"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - A oração pagã (1ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.


“E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos” Mateus 6.7.

O verbo grego battalogeo é traduzido em várias situações como “usar vãs repetições”, “amontoar frases vazias” e “ficar balbuciando”. Ele não aparece em nenhum outro lugar, e ninguém sabe ao certo o que significa. Alguns estudiosos pensam que ele se originou de um rei Batos, que era gago; ou de outro Batos, que eta autor de poemas enfadonhos e prolixos. Acima de tudo, no entanto, ele é uma expressão onomatopeica, o som da palavra indicando seu significado. Assim como battarizo significa “gaguejar”, e barbaros era “bárbaro”, cuja língua os gregos não conseguiam entender, battalogeo poderia simplesmente significar “tagarelar”.

O que então Jesus estaria proibindo na oração? Não toda repetição, uma vez que ele mesmo, no Getsêmani, orou por várias vezes dizendo a mesma coisa. O que Ele condenou foram todas as orações que consistem em palavras sem significado. Isso por certo incluiria orações repetitivas e orações espalhafatosas, bem como a repetição inconsciente de um mantra na meditação transcendental. Na realidade, Maharishi Mahesh Yogi[i] expressou arrependimento por sua escolha enganosa da palavra meditação, uma  vez que a verdadeira meditação sempre envolve o uso consciente da mente. A proibição de Cristo também incluiria o uso do rosário, a menos que as contas auxiliem o pensamento, em vez de prescindir dele.

E quanto às forma litúrgicas de oração? Os anglicanos seriam culpados de battalogia? Sim, sem dúvida, alguns de nós o somos, se a nossa mente simplesmente vagar. Muitos de nós, no entanto, achamos que o uso de formas estabelecidas auxilia a concentração.

Para resumir, o que Jesus proíbe seu povo de fazer é qualquer tipo de oração com a boca quando a mente não está engajada. Os pagãos lançam mão da oração porque pensam que, quanto mais falam, mais, provavelmente, serão ouvidos. Que noção inacreditável! Que tipo de Deus é esse que fica impressionado com os mecanismos e as estatísticas da oração? “Não sejam iguais a eles”, disse Jesus (v.8).

Para saber mais: Mateus 6.5-8   
  
________
 [i]Guru indiano, criador da meditação transcendental. (N.T.)



Nenhum comentário:

Postar um comentário