verbo é Jesus, a segunda Pessoa da Trindade. Isso significa que antes da encarnação do Verbo, ele já existia e, isso, desde toda a eternidade e em plena comunhão com o Pai. Jesus não passou a existir depois que nasceu em Belém. Ele é o Pai da eternidade. Nas palavras do Concílio de Nicéia, ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. 

Em terceiro lugar, a divindade do Verbo. "… e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). O Verbo não é apenas eterno e pessoal, mas, também, divino. Ele é Deus. Ele é a causa não causada. A origem de todas as coisas. O criador do universo. Ele é o verbo, ou seja, o agente criador de tudo que existe, das coisas visíveis e invisíveis. O Deus único e verdadeiro constitui-se em três Pessoas distintas, porém, iguais; da mesma essência e substância. O Verbo não é uma criatura, mas o criador. Não é um ser inferior a Deus, mas o próprio Deus. Embora, distinto de Deus Pai, é da mesma essência e substância. Ele é divino!

Em quarto lugar, a encarnação do Verbo. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.14). Aqui está o sublime mistério do Natal: O eterno entrou no tempo. O transcendente tornou-se imanente. Aquele que nem o céu dos céus pode contê-lo foi enfaixado em panos e deitado numa manjedoura. Deus se fez homem, o Senhor dos senhores se fez servo. Aquele que é santo, santo, santo se fez pecado por nós e o que é exaltado acima dos querubins, assumiu o nosso lugar, como nosso fiador. Ele se fez maldição por nós e, sorveu, sozinho, o cálice amargo da ira de Deus, morrendo morte de cruz, para nos dar a vida eterna. Jesus veio nos revelar de forma eloquente o amor de Deus. Não foi sua encarnação que predispôs Deus a nos amar, mas foi o amor de Deus que abriu o caminho da encarnação. A encarnação do Verbo não é a causa da graça de Deus, mas seu glorioso resultado. Jesus veio ao mundo não para mudar o coração de Deus, mas para revelar-nos seu infinito e eterno amor. Essa é a mensagem altissonante do Natal. Esse é o núcleo bendito do Evangelho.

sábado, 23 de novembro de 2013

Alegria, alegria

Por Manoel Nerivaldo Lopes
Leitura Bíblica: Habacuque 3.17-18

"Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!" (Filipenses 4.4)

Talvez alguns se lembrem de uma música com o título desta mensagem, que falava em caminhar contra o vento, sem lenço e sem documento. Mas não é dela que falaremos aqui, e sim do recado do apóstolo Paulo aos cristãos de Filipos no versículo em destaque.

As pessoas se alegram por vários motivos. Há a alegria que move as multidões nas festas populares e nos aniversários, nos shows artísticos, nas vitórias do clube de coração, na aprovação em exames... Mas tudo isso passa. A alegria pela vitória de seu clube pode ser a tristeza por uma derrota do próximo jogo. A do carnaval termina na quarta-feira de cinzas, às vezes de maneira triste e trágica. Competições esportivas, eleições ou vestibulares sempre causam alegria em uns e tristeza em outros: o que faz rir também faz chorar. Em fim, a alegria pode durar a noite inteira, mas sempre chega a manhã., e com ela a realidade, As alegrias da vida não são eternas.

Não é assim com a alegria no Senhor; ela não leva ninguém à tristeza e é eterna, mesmo em meio às tribulações da vida.

Alegramos-nos no Senhor porque Ele tem as palavras de vida eterna (Jo 6.68); Ele é o caminho, a verdade e a vida, e nos leva ao Pai (Jo 14.6); Seu sangue nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.70; Ele vive sempre para interceder por nós (Hb 7.25); Ele nos dá a vida eterna (Jo 10.28).

Alegramo-nos no Senhor porque, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, não há o que temer pois Ele está conosco (Sal 23.4); porque sabemos que por Sua vitória na cruz e Sua ressurreição o túmulo não é o fim, mas a passagem para a vida eterna (Jo 11.25). Alegremo-nos no Senhor como profeta Habacuque expressou no texto da leitura de hoje.

Por isso, mesmo caminhando em meio às dificuldades desta vida,  ainda que sem lenço e sem documento, ao ouvir a voz do Senhor me chamar, responderei: Eu vou!

Na presença de Deus, a alegria cresce por si.

Presente Diário 16 - rtm

sábado, 2 de novembro de 2013

A abundante graça de Deus

Desde o Pentecostes, a igreja de Jerusalém, cheia do Espírito Santo, crescia em números e em graça. Permanecia firme na palavra e arraigada na oração. Tinha intimidade com Deus e simpatia aos olhos do povo. Adorava a Deus com entusiasmo e em cada alma havia temor. Nessa igreja havia uma liderança cheia do Espírito e um povo comprometido com a santidade. No capítulo quatro de Atos, somos informados que em todos os crentes havia abundante graça (At 4.33). Cinco verdades nos chamam a atenção na passagem em apreço.


Em primeiro lugar, abundante graça apesar de atroz perseguição (At 4.3). Os líderes da igreja estavam sendo encerrados em prisão e açoitados não porque fossem delinquentes e perturbadores da ordem social, mas porque pregavam o poderoso evangelho de Cristo. Uma igreja fiel sempre despertará a fúria do mundo. Uma igreja santa sempre incomodará uma sociedade rendida ao pecado. Porém, apesar de viver debaixo de opressão, a igreja tinha abundante graça, exuberante alegria e poderoso testemunho. 


Em segundo lugar, abundante graça manifestada num ousado testemunho (4.8). A igreja dava audacioso testemunho do evangelho mesmo debaixo das ameaças mais ruidosas. Longe da igreja recuar e calar sua voz diante dos açoites e prisões, tornou-se mais intrépida. O apóstolo Pedro, cheio do Espírito Santo, deixou claro que a cura do paralítico (descrita no capítulo 3 de Atos) não era um prodígio realizado por seu próprio poder. Era uma obra soberana de Jesus, o mesmo que vencera a morte, ressuscitando dentre os mortos. Pedro não se concentra no milagre da cura, mas anuncia a Jesus como o único que pode salvar o pecador. O milagre não é o evangelho, mas abre portas para o evangelho. Pedro não hesitou em proclamar no quartel general do Judaísmo que o Messias esperado era o Jesus que havia sido crucificado em Jerusalém e levantado da morte. Não há nenhum hiato entre o Cristo divino e o Jesus histórico. Ele é o Salvador do mundo. 


Em terceiro lugar, abundante graça demonstrada em fervorosa oração (At 4.24). Enquanto a liderança da igreja é ameaçada pelas autoridades no front da batalha, a igreja fica na retaguarda da oração. Longe desses crentes perderem a coragem e o fervor espiritual diante da perseguição, entregam-se à oração com mais fervor, sabendo que Deus é soberano e que até mesmo as ações mais perversas dos ímpios estão rigorosamente sob o controle de Deus. A igreja não pede cessação da perseguição, mas poder para testemunhar no meio da perseguição. A igreja não pede ausência de luta, mas oportunidade para pregar. Enquanto os crentes oravam, o Espírito Santo desceu sobre eles. A casa onde estavam reunidos tremeu e todos, com intrepidez, deram testemunho de Cristo. Não há poder sem oração e não há eficácia na pregação sem oração. A igreja precisa não dos aplausos do mundo, mas do poder do Espírito Santo. Precisa não do reconhecimento da terra, mas da intrepidez do céu. 


