"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



terça-feira, 5 de julho de 2011

O maior de todos os convites

Por John Stott

Todos nós gostamos de receber convites, seja para um jantar, uma festa, um concerto ou um casamento. Na cultura britânica, geralmente vem impressa em um dos cantos inferiores do convite (em francês) a sigla RSVP (Réspondez s’il vous plait), que quer dizer: “favor responder”.

Nem todo mundo sabe disso, no entanto. Lembro-me de um casal que havia fugido da Europa Oriental antes da Segunda Guerra Mundial e encontrado asilo no Reino Unido. Eles tinham um conhecimento bem limitado da cultura ocidental. Quando receberam um convite de casamento que trazia impressa a sigla RSVP, ficaram confusos. “Mulher” – disse o marido carregado no sotaque – “o que significa RSVP? Eu não tenho idéia”. De repente, depois de uma longa reflexão, veio a inspiração: “Mulher” – disse ele – “eu sei o que isso quer dizer: Rogamos a Vossa Senhoria um Presente!

O casal pensou que fosse uma ordem, quando na verdade tratava-se de um convite. Muitas pessoas cometem o mesmo erro hoje em relação a Jesus Cristo e ao evangelho. Não se dão conta de que o evangelho é um convite, gratuito, na verdade o maior convite que qualquer pessoa jamais poderia receber. Eis a sua essência: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). [...]

Esse apelo (“Venham a Mim”) é a parte mais conhecida da passagem. Porém ele está ligado em um parágrafo de seis versos, que precisam ser preservados juntos. Eles contém dois convites endereçados a nós, precedidos de duas afirmações que Jesus fez sobre si mesmo. E nós não estamos em posição de responder aos convites até que consideremos e aceitemos as afirmações de Jesus. Ele disse:

“Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar. Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11.25-30) [...]

CONCLUSÃO: RSVP

Vimos as duas afirmações e os dois convites que Jesus fez e continua a fazer hoje. As afirmações são que somente Ele pode revelar Deus e que Ele o faz somente aos “pequeninos”, enquanto que os dois convites são para que nos acheguemos a Ele e tomemos o seu jugo.

Mas notamos que, embora os dois convites sejam diferentes, a promessa vinculada a eles é precisamente a mesma. Aos que vêm a Jesus, Ele diz: “eu lhes darei descanso”, e aos que tomam o Seu jugo Ele promete que “encontrarão descanso para as suas almas”.

Todo mundo procura e anseia por descanso, paz e liberdade. Jesus nos diz onde podemos encontrar tudo isso – no deixarmos o fardo junto à cruz e submeter-nos à Sua autoridade instrutora. De fato, encontramos a liberdade quando deixamos o nosso fardo, mas não quando descartamos Cristo. Estamos de volta ao grande paradoxo da vida cristã. É sob o jugo de Cristo que encontramos descanso, e é no Seu serviço que encontramos a nós mesmos, e é quando morremos para a nossa autocentralidade que começamos a viver.

Assim, por que sou cristão? Ficou claro que não há uma razão preponderante, mas um conjunto de razões interligadas. Algumas tem a ver com o próprio Jesus Cristo – Suas extraordinárias afirmações sobre Si mesmo, as quais não posso explicar; Seu sofrimento e Sua morte, que lançam luz sobre o problema do sofrimento; e Sua incansável busca por mim, em que Ele não permitiria escapar dEle. Outras dizem respeito mais a mim do que a Jesus: Ele me ajuda a compreender-me no paradoxo de minha humanidade e a encontrar a realização de minhas aspirações humanas básicas. Ainda outras dizem respeito à necessidade de uma decisão, uma vez que Ele nos convida a virmos a Ele para encontrarmos liberdade e descanso.

Resumindo: aquele que afirma ser o Filho de Deus e o Salvador e juiz da humanidade Se coloca agora diante de nós oferecendo realização, liberdade e descanso, se tão-somente virmos a Ele. Tamanho convite de uma pessoa assim não pode se rejeitado. Jesus espera pacientemente pela nossa resposta. RSVP!

Foi a muitos anos que dei minha resposta a Cristo, ajoelhando-me ao lado de minha cama em um dormitório escolar. Não me arrependi. Tenho experimentado o que Lord Reith, o primeiro diretor-geral da BBC, certa vez chamou de “o mistério e a magia do Cristo que mora em mim”.

Pergunto se você, meu caro leitor, está pronto a dar o mesmo passo. se estiver, talvez queira retirar-se sozinho par algum lugar e repetir esta oração, tornando-a sua oração:

UMA ORAÇÃO  

Senhor Jesus Cristo,
Estou ciente de que, de diferentes maneiras, tens me buscado.
Eu escutei-Te batendo à minha porta.
Eu creio –
Que Tuas afirmações são verdadeiras;
Que morreste na cruz por meus pecados,
E que ressuscitaste em triunfo sobre a morte.
Obrigado por Tua oferta amorosa de perdão, liberdade e realização.
Agora –
Abandono minha autocentralidade pecaminosa.
Venho a Ti como meu Salvador.
Submeto-me a Ti como meu Senhor.
Dá-me forças para seguir-Te pelo resto de minha vida.
Amém.  

Texto retirado do livro “Por que sou cristão”, John Stott, Editora Ultimato

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