"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 15 de junho de 2012

A sociedade pede e a igreja atende


A sociedade permissiva não gosta de normas nem limites. Ela deseja plena liberdade para pensar como quiser e fazer tudo o eu quiser. É um comportamento histórico. Começa no início da história humana, quando o único limite imposto pelo Criador – “Você Poderá comer as frutas de qualquer árvore do jardim, menos da árvore que dá o conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.16) – não é levado a sério.

Deus sempre levanta homens e mulheres para preservar o ser humano do mau uso da liberdade, para lembrar-lhe das normas protetoras de sua segurança e felicidade. Esse vocacionados são considerados incômodos, desnecessários e intrometidos. Não poucas vezes são caluniados, desprezados e perseguidos, quando não silenciados pelo martírio. Essa é a história do profetismo.

Um exemplo notável dessa resistência está no livro de Isaías, que viveu e ministrou 750 anos antes de Cristo. O povo rebelde não quer ser incomodado nem atravancado pelos profetas. Então lhes dizem com toda falta de educação: “Não nos anunciem a verdade; inventem coisas que nos agradem. Dêem o fora! Parem de nos amolar!”.

Eles preferem a ficção ao fato, a mentira à verdade, a ausência à presença dos profetas. Isaías não se deixa intimidade e retruca, transmitindo o recado de Deus: “Vocês rejeitam a minha mensagem e põem a sua confiança e a sua fé na violência e na mentira. Portanto, esse pecado vai trazer a ruína para vocês; ela será como uma brecha que vai se abrindo num muro alto; de repente, o muro desmorona e cai no chão” (Is 30.8-13).

A sociedade pós-moderna se porta do mesmo jeito e diz assim:
Não nos falem de Deus;
Não mencionem a palavra pecado, muito menos a palavra culpa;
Não condenem o consumismo, pois sem ele ninguém se realiza, ninguém se satisfaz e as rodas do comércio e do progresso param;
Não venham com essa história de que o casamento dura para sempre e que é só entre um homem e uma mulher. Por que não poderia ser entre um homem e outro homem, uma mulher e outra mulher?
Não nos incomodem com a questão do aborto; cada mulher tem o direito de não levar adiante uma gravidez indesejada;
Não digam essas bobagens sobre o sexo pré-conjugal, sexo extraconjugal e sexo conjugal. Vocês estão criando pessoas neuróticas. O sexo é um só, independente do casamento, de promessas, de alianças e de registro em cartório;
Não dificultem a pedofilia e acabem com esta restrição do sexo com adolescentes e com crianças. O que faz mal à criança não é o nosso interesse por ela, mas o escândalo que vocês fazem;
Se vocês querem o nosso assentimento, inventem coisas que nos agradem. Deixem-nos sem senso de culpa, sem remorso, sem a necessidade da humilhação que o arrependimento produz. Temos uma doutrina, a doutrina do foro íntimo. Ele nos é suficiente. Não precisamos de ninguém para nos dizer o que é certo ou errado. Não somos crianças. A nossa consciência nos basta, não precisa da intervenção de vocês. Soltem nossas rédeas, deixem-nos em paz, deixem que todas as coisas fiquem como estão agora.

Para falar a verdade, fechem as igrejas, queimem suas Bíblias, destruam os seus púlpitos e aposentem os seus ministros!     
                    
Não nos amedrontem com a velha história de que estamos abrindo uma brecha em um muro alto e que, por causa dela, o muro vai desmoronar. Mesmo que tal aconteça, preferimos isso a perder nossa liberdade de fazer tudo o que nos “der na telha”!

Por não suportarem a pressão, teólogos e pregadores estão tendendo ao clamor das multidões. Quando não se omitem, pregam outro evangelho. Eles são corresposáveis pela brecha cada vez maior que provocará a queda do muro de proteção da verdadeira felicidade!

Revista Ultimato, MAIO-JUNHO 2012, N° 336, Abertura
   

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