Em quarto lugar, abundante graça revelada na plenitude do Espírito Santo (At 4.31). Quando a igreja orou, os céus se abriram, o Espírito Santo desceu e todos ficaram cheios do Espírito Santo. Antes desse revestimento de poder a igreja estava trancada por medo; agora, é trancada por falta de medo. Antes, eles temiam os açoites das autoridades, agora são as autoridades que temem a igreja. Uma igreja cheia do Espírito é irresistível. Ela não teme ninguém a não ser a Deus. Ela não foge de nada exceto do pecado. Um crente cheio do Espírito Santo pode até ser preso e algemado, mas se torna um embaixador em cadeias. Os homens podem prender a nós, mas jamais a palavra de Deus. 


Em quinto lugar, abundante graça comprovada pela visível generosidade (At 4.32). Uma igreja cheia de graça é apegada às pessoas e desapegada das coisas. Não retém os bens apenas para si; distribui-os com generosidade. Não acumula com ganância, mas distribui com generosidade. Ama não apenas de palavras, mas de fato e de verdade. Suas obras são o avalista de seus palavras. Prega não apenas aos ouvidos, mas também aos olhos!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O que é o verdadeiro avivamento

Existem apenas algumas coisas que permanecem semanalmente na minha lista de oração. Uma delas é o avivamento ou reavivamento. Eu acredito que Deus tenha se movido no passado para inflamar grandes avivamentos. Eu acredito que ele pode fazê-lo novamente. E eu acredito que seria bom que os cristãos pregassem e orassem por um avivamento cristocêntrico em nossos dias, que ame o Evangelho, glorifique a Deus e seja dado pelo Espírito.
Claro, isso levanta a questão: o que é verdadeiro avivamento? Vou chegar a uma definição em um momento e falarei mais sobre o modelo bíblico de renovação e reforma no próximo texto, mas permita-me começar mostrando algumas noções falsas sobre avivamento.
Primeiro, avivamento não é reavivalismo. Obviamente, quando você adiciona o “ismo” isso soa assustador, mas eu acho que há uma distinção importante a defender. Entendo por reavivalismo um evento programado, produzido e determinado por homens. No início do século XIX, uma mudança profunda aconteceu. Considerando que antes avivamentos eram vistos como obras da soberania de Deus pelo que alguém orava e jejuava mas não conseguia planejar, a partir de 1800 os avivamentos tornaram-se produções programadas. Você poderia montar uma barraca e anunciar um avivamento na próxima quinta-feira. Se você colocar uma música nova aqui, um coral lá, um certo estilo de pregação, um banco para os pecadores arrependidos, você pode ter certeza de uma resposta. Isso é um avivamento feito por homens, não verdadeiro avivamento.
Segundo, avivamento não é individualismo. Com isso quero dizer que um avivamento é um evento corporativo. É uma coisa maravilhosa quando Deus muda um só coração, especialmente no meio de muitos ossos secos, mas não é disso que estamos falando. Quando Deus envia um avivamento, ele varre uma igreja inteira, várias igrejas ou comunidades, e toca uma diversidade de pessoas (por exemplo, jovens, velhos, ricos, pobres, educados, incultos). Não é apenas uma transformação individual, de tão maravilhoso que é.
Terceiro, avivamento não é emocionalismo. De fato, verdadeiro avivamento pode produzir grande emoção. Mas a emoção em si não indica uma verdadeira obra do Espírito. Você pode levantar as mãos, ou ficar duro, chorar histericamente, ou ter uma grande calma, cair no chão, saltar para cima e para baixo, gritar Amém, fazer orações altas ou suaves, se sentir muito espiritual ou se sentir muito insignificante. Estes são o que Jonathan Edwards chama de “não-sinais”. Eles não dizem nada de um jeito ou de outro. Se você levanta as mãos ao cantar uma canção de louvor, isso pode significar que você está encantado com o amor de Deus, ou pode significar que você tem uma personalidade expressiva e a música proporciona uma liberação de energia. Se você canta um hino com solenidade e gravidade, pode ser que você está cantando com profundo temor e reverência, ou pode significar que a sua religião é mero formalismo e você está realmente entediado. Verdadeiro avivamento é marcado por mais do que a presença ou ausência de emoção tremenda.
Quarto, avivamento não é idealismo. Avivamento não significa que o céu chega na terra. Ele não inaugura uma utopia espiritual. Não resolve todos os problemas da igreja. Na verdade, o avivamento, com todas as suas bênçãos, geralmente traz novos problemas. Muitas vezes existe controvérsia. Pode haver orgulho e inveja. Pode haver suspeita. E além dessas obras da carne, Satanás muitas vezes desperta falsos avivamentos. Ele semeia sementes de confusão e engano. Assim, tanto quanto nós devemos ansiar por avivamento, não devemos esperar que ele seja a cura para todos os problemas da vida, e muito menos um substituto para décadas de tranquilidade, obediência fiel e crescimento.
Então, o que é verdadeiro avivamento? Aqui está a minha definição: O verdadeiro avivamento é uma soberana, repentina e extraordinária obra de Deus pela qual ele salva pecadores e traz vida nova para o seu povo.

  • O verdadeiro avivamento é uma soberana (dependente do tempo de Deus, realizado por Deus , concedido conforme a vontade de Deus)
  • repentina (conversões, crescimento e mudanças acontecem de forma relativamente rápida)
  • extraordinária (incomum, surpreendente)
  • obra de Deus (não nossa)
  • pela qual ele salva pecadores (regeneração levando a fé e arrependimento)
  • e traz vida nova para o seu povo (com afeições, comprometimento e obediência renovados).
Um dos melhores exemplos do verdadeiro avivamento na Bíblia é a história de Josias, em 2 Reis 22-23. A história não é um projeto para ser imitado em todos os aspectos, especialmente porque Josias é rei sobre uma teocracia. Mas a história é instrutiva, na medida em que nos dá uma imagem de uma soberana, rápida e extraordinária obra de Deus.

Traduzido por Annelise Schulz. Por iPródigo.com. Original: Uma surpreendente obra de Deus (1)
Uma Surpreendente Obras de Deus (1/2) - Kevin DeYoung 

sábado, 14 de setembro de 2013

A graça de Deus nos capacita a enfrentar o sofrimento


A vida é a professora mais implacável: primeiro dá a prova, e depois a lição. C. S. Lewis disse que "Deus sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores". Paulo fala sobre um sofrimento que muito o atormentou: o espinho na carne. Depois de ser arrebatado ao terceiro céu, suportou severa provação na terra. Há um grande contraste entre estas duas experiências de Paulo. Ele foi do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Ele experimentou a bênção de Deus no céu e bofetada de Satanás na terra. Paulo tinha ido ao céu, mas agora, aprendeu que o céu pode vir até ele. 


Charles Stanley em seu livro Como lidar com o sofrimento, sugere-nos algumas preciosas lições.

