"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E viveram e reinaram com Cristo durante mil anos

"Bem–aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos." Apocalipse 20:6

[...] E viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Ao longo das linhas deste comentário a ideia de um milênio não literal é apresentada como uma hipótese e não como uma doutrina, muito menos como um dogma. Nesse caso quem são os companheiros de Cristo no seu ofício atual de reinar?

Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. 1 Co 15.25.

Para efeitos didáticos vamos dividir essas pessoas em dois grupos: a) as almas de todos os que morreram “em Cristo”, a exemplo de Lázaro e do ladrão da Cruz; notemos que João viu apenas as almas e não as pessoas na sua integridade corpo e alma. b) os seguidores de Cristo que estão vivos, porque o texto os reúne ao grupo de bem-aventurados por haverem ressuscitado na ocasião de sua conversão. Não se pode ignorar que a conversão de uma pessoa agora configura uma ressurreição pois estávamos todos mortos em nossos delitos e pecados. Essa é uma doutrina que assoma em todo o Novo Testamento. Também é fato que a nossa ligação íntima com Cristo na presente dispensação nos leva a uma participação, mesmo que inconsciente, no reinado atual dele.

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo...Cl 3.1.

e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo...e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Ef 2.5-6.

Scofield nos lembra que o crente é um ser celestial, sendo, por isso, um estrangeiro, um peregrino nesta terra.

Quando uma pessoa se converte a Cristo passa a integrar o grupo da primeira ressurreição, independente de estar, neste momento, fisicamente morta ou viva. Está inteiramente livre do poder da segunda morte, que é a eterna, e, por isso, é considerada bem-aventurada.

W. Hendriksen, em seu “Comentário de Efésios e Filipenses”, Cultura Cristã, p.141, conclui:

Portanto, no que diz respeito tanto ao estado quanto à condição, podemos dizer que com Cristo Jesus fomos condenados, crucificados, sepultados (Cl 2.12), mas também fomos vivificados, redivivos, e assentados nos lugares celestiais (Cl 2.13; 3.1-3). Certamente que existe o fator tempo. Não recebemos essa glória em plena medida, de uma só vez. Mas o direito de recebê-la já nos foi assegurado, e a nova vida já começou. Mesmo agora nossa vida “está oculta com Cristo em Deus”.

John Stott, também comentando Efésios, ABU, p.54 assim se expressou:
  
“Em virtude da sua união com Cristo, realmente compartilharam da sua ressurreição, ascensão e exaltação. Nos lugares celestiais, o mundo invisível da realidade espiritual, em que os principados e as potestades operam (3:10; 6:12) e em Cristo reina supremo (1:20), é que Deus abençoou o seu povo em Cristo (1:3), e é onde ele os fez assentar com