"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 11 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Dá-nos o pão de cada dia (4ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrtasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.


“Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário.” Provérbios 30.8


Na segunda metade da oração do Pai-Nosso, o adjetivo possessivo muda de tu para nós; nos voltamos para questões relacionadas a Deus para as que dizem respeito a nós. Tendo expressado nosso interesse ardente pela glória de Deus, expressamos agora nossa humilde dependência de sua graça. Embora as nossas necessidades pessoais tenham sido relegadas a segundo plano, elas não foram eliminadas. Evitar mencioná-las por não querermos incomodar a Deus com tais trivialidades é um grande erro; tanto quanto permitir que elas dominem as nossas orações. 


Alguns comentaristas antigos não conseguiam crer que Jesus desejasse que o nosso primeiro pedido fosse pelo pão literal. Parecia inadequado a eles. Assim, eles tornaram a petição em uma alegoria. Pais da igreja, como Tertuliano, Cipriano e Agostinho pensaram que a referência fosse ao pão invisível ou à Palavra de Deus (Agostinho), ou ao pão sacramental da santa ceia. Deveríamos ser gratos pelo entendimento mais abrangente e prático dos reformadores. Calvino chamou a espiritualização dos pais da igreja de “imensamente absurda”. Lutero escreveu que o pão era um sinônimo de “tudo o que era necessário para a preservação da desta vida, como o alimento, o corpo saudável, o clima agradável, a casa, o lar, a esposa, os filhos, os bons governos e a paz”.

A oração para que Deus nos dê essas coisas não nega, é claro, que a maioria das pessoas tenha de ganhar o seu sustento ou que sejamos conclamados a alimentar os famintos. Ao contrário, ela é uma expressão de nossa extrema dependência de Deus, que normalmente usa meios humanos de produção e de distribuição através dos quais realiza os seus propósitos. Além disso, parece que Jesus queria que seus seguidores estivessem conscientes de uma dependência diária. O adjetivo grego epiousios em “o pão nosso de cada dia” era totalmente desconhecido dos antigos, tanto que Orígenes pensou que os evangelistas o tivessem cunhado. Quer ele signifique “para o dia presente” ou “para o dia seguinte”, trata-se de uma oração pelo futuro imediato. Devemos viver um dia de cada vez. Dar graças antes das refeições é reconhecer isso. E trata-se de um valioso hábito cristão.

Para saber mais: Deuteronômio 26.1-11    


  


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