Em primeiro lugar, há um propósito divino em cada sofrimento (2Co 12.7). Há um propósito divino no sofrimento. O nosso sofrimento e a nossa consolação são instrumentos usados por Deus para abençoar outras vidas. Na escola da vida Deus está nos preparando para sermos consoladores. Jó morreu sem jamais saber porque sofreu. Paulo rogou ao Senhor três vezes, antes de receber a resposta. O que Paulo aprendeu e que nós também precisamos aprender é que quando Deus não remove "o espinho", é porque tem uma razão. Deus não permite que soframos só por sofrer. Sempre há um propósito. O propósito é não nos ensoberbecermos. 

Em segundo lugar, é possível que Deus resolva revelar-nos o propósito de nosso sofrimento (2Co 12.7). No caso de Paulo, Deus decidiu revelar-lhe a razão de ser do "espinho": evitar que ficasse orgulhoso. Quando Paulo orou nem perguntou por que estava sofrendo, apenas pediu a remoção do sofrimento. Não é raro Deus revelar as razões do sofrimento. Ele revelou a Moisés a razão porque não lhe seria permitido entrar na Terra Prometida. Disse a Josué porque ele e seu exército haviam sido derrotados em Ai. O nosso sofrimento tem por finalidade nos humilhar, nos aperfeiçoar, nos burilar e nos usar.

Em terceiro lugar, o sofrimento pode ser um dom de Deus (2Co 12.7). Temos a tendência de pensar que o sofrimento é algo que Deus faz contra nós e não por nós. Jacó disse: "Tendes-me privado de filhos; José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas cousas em sobrevêm" (Gn 42.36). A providência carrancuda que Jacó pensou estar laborando contra ele, estava trabalhando em seu favor. O espinho de Paulo era uma dádiva, porque através desse incômodo, Deus o protegeu daquilo que ele mais temia – ser desqualificado espiritualmente. 

Em quarto lugar, Deus nos conforta em nossas adversidades (2Co 12.9). A resposta que Deus deu a Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele precisava. Deus respondeu a Paulo que ele não estava sozinho. Deus estava no controle de sua vida e operava nele com eficácia. Precisamos compreender que Deus está conosco e no controle da situação. Precisamos saber que Deus é soberano, bom e fiel. Jó entendeu isso: "Eu sei que tudo podes e ninguém pode frustrar os teus desígnios". 

Em quinto lugar, pode ser que Deus decida que é melhor não remover o sofrimento (2Co 12.9). De todos, esse é o princípio mais difícil. Quantas vezes nós já pensamos e falamos: "Senhor por que estou sofrendo? Por que desse jeito? Por que até agora? Por que o Senhor ainda agiu?". Joni Eareckson ficou tetraplégica e numa cadeira de rodas dá testemunho de Jesus. Fanny Crosby ficou cega com 42 dias e morreu aos 92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de 4 mil hinos. Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa prisão nazista. Se Deus não remover o sofrimento, ele nos assistirá em nossa fraqueza, nos consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder. A graça de Deus nos capacita a lidar com o sofrimento, sem perdermos a alegria nem a doçura (2Co 12.10).

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O compromisso com o testemunho do evangelho


O apóstolo Paulo menciona três disposições inabaláveis do seu coração em relação ao evangelho: "Eu estou pronto" (Rm 1.14); "eu sou devedor" (Rm 1.15) e "eu não me envergonho" (Rm 1.16). Temos aqui três verdades: A obrigação do evangelho: "sou devedor"; a dedicação ao evangelho: "estou pronto"; e a inspiração do evangelho: "não me envergonho". Vamos examinar esses três compromissos com o evangelho. 

Em primeiro lugar, eu estou pronto a pregar o Evangelho (Rm 1.14). A demora de Paulo em ir a Roma não era falta de desejo do apóstolo, mas impedimentos circunstanciais alheios à sua vontade. Esse atraso, na verdade, enquadra-se no sábio arbítrio de Deus, pois resultou na escrita desta epístola, que tem merecido o encômio de ser "o principal livro do Novo Testamento e o evangelho perfeito". Paulo sempre esteve pronto a pregar. Ele pregava em prisão e em liberdade; nas sinagogas e nas cortes; nos lares e nas praças. Pregava em pobreza ou com fartura. Ele chegou a dizer: "ai de mim, se não pregar o evangelho" (1Co 9.16). Pregar o evangelho era a razão da sua vida.

Em segundo lugar, eu sou devedor do Evangelho (1.15). Há duas maneiras de alguém se endividar. A primeira é emprestando dinheiro de alguém; a segunda é quando alguém nos dá dinheiro para uma terceira pessoa. É no segundo caso que Paulo se refere aqui. Deus havia confiado o evangelho a Paulo como um tesouro que ele tinha que entregar em Roma e no mundo inteiro. Ele não podia reter esse tesouro. Ele precisava entregá-lo com fidelidade. Deus nos confiou sua Palavra. Ele nos entregou um tesouro. Precisamos ir e anunciar. Sonegar o evangelho é como um crime de apropriação indébita. O evangelho não é para ser retido, mas para ser proclamado. Ninguém pode reivindicar o monopólio do evangelho. A boa nova de Deus é para ser repartida. É nossa obrigação fazê-la conhecida de outros. Proclamar este evangelho em todo o mundo e a toda criatura não é questão de sentimento ou preferência; é uma obrigação moral; é um dever sagrado. 

Em terceiro lugar, eu não me envergonho do Evangelho (1.16). Paulo se gloria no evangelho e considera alta honra proclamá-lo. Ao considerarmos, porém, todos os fatores que circundavam o apóstolo, nós poderíamos perguntar: Por que Paulo seria tentado a envergonhar-se do evangelho ao planejar sua viagem para Roma? Porque o evangelho era identificado com um carpinteiro judeu que fora crucificado. Porque naquela época como ainda hoje os sábios do mundo nutriam desprezo pelo evangelho. Porque o evangelho, centralizado na cruz de Cristo, era visto com desdém tanto pelos judeus como pelos gentios. Porque pelo evangelho Paulo já havia enfrentado muitas dificuldades. Porém, a despeito dessas e outras razões, Paulo pode afirmar, com entusiasmo: "Porque não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê" (Rm 1.16). 

Hoje há três grupos bem distintos: Primeiro, aqueles que se envergonham do evangelho. Segundo, aqueles que são a vergonha do evangelho. Terceiro, aqueles que não se envergonham do evangelho. Em quais desses grupos você se enquadra? Qual tem sido o seu compromisso com a proclamação do evangelho? Que Deus desperte sua igreja, para que como um exército poderoso, cheio do Espírito Santo, se levante para proclamar com fidelidade o evangelho da graça. Pregar outro evangelho ou sonegar o evangelho é um grave pecado; porém, anunciar o evangelho, é o maior de todos os privilégios!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A informação que corrompe versus a fé vem pelo ouvir


Há quem diga que o ser humano é o que pensa. Se o ser humano não é o que pensa, certamente, age do que pensa, e pensa do que ouve. Na fala em Mt 16.5-12, Jesus diz que é necessário tomar cuidado com o que se ouve.

É curioso, mas, agimos muito mais pelo que ouvimos, do que pelo que vemos ou constatamos. Talvez, porque ver exija sincronização, a pessoa teria de estar, de alguma forma, no local, no momento do ocorrido; etalvez porque constatar demande muito trabalho.

