"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 18 de maio de 2012

O crepúsculo desta era


Avassalador. Essa é a melhor definição para algo que o apóstolo Paulo escreve em sua primeira carta aos Coríntios, após uma passagem fascinante sobre o sexo e o casamento. Veja:

O que quero dizer é que o tempo é pouco. De agora em diante, aqueles que têm esposa, vivam como se não tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; os que estão felizes, como se não estivessem; os que compram algo, como se nada possuíssem; os que usam as coisas do mundo, como se não as usassem; porque a forma presente deste mundo está passando. (1 Co 7.29-31)

O que isso quer dizer? Que devemos desprezar a nossa esposa? Devemos fazer de conta que não estamos chorando, quando estamos? E por quê? Por que viver contra a nossa natureza? É isso mesmo?

Não, Paulo não estava nos instruindo a negar os nossos votos, nem tampouco a ignorar os nossos reais sentimentos. Ele nos chamou para viver com algo em mente. Esse algo vou chamar de “o crepúsculo desta era”.

Explico: Deus criou este mundo; céus e terra os criou. Tudo que Ele criou viu que era bom. Criou homem e mulher. Viu que Sua criação era boa. Isso quer dizer que o que Ele criou servia perfeitamente para cumprir o propósito para o qual criou. Mas o homem contrariou a sua natureza. Sim, porque o homem foi criado para ter comunhão com Deus, vivendo em obediência e paz. Só que desprezou essa comunhão e, ao fazê-lo, submeteu tudo à inutilidade. Sim, até a natureza foi submetida à corrupção. Por isso mesmo Paulo disse que a natureza geme pela revelação dos filhos de Deus (Rm 8.19-21). Há uma esperança para este mundo, para toda a criação e para nós. Essa esperança é a volta de Cristo, quando a última etapa da sua obra será completa. Ele irá redimir todas as coisas e haverá novos céus e nova terra.

Essa obra começou com sua vinda. Pois em Adão o pecado entrou no mundo e, com ele, a morte. Mas com Cristo o Reino de Deus veio até nós. Quando ascendeu ao Pai, após ter completado sua obra na cruz, prometeu voltar e mandou que esperassem poder do alto, a vinda do consolador (ou conselheiro), o Espírito Santo. No dia de Pentecostes, um vento impetuoso encheu o lugar onde os discípulos estavam reunidos e o evento foi de tal magnitude que a cidade inteira saiu para ver o que estava acontecendo. Os 120 começaram a falar das grandezas de Deus em idiomas que não teriam como ter aprendido. Línguas de fogo apareceram sobre a cabeça deles. E então Pedro, o grande pescador e apóstolo, ficou de pé perante a multidão e anunciou: Isto é o que foi prometido pelo profeta Joel, que nos últimos dias derramarei do meu Espírito sobre toda a carne (At 2). A “vinda” do Espírito inaugurou os “últimos dias”. Ou seja, esta é a última etapa antes que venha uma era nova. Nesta era nova não haverá mais dor. Não haverá mais lágrimas. Não haverá mais guerra, doença, hipocrisia, vício, tentação, pecado, inimizade ou mazela sequer. Haverá “novos céus e nova terra” (2 Pe 3.13).

Cada vez que alguém é consolado pelo poder do Espírito, provamos do poder dessa era vindoura. Cada vez que alguém é curado ocorre a mesma coisa. Cada vez que o Espírito de Deus opera milagrosamente, vemos, como por uma fresta, um raio de luz de um tempo que está por vir. Hebreus fala sobre este lugar como não sendo nosso, mas temos uma cidade que está por vir (Hb 13.14). Aos que perseverarem até o fim, lhes será dado um lugar com Ele (Ap 2.7,17,26; 3.5,12,21).

Então, Paulo fala das nossas “leves e momentâneas aflições”, dos sofrimentos atuais que não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada (Rm 8.18). Tudo o que temos neste mundo é apenas uma sombra do que haverá na era vindoura. Se houver alegria, é pouca, comparada com o júbilo do que está por vir. Se houver tristeza, não é nada comparado à glória. Um segundo com Cristo na era que está por vir fará com que nos esqueçamos de uma vida inteira de dores e tristezas, por mais angustiantes que sejam.

A era atual está se apagando. É isso o que Paulo quis dizer. Este tempo em que vivemos é a junção entre o que é, mas está acabando, e o que é, mas virá plenamente na volta do nosso Senhor. Por isso, procure não ligar para as dores, mas deposite sua esperança naquilo que vem do alto e que um dia você verá na sua plenitude. Não perca esperança em meio às lágrimas que encharcam o seu travesseiro. Um dia, toda lágrima secará. Deus transformará o nosso pranto em riso. As árvores baterão palmas. Os montes irromperão em canção e não haverá mais guerra. Que dia glorioso será quando Jesus voltar! Que alegria nos espera!

Não vamos fazer de conta que não choramos. Choramos sim. Bem-aventurados os que choram. Não vamos fazer de conta que não somos perseguidos e caluniados. Bem-aventurados os que são pela causa de Cristo. Mas não deixemos que isso nos defina. O que me define, o que me dá razão de viver, não é nem o meu casamento nem qualquer outra coisa, por mais preciosa que seja. O que me define é o Nosso Grande Amor: o Rei dos Reis, o Pai da Eternidade, o Salvador e Senhor Jesus Cristo – que um dia voltará para nos buscar.

Na paz,
+W

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