Por John Bunnyan em “O Peregrino”
Por este caminho, portanto, corria o sobrecarregado Cristão, mas não sem grandes dificuldades, por causa do fardo às costas. Correu assim até alcançar um local íngreme, no alto do qual erguia-se uma cruz, e pouco abaixo, no vale, um sepulcro.
Vi no meu sonho que assim que Cristão chegou à cruz, seu fardo, afrouxando, escorregou pelos seus ombros, caiu-lhe das costas e, tombando, foi descendo até a entrada do sepulcro, onde caiu, e não mais o enxerguei. Então ficou Cristão alegre e aliviado, e disse de coração exultante:
- Ele me deu repouso, pela Sua angústia, e pela vida, e pela morte.
E ali permaneceu algum tempo, olhando e admirando-se, pois ficara muito surpreso ao perceber que a visão da cruz o aliviara assim do seu fardo. Olhou portanto, e olhou novamente, até que as fontes da sua cabeça manassem água, que lhe escorria pelo rosto.
Então Cristão a olhar e chorar, eis que três Seres Resplandecentes se aproximaram dele, e o saudaram dizendo: “A paz seja contigo”. E o Primeiro lhe disse: “Os teus pecados estão perdoados” (Mc 2.5). O Segundo o despiu dos farrapos e o vestiu com nova muda de roupas (Zc 3.3-5). O Terceiro ainda gravou-lhe um sinal na testa, deu-lhe um rolo com um selo e mandou Cristão observá-lo durante o caminho, devendo entregá-lo no Portão Celestial.
Os Três então partiram. Cristão deu três saltos de alegria, e seguiu cantando:
Sobrecarregado de pecados até aqui vim
Nem pude aliviar o pesar, pesar sem fim,
Que até aqui trazia. Ah, lugar ditoso!
Início será de viver venturoso?
Será que aqui o fardo das costas me cairá?
Aqui a amarra que a mim o presente romperá?
Bendita cruz! Bendito sepulcro! Seja exaltado
O Homem que por mim foi humilhado.
Texto retirado do livro “Por que sou cristão”, John Stott, Editora Ultimato
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