“A fé vem pelo ouvir”, disse Paulo (Rm 10.17). A fé verdadeira vem de ouvir da Palavra de Deus. Mas a história humana dá conta de que, para o ser humano desenvolver crença, basta ouvir; o que coloca um peso de responsabilidade incomensurável sobre quem fala.

Tudo, nos diz a Bíblia, nasce da palavra, e, como se comprova na história, pelas falas a sociedade é construída.

Jesus sabia que os humanos são ávidos por informação. Não pela informação em si, mas, pelo poder que saber mais do que o outro confere ao informado. O tal desejo de ser como Deus (Gn 3.5). Mas todo aquele que deseja o poder predispõe-se a cair em ciladas (1 Tm 6.9).

Deve ser por isso que Jesus adverte seus alunos a se acautelarem das doutrinas dos fariseus e dos saduceus. Pois, não dá para imaginar que tais doutrinas, e tais doutrinadores pudessem competir com os ensinos e a maestria de Jesus.

Jesus, todavia, sabia que o ser humano é corruptível. Jesus sabia que a má informação, corrompe. Jesus sabia, também, que a palavra que corrompe é a palavra que foi corrompida. Jesus sabia que mesmo a palavra vinda de Deus poderia ser corrompida.

Interessante, os saduceus e os fariseus representavam extremos da fé judaica. Os saduceus aceitavam parte da Bíblia, os fariseus aceitavam a Bíblia toda. Os saduceus enfatizavam as atividades no templo como o cerne da fé; os fariseus enfatizavam o moralismo como cumprimento da lei. Ambos, porém, ensinavam o erro. Os saduceus não viram que os sacrifícios falavam da necessidade do sacrifício definitivo; os fariseus não viram que a lei apontava para a necessidade de haver um salvador.

No erro, os extremos se encontravam e se tornavam uma coisa só: informação que corrompe. Como distinguir que laboravam em erro, se eram, entre si, opostos, de tão distantes e antitéticos? Eles se encontravam na incapacidade de reconhecer o Cristo e de fazer o Cristo reconhecido.

Continua assim: todo ensino que, pretensamente, nascido da Bíblia, não reconheça o Cristo, que é o sacrifício que nos traz a salvação, e o esvaziamento e a doação que nos estabelece o padrão para viver, e não aponte o Cristo como o centro da fé, se tornou informação que corrompe.

Nota: artigo publicado originalmente no blog do autor.

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Ariovaldo Ramos é escritor, articulista e conferencista sobre a missão da igreja. Foi presidente da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), missionário da SEPAL. Atualmente é presidente da Visão Mundial no Brasil e um dos presbíteros da Comunidade Cristã Reformada, em São Paulo (SP). 

sábado, 3 de agosto de 2013

Piruetas, coreografias e o Espírito Santo

Quando eu pensei que já tinha escutado todos os argumentos em favor das piruetas e coreografias que “evangélicos” fazem durante o culto, me deparei com esta: quando o Espírito desceu em Pentecostes sobre os apóstolos, eles se comportaram como bêbados, pulando, dançando, caindo e girando, pois foi esta a impressão que a multidão teve: “Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer? Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados” Atos 2.12-13.

Então, tá. Mas, será que foi isto mesmo o que ocorreu? 

Estes dois versículos expressam as diferentes opiniões da multidão sobre o aquele fato estranho, que homens incultos estavam falando em idiomas das diversas nações ali representadas.


Um parte da multidão estava confusa, sem saber como pessoas ignorantes podiam fazer aquilo. Eles estavam realmente intrigados com o ocorrido e abertos para ouvir a explicação que Pedro haveria de dar em seguida, em seu sermão.

Mas, uma parte da multidão era de zombadores, gente que não percebeu a seriedade do que estava acontecendo. E zombando, disseram que os apóstolos estavam bêbados, isto é, dizendo coisas sem sentido como os bêbados costumam dizer. Era esta a explicação que eles acharam para o fenômeno.
Algo semelhante ao que Paulo diz, que se um incrédulo entrar na igreja quando todos estiverem falando em línguas ao mesmo tempo, ele vai dizer que estão loucos – algo perto de bêbados (1Co 14.23). 

Os zombadores disseram que eles estavam bêbados não porque eles estavam, como alguns bêbados, cantando, dançando, caindo, girando, gesticulando, pulando, mas porque estavam falando coisas incompreensíveis, palavras sem sentido – para os zombadores.
Não tinha nada a ver com a postura e comportamento deles, mas com as coisas que estavam dizendo.

Portanto, não faz o menor sentido usar a opinião dos zombadores de Pentecostes para justificar que hoje os crentes, cheios do Espírito, dançam, pulam, caem, giram, gritam.

Na verdade, Paulo diz, “não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espirito” (Ef 5.18), o que prova que ser cheio do Espírito é exatamente o contrário do comportamento de bêbados.

”Errais, não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus” (Jesus)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Tire pedras do caminho


“Disse Jesus: `Tirem a pedra” (Jo 11. 39). No Evangelho de João, temos a narrativa do apóstolo a respeito da ressurreição de Lázaro. Nesse texto o evangelista conta que Lázaro, irmão de Marta e Maria havia morrido. Maria, entristecida, procurou Jesus para contar o que havia acontecido. Imediatamente Jesus foi ao túmulo, que era uma caverna, onde havia uma pedra posta sobre ela. Diante do constrangimento de todos, disse Jesus: “Tirem a Pedra” (Jo 11. 39). E em seguida, depois de pedir a Deus em oração, Ele ordenou : “Lázaro, venha para fora” (Jo 11. 43). E todos os que estavam ali no cemitério ficaram maravilhados com a ressurreição de Lázaro!

Que lições podemos tirar desse fato para a nossa vida? Primeiramente precisamos relembrar que pedras no caminho ou mesmo no sapato de alguém sempre incomodam e prejudicam a caminhada pelas estradas da vida. Além do sentido “ao pé da letra”, isto é, do sentido físico da expressão, uma pedra no caminho pode significar um obstáculo qualquer na vida pessoal, familiar, moral, profissional ou espiritual que esteja impedindo o nosso bem-estar, a nossa paz e segurança, o cultivo de valores permanentes como o amor, a justiça entre outros.
Para o nosso progresso, reconhecer as pedras que estão em nosso caminho e que nos têm impedido de viver satisfatoriamente, é fundamental. A não ser que seja uma pedra preciosa! Esta, certamente, poderia também mudar a vida de muita gente! Não sendo neste sentido, pedras no caminho sempre são obstáculos a serem superados. Que obstáculos poderiam ser esses?
Pedras no caminho como obstáculos a serem superados na vida podem ser: vícios relacionados a usos e costumes (beber, fumar, jogar, usar drogas, falar mal do próximo, entre outros); vaidade, orgulho, individualismo, egoísmo, preguiça, ressentimentos, ódio, espírito de vingança, mentira, arrogância, soberba, problemas morais envolvendo a família e muitos outros.
Todas essas pedras em nosso caminho certamente dificultarão a nossa caminhada, na medida em que são capazes de criar “calos” em nossa moralidade e espiritualidade, gerando assim dores e sofrimentos. São pedras que nos impedem de sair da “caverna” de nossa existência e de podermos assumir a vida com grandeza, alegria e paz.
Como podemos superar as pedras como obstáculos que impedem o nosso bem-estar? Alguns têm procurado superar essas pedras com recursos próprios e têm sido felizes. Tentam vencer os vícios do mal usando certos artifícios: apelam para a ajuda de especialistas, para a rotina de exercícios físicos capazes de ajudar a sistematizar hábitos ou mesmo buscam entre místicos a força que precisam para vencer os obstáculos.
Não podemos desconhecer que em certos casos, há mesmo quem consiga tirar essas pedras que atrapalham em busca de felicidade, ainda que nem sempre de maneira tão eficaz. Há também quem não tente nada e, apesar dos sofrimentos, procuram contemporizar a situação sem as soluções desejáveis.
Reconheçamos, porém, com seriedade, que existem pedras em nosso caminho que, apesar de nossos esforços, sempre teremos dificuldades para afastá-las. A família e os amigos de Lázaro tinham diante de si uma pedra superior às suas forças que era a realidade da própria morte. Lázaro era um homem morto há quatro dias. Ninguém naquele lugar poderia remover aquela pedra com sucesso. A pedra física, que estava posta sobre a caverna na entrada do túmulo, todos podiam tirar. Mas a pedra da morte que impedia a liberdade e a vida de Lázaro, somente Jesus podia remover.
Em nossa vida é também assim: repetimos, existem pedras em nosso caminho que podemos removê-las, com nossas forças, com nossa boa-vontade, com nossos recursos pessoais ou mesmo com a ajuda de alguém. Por outro lado, não nos esqueçamos das pedras em nossa vida moral e espiritual que, pelo seu porte, somente Deus, através de Cristo pode tirá-las de nosso caminho, desde que creiam nele.
Jesus Cristo tem poder para remover as situações consideradas sem jeito na vida humana. Se a sua vida tem sido considerada um caso sem jeito; se os seus problemas pessoais são de difícil solução; se você se sente ameaçado de morte em sua vida profissional, conjugal, familiar, moral, física ou espiritual, procure fazer a sua parte, tirando do caminho as “pedras” que estão ao seu alcance como o orgulho, a vaidade, a soberba, o egoísmo, a mentira, entre outras, e deixe o que você não pode fazer por conta de Jesus Cristo.
Ele tem todo poder no céu e na terra para afastar quaisquer que sejam as pedras do caminho que estejam tirando a nossa liberdade e nos ameaçando de morte. Por isso, “Ponha sua vida nas mãos do Deus Eterno, confie nele, e ele o ajudará” (Sl 37. 5), a tirar as pedras que têm atrapalhado o seu caminho!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Por que a igreja deve orar?



A oração é a maior força que atua na terra. Orar é conectar o altar com o trono, é unir a fraqueza humana à onipotência divina. É entrar na sala do trono e falar com aquele que tem as rédeas da história em suas mãos. Sendo Deus soberano, escolheu agir na história por meio das orações do seu povo. A oração move o braço daquele que governa o universo. Nada é impossível para oração feita a Deus, em nome de Jesus, no poder do Espírito, porque nada é impossível para Deus. Tudo quanto Deus pode fazer, pode ser alcançado pela oração. Uma igreja de joelhos tem mais poder do que um exército. Destacaremos três pontos para nossa reflexão. 

Em primeiro lugar, pela oração Deus traz grandes livramentos ao seu povo. Israel estava no cativeiro, debaixo da chibata dos egípcios, com os pés no barro e as costas esfoladas. O povo clamou a Deus e Deus viu, ouviu e desceu para libertá-lo da escravidão. Pedro estava preso, na prisão máxima de Herodes, sob forte vigilância de escolta policial, aguardando o final da Páscoa para ser executado. Havia, porém, oração incessante da igreja em seu favor. Deus enviou seu anjo para despertar Pedro e adormecer os guardas. A situação se inverteu: Pedro foi solto e Herodes foi morto. Quando a igreja ora, os céus se movem, a igreja é fortalecida e os inimigos são desbaratados. 

Em segundo lugar, pela oração Deus cura os enfermos. Deus perdoa todas as nossas iniquidades e sara todas as enfermidades. Ele é o Jeová Rafá, o Deus que nos cura. Para ele não há causa demasiadamente difícil. Portanto, a última palavra não é da medicina, mas de Deus. Assim como Jesus, em seu ministério terreno, levantou os paralíticos, curou os cegos e purificou os leprosos, assim também, hoje, ele cura os enfermos em resposta às orações da igreja. Devemos nos aproximar de Deus como o leproso aproximou-se de Jesus: "Senhor, se tu quiseres, tu podes purificar-me". Deus pode tudo quanto ele quer. Para ele não há doença incurável nem causa perdida. Por isso, os apóstolos oraram pelos enfermos. Os pais da igreja oraram pelos enfermos. Os reformadores oraram pelos enfermos. Os avivalistas oraram pelos enfermos. Nós, também, precisamos orar pelos enfermos, pois a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. 

Em terceiro lugar, pela oração Deus fortalece sua igreja com poder. Os grandes reavivamentos espirituais aconteceram em resposta às orações da igreja. O derramamento do Espírito é sempre precedido pela oração e vem em resposta às orações. O Espírito Santo desceu sobre Jesus no rio Jordão quando ele estava orando. O Espírito Santo foi derramado no Pentecostes quando a igreja perseverava unânime em oração. O poder de Deus vem pela oração. Sem oração não há poder. Sem oração a pregação não produz vida. Os apóstolos entenderam que deveriam se consagrar à oração e ao ministério da Palavra. Oração e Palavra precisam caminhar juntas. Precisamos ter luz na mente e fogo no coração. Não basta apenas proferir a Palavra de Deus, é preciso ser boca de Deus. Não basta conhecer a respeito de Deus, é preciso ter intimidade com Deus. Sem oração os púlpitos serão fracos e infrutíferos. A pregação é lógica em fogo. O pregador precisa arder. Precisa pregar no poder do Espírito e em plena convicção. O apóstolo Paulo disse que a sua palavra e a sua pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder. Que a igreja se desperte para oração e que por meio da oração humilde, fervorosa e perseverante, as torrentes do Espírito caiam sobre nós, trazendo restauração para a igreja e salvação para os perdidos.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Prioridades na família




A família é um projeto de Deus. Foi a primeira instituição divina. E foi criada para a glória de Deus e nossa felicidade. Para que a família colime esse elevado propósito, necessário se faz que observemos algumas prioridades.

Em primeiro lugar, Deus precisa vir antes das pessoas. Devemos amar a Deus com toda a nossa alma e de toda a nossa força. Devemos buscar em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça. Para ser um discípulo de Jesus é preciso estar disposto a deixar pai e mãe e amá-lo mais do que qualquer outra pessoa, por mais achegada que seja a nós. Deus ocupa o primeiro lugar em nossa vida, ou então, ainda não sabemos o que é segui-lo. O que é importante destacar é que, quanto mais amamos a Deus, mais amamos nossa família e mais fortes ficam nossos relacionamentos interpessoais. A nossa relação com Deus cimenta os demais relacionamentos, colocando-os dentro de uma correta perspectiva. 

Em segundo lugar, o cônjuge precisa vir antes dos filhos. Pecam contra o cônjuge e contra os filhos, aqueles que colocam os filhos em primeiro plano e o cônjuge em segundo plano. O maior presente que podemos dar aos nossos filhos é amar, com desvelo, o nosso cônjuge. A maior necessidade dos filhos é ver o exemplo dos pais. Não há família saudável onde os relacionamentos estão fora dos trilhos. Investimos nos filhos, quando investimos em nosso casamento. Cuidamos dos filhos, quando priorizamos nosso cônjuge. 

Em terceiro lugar, os filhos precisam vir antes dos amigos. Precisamos ter discernimento para buscarmos as primeiras coisas primeiro. Nossos amigos são importantes, mas nossos filhos são mais importantes. Aqueles que não cuidam da sua própria família estão em total descompasso com o projeto de Deus. Não podemos sacrificar nosso relacionamento com os filhos para dar mais atenção aos nossos amigos. Nenhum sucesso vale a pena quando o preço a pagar é o sacrifício dos nossos filhos. Os pais precisam entender que seus filhos são prioridade. Precisam investir neles o melhor do seu tempo e o melhor de seus recursos. Precisam criá-los na admoestação e na disciplina do Senhor. Não podem procá-los à ira para quem não fiquem desanimados.

Em quarto lugar, as pessoas devem vir antes das coisas. Vivemos numa sociedade materialista e consumista. As prioridades estão invertidas. As pessoas esquecem-se de Deus, amam as coisas e usam as pessoas. Devemos, ao contrário, adorar a Deus, amar a pessoas e usar as coisas. Quando colocamos coisas no lugar de pessoas tornamo-nos insensíveis e apartamo-nos do projeto de Deus. Há pessoas que, infelizmente, têm mais cuidado com o carro do que com os membros da família. São mais zelosos com seus objetos pessoais do que com os relacionamentos dentro de casa. Amam mais os bens materiais do que os membros da família. 

Em quinto lugar, o reino de Deus precisa vir antes dos nossos projetos. Temos visto muitos crentes dando para a Deus a sobra dos seus bens, de seus talentos e do seu tempo. São pessoas que só se preocupam com as coisas terrenas. Correm atrás de seus próprios interesses enquanto a obra de Deus fica relegada a segundo plano. Essas mesmas pessoas, nas palavras do profeta Ageu, semeiam muito e colhem pouco; vestem-se, mas não se aquecem; comem, mas não se satisfazem; e o salário que recebem, colocam-no num saco furado. O pouco que trazem, Deus o assopra, porque não aceita sobras, uma vez que requer primícias. Precisamos buscar em primeiro lugar o reino de Deus. Precisamos investir as primícias da nossa renda na promoção do reino de Deus. Precisamos investir em causas de consequências eternas. Nossa felicidade pessoal e familiar alcançarão sua plena realização, quando essas prioridades estiverem alinhadas em nossa vida!

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Bonhoeffer, a graça barata e o evangelho da prosperidade


Há 68 anos (no dia 09 de abril de 1945) morria Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo da Igreja Luterana da Alemanha.

Este erudito, ordenado e doutorado aos 21 anos, autor de vários livros, é conhecido por sua coragem e seu compromisso cristão. Quando a Igreja Católica guardou silêncio e igrejas cristãs protestantes mantiveram-se à margem, com a desculpa de "neutralidade" diante do tirano e despótico regime que pretendia levantar Hitler, Bonhoeffer foi coerente com seu discurso e levantou sua voz.

Ele teve a oportunidade de ficar nos Estados Unidos em meio aos alvores que prognosticavam uma guerra mundial. No entanto, preferiu voltar ao seu país para cuidar do rebanho que Deus lhe havia entregue. Tinha sob sua responsabilidade um seminário que depois foi fechado pela Gestapo. Foi proibido de falar e ensinar mas, obedecendo ao seu chamado, continuou seu trabalho clandestinamente.

Acusado de cúmplice no plano para matar Hitler, Bonhoeffer foi preso e passou seus dois últimos anos de vida em uma prisão de Berlim, aguardando sentença final. Ali se dedicou a escrever vários de seus livros, que são conhecidos até hoje. Entre eles, "O Custo do Discipulado"1, uma joia da literatura cristã, que faz uma exposição à luz do Sermão do Monte (Mateus 5). 

Seu argumento era pôr em evidência o que significa professar uma fé abstrata, legalista e desencarnada do verdadeiro compromisso e da transformação que Jesus exige como o coração do Reino de Deus para os seus seguidores. Uma fé que não toca a alma nem a consciência, um cristianismo sem Cristo e sem cruz é uma fé estéril, inútil e vazia porque, ao final, não é sustentável. A isto Bonhoeffer chamou de “a graça barata”.

" A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.

73 anos depois do pastor Bonhoeffer ter escrito estas palavras em um contexto de tribulação por defender sua posição, é triste reconhecer que hoje alguns setores trilham o mesmo caminho que visa baratear a fé.

A fé se torna barata quando é oferecida como um produto de consumo para satisfazer as massas que buscam uma mensagem que se encaixe aos seus desejos pessoais. Quando é oferecida como espetáculo para um público que deseja que se adoce os ouvidos e se prometa estabilidade para seu "status quo". Quando se defende a identidade de ser filho ou filha de Deus como uma garantia para reivindicar as promessas materiais em troca de uma módica soma ou transação monetária a que alguns chamam de “lei da semeadura e da colheita” ou “pacto com Deus”.

Recentemente um tele-evangelista latino-americano ensinou (se é que se pode chamar de ensino) que devemos reclamar a Deus por qualquer necessidade material existente e pedir o "carro dos nossos sonhos como um direito adquirido por sermos seus filhos”.
Em seus trinta minutos de exposição, em nenhum momento ele fez menção a outros elementos presentes na mensagem apostólica, tais como a justiça, a responsabilidade, a obediência, o arrependimento e o seguimento como parte integral do discipulado que Jesus viveu, encarnou e buscou.

Os promotores dessas correntes correm perigo de ensinar falsos ensinamentos e, assim, reduzir a mensagem a “migalhas espirituais”. Bonhoeffer tinha razão ao afirmar que "a graça barata é o inimigo mortal da igreja".

A última conferência mundial sobre evangelização “Lausanne 3”, celebrada na Cidade do Cabo, África do Sul, se pronunciou contra a má interpretação bíblica e até a manipulação que se tem feito para alimentar o materialismo. Um dos oradores mencionou, em seu discurso intitulado "Deus promete abençoar o seu povo," que o evangelho da prosperidade distorce o conceito de bênção quando a reconhece apenas no sentido material.

Outros preletores também comentaram o problema:

“Nós não podemos usar a opção de comprar a graça de Deus, e isso é o que faz o evangelho da prosperidade”. 

“Dar é parte da nossa adoração, mas o evangelho da prosperidade faz com que o dar seja uma atividade de barganha”.

“Aos crentes é ensinado que quando fazem uma oferta a Deus podem esperar uma rentabilidade determinada. Mas Deus abençoa de acordo com a sua sabedoria, e não necessariamente com riqueza material”.

Como crentes, não podemos permanecer calados diante desses falsos ensinos que continuam a permear a igreja e prejudicam a fé. Mas o mais preocupante é que eles continuam a arrastar milhares de seguidores para beber dessas águas turvas e ilusórias. E ainda mais perturbador é que eles estão deixando para as futuras gerações um legado de discipulado que em nada reflete o coração do Reino.

Bonhoeffer não se calou porque reconheceu que seu dever como um discípulo do Senhor era falar. Deus espera algo menos de cada um de nós, hoje?

Nota:
1. Publicado no Brasil pela Editora Sinodal, com o título “Discipulado”.

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Alexander Cabezas Mora é costa-riquenho e coordena o setor de relações eclesiásticas de Viva da América Latina. É membro da secretaria administrativa do Movimento Cristão “Juntos con la Niñez” e integrante da Fraternidade Teológica Latino-americana.

Tradução: Ana Cristina Aço Martins.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Creio na Ressurreição do Corpo

“Para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário o vigor tanto do corpo como do espírito. Vigor que nos últimos meses diminuiu em mim de tal forma que hei de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado” (Ratzinger). Essa foi uma das mais surpreendentes declarações deste início de século. Uma constatação óbvia de que os seres humanos têm um corpo sujeito à velhice, dor e doença, sinais de nossa finitude. O Papa confessou, com a ajuda da limitação de seu corpo, a nossa condição humana. Mas para os crentes em Jesus de Nazaré, esta limitação é fonte de iluminação e esperança no porvir! A ressurreição de Cristo põe um ponto final em todo um sistema até então invencível: o sistema da morte.

Embora haja um número grande de evidências sobre a ressurreição de Jesus, deve ficar claro que é a fé que determinará a veracidade da ressurreição. Para o cristão, a fé na Palavra de Deus é o maior testemunho da ressurreição (I Co 15.1-4), pois o AT anunciou que o Messias não seria vencido pela morte (Os 6.2). O corpo de Jesus foi colocado em um sepulcro, fechado por uma pedra de aproximadamente 2 toneladas, difícil de ser removida (Mt 27.60), com uma escolta de aproximadamente 16 homens. A pedra foi selada, indicando que o túmulo estava sob a proteção do Império romano. Quem quer que quebrasse o selo seria morto (Mt 27:66).

A Bíblia não deixa dúvidas sobre a ressurreição física de Jesus (At 10.41; Lc 24.39). Jesus possuía um corpo material que foi sujeito à dor e morte. Porém, a morte não o limitou (Jo 11:25). A Ressurreição de Jesus de Nazaré é uma demonstração majestosa do Poder de Deus que pode salvar a todos. A Ressurreição é a consumação e o restabelecimento do Pacto. Sem a Ressurreição simplesmente não haveria redenção, pois a Ressurreição consuma a redenção (Rm 8:23). A Ressurreição de Jesus é poder na vida do crente. É por meio da Ressurreição de Cristo que Deus da vitória para o crente nesta vida (Rm 6.4,5). A conversão introduz 2 novas realidades na vida do crente, uma de morte e outra de vida. O crente é unido na morte e na Ressurreição de Cristo, assim morre para o pecado, e ressuscita juntamente com Cristo para uma vida totalmente nova (Rm 6.11). A partir da Ressurreição de Jesus de Nazaré o crente é elevado a uma nova posição (Ef. 1:17-23). A ressurreição de Cristo garante que todos os crentes ressuscitarão (ICo 15.42-52). A ressurreição nos traz paz com Deus (Rm 4.25; 5.1). vivamos Sua Ressurreição. Soli Deo Gloria.
Rev. Leandro Oliveira

sexta-feira, 29 de março de 2013

Te louvamos, ó Deus!


Nós te louvamos, ó Deus, pela promessa do Servo Sofredor; pela concepção sobrenatural de Jesus; pelo Verbo que se fez carne; pela chegada do Deus conosco.

Nós te louvamos, ó Deus, tanto pela humanidade como pela divindade de Jesus; por sua simplicidade; por suas palavras; por suas curas; por suas interferências abençoadoras; pelas ressurreições da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim e do irmão de Maria e Marta.

Nós te louvamos porque ele não constrangeu o Pai a tirar de sua mão o cálice da morte e não desceu espetacularmente da cruz.

Nós te louvamos, ó Deus, porque o sacrifício de Jesus na cruz foi salvífico; porque ali, naquela sexta-feira, ele perdoou todos os nossos pecados e acabou definitivamente com a dívida que tínhamos contigo, pregando-a na cruz. Nós te agradecemos porque houve um tremendo sinal no céu do meio-dia até as três horas da tarde, quando ele inclinou a cabeça e morreu. Nós te louvamos porque aquela cortina que separava o absolutamente santo do absolutamente profano rompeu-se de alto a baixo no momento exato em que Jesus entregou o seu espírito em tuas mãos.

Nós te louvamos, ó Deus, porque aquelas mulheres da Galileia tiveram de levar de volta para casa os perfumes e óleos que passariam no corpo de Jesus. Nós te louvamos porque o túmulo estava vazio e porque, naquele mesmo primeiro dia da semana e primeiro dia de salvação consumada, Jesus apareceu aos discípulos em diferentes horários e lugares. Nós te louvamos por sua ascensão aos céus com as mãos abençoadoras levantadas.

Nós te louvamos, ó Deus, porque aquele que nasceu numa estrebaria, que não tinha onde reclinar a cabeça nem carregava duas dracmas na bolsa para pagar o imposto do templo está assentado à tua direita, colocando sob seus pés, progressivamente, todos os poderes hostis à tua glória e à glória de teu povo, inclusive e, por último, a morte, o mais humilhante de todos.

Nós te louvamos, ó Deus, pela volta de Jesus em poder e glória; pela ressurreição dos mortos e súbita transformação dos vivos; pela bem-sucedida separação do trigo e do joio; pelo louvor universal; pelo juízo final; pelos novos céus e nova terra; pela plenitude da salvação.

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A Editora Ultimato louva a Deus por Jesus Cristo e seu amor sacrificial por todos nós. A Páscoa é um memorial deste amor e do poder de Cristo sobre a morte. Compartilhamos esta oração de louvor com nossos leitores e clientes.

sábado, 16 de março de 2013

A contribuição cristã é a graça a nós concedida


A contribuição cristã é bíblica. Não precisamos ter constrangimento em tratar do assunto. Infelizmente, muitos líderes religiosos, movidos pela ganância e regidos por uma falsa teologia, exploram o povo em nome de Deus, usando mecanismos nada ortodoxos, para vender seus produtos, criados na fábrica do misticismo, para auferirem lucro em nome da fé. Esses desvios da sã doutrina e da ética cristã, que trazem enriquecimento para uns e vergonha para todos, têm levado muitos crentes a serem refratários com respeito à mordomia dos bens. O extremo de uns, entretanto, não pode nos levar para outro polo. Devemos cingir nossa fé e nossa conduta apenas pela Palavra de Deus.

Com respeito à contribuição cristã, precisamos observar duas coisas: 

Em primeiro lugar, os dízimos. A entrega fiel de dez por cento de tudo quanto ganhamos para o sustento da obra de Deus é um ensino presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. Não temos o direito de subestimar os dízimos nem de subtraí-los. Não compete a nós administrá-los. Devemos entregá-los com integralidade, alegria e gratidão para a manutenção da Casa e Deus e a expansão do seu reino.
Em segundo lugar, as ofertas. O apóstolo Paulo, na segunda epístola aos coríntios, trata dessa matéria de forma esplêndida. Ali nos oferece alguns princípios que vamos, aqui, destacar: 
Primeiro, a oferta é graça mais do que obrigação (2Co 8.1). Graça é um favor imerecido. É Deus quem nos dá o privilégio de assistirmos os santos, socorrermos os necessitados e sermos seus cooperadores no avanço de sua obra. 

Segundo, a oferta não é resultado da abundância do que temos no bolso, mas da generosidade do nosso coração (2Co 8.2). As igrejas da Macedônia, mesmo passando por muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e mesmo suportando profunda pobreza, superabundaram em grande riqueza de generosidade, ao contribuírem para os pobres da Judeia. A contribuição cristã é um privilégio e não um peso. Deve ser feita com alegria e não com pesar.

Terceiro, a oferta deve ser voluntária e proporcional (2Co 8.3,4). Contribuir por coação ou constrangimento não tem valor aos olhos de Deus. A contribuição deve ser espontânea, e também, proporcional. Os crentes da Macedônia ofertaram na medida de suas posses e mesmo acima delas. A contribuição não é para trazer sobrecarga para uns e alívio para outros, mas para que haja igualdade. Para usar uma linguagem bíblica, "o que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta". 

Quarto, a oferta é uma dádiva da vida, mais do que de valores financeiros (2Co 8.5). É fácil entregar uma oferta financeira a uma pessoa necessitada, sem entregar com ela o coração. Os macedônios deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois fizeram a oferta aos pobres da Judeia. Antes de trazer nossa oferta, precisamos trazer nossa vida. Primeiro Deus aceita o ofertante, depois recebe a oferta. 

Quinto, a oferta é uma semeadura recompensada por Deus com farturosa colheita (2Co 9.6). Quando ofertamos para atender à necessidade dos santos, estamos fazendo uma semeadura. Quem semeia pouco, colhe pouco; quem semeia com fartura, com abundância ceifará. O bem que fazemos aos outros vem sobre nós mesmos e isso da parte do Senhor. Quem dá ao pobre, a Deus empresta. A alma generosa prosperará. A semente que se multiplica não é a que comemos, mas a que semeamos. É Deus quem nos dá semente para semear. É Deus quem supre e aumenta a nossa sementeira. É Deus quem multiplica os frutos da nossa justiça. É Deus quem nos enriquece em tudo, para agirmos com toda generosidade, a fim de que sejam tributadas a ele, as ações de graças. Quando socorremos os santos, isso não apenas supre as necessidades deles, mas também, redunda em ações de graças a Deus. Que Deus nos mova à generosidade e nos faça mordomos fiéis na administração dos bens a nós confiados!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Por uma igreja mundana


“Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele.” (Jo 3. 17).
 
Confesso que eu sonho com o dia em que a Igreja Evangélica Brasileira será uma igreja “mundana”. Não vejo o momento em que esse dia chegue. Evidentemente que não estou ansioso por ver uma Igreja secularizada e mundana no sentido de ser uma comunidade dessacralizada, imoral e apóstata. Não estou falando sobre a presença do mundo, como sistema de valores e de vida antagônicos ao projeto do Reino de Deus na Igreja. Mas falo de uma Igreja presente, atuante e transformadora do mundo e suas complexas realidades. 
 
A tradição protestante tem três maneiras básicas de entender a missão e a presença da igreja na história. A primeira delas, claro, é a Luterana. Para as igrejas oriundas da Reforma de Martinho Lutero, os reinos da graça e da espada, isto é, os domínios da Igreja e do Estado são radicalmente separados. Caminham juntos, lado a lado, mas estão separados como duas paralelas rumo ao infinito. Caminham para a mesma direção, estão debaixo do mesmo senhorio, o de Cristo, mas jamais se tocam. É a tão propalada e confundida separação entre Igreja e Estado. Neste contexto a Igreja não abre mão de sua missão profética de denunciar a injustiça e a iniquidade, mas, pouco faz para inserir-se no processo de transformação da realidade. 
 
A outra tradição protestante é a anabatista. Este grupo via não só a separação, mas, sobretudo o isolamento da Igreja em questões de política, economia, cultura e etc. Formaram verdadeiros guetos cristãos completamente alheios aos dramas e às demandas do mundo. Não só a alienação, mas também houve dentro dos anabatistas movimentos de resistência e não cooperação ou conformismo com o status quo, e como projeto alternativo ao mundo, apresentavam a própria comunidade de fé como o arquétipo de justiça e equidade. 
 
A terceira tradição é a Reformada ou Calvinista. Nesta concepção bíblica da fé cristã, a Graça deve misturar-se à Natureza para transformá-la a partir de dentro. Não uma Graça ao lado da Natureza para cooperar com ela, como no caso dos luteranos, nem uma Graça sobre a Natureza como os anabatistas, indiferentes aos rumos da vida, mas uma Graça interpenetrada à Natureza para elevá-la, purificá-la, socorrê-la, e dar novo dinamismo. Nesta concepção a Igreja não assume as funções próprias do Estado e nem se deixa dominar por ele, todavia, a comunidade de fé não se vê alheia das vicissitudes da vida social, política e econômica. Sua missão não se reduz à transmissão da fé e ao discurso religioso. Antes, à luz das Escrituras, treina os seus filhos para assumirem sua responsabilidade social no mundo. Não espera que o Estado faça todas as coisas pura e simplesmente. Não espera que surja uma consciência social naturalmente entre os homens de boa vontade constrangidos pela graça comum. 
 
Neste contexto a Igreja é pró-ativa. Incita seus filhos a se inserirem com o testemunho e o fermento do evangelho nas estruturas e fóruns do mundo onde as coisas acontecem, a fim de exercerem com plenitude sua condição de embaixadores do Reino, mordomos da criação e despenseiros da graça. Ali, se misturam aos outros homens para iluminá-los pelo testemunho do Evangelho vivendo uma ética de solidariedade, uma moral de princípios e atitudes que visem a edificação e a construção de uma sociedade mais justa, mais humanizada e mais solidária. 
 
Neste sentido uma igreja mundana é uma igreja misturada no mundo onde estão os grandes interesses de Deus, pois é lá que se acham não só os “perdidos” que precisam ouvir a mensagem do Evangelho, mas também é onde o inimigo atua com eficiência engendrando o veneno da corrupção política, o clientelismo, as políticas públicas que atentam contra a sacralidade da vida e a santidade da família, a manutenção da pobreza endêmica que só faz a manutenção perversa de currais eleitorais e a criação e a divulgação da arte e da cultura que disseminam a degradação humana e a desintegração da verdade, do bom e do belo. 
 
A vocação da Igreja é celeste, é escatológica, é a glória. Sua missão, porém, é o mundo concreto dos homens e mulheres, em meio aos seus dramas e conquistas, exercendo o ministério da reconciliação entre as luzes e as sombras, as dores e esperanças do século 21.
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Rev. Luiz Fernando dos Santos é pastor-mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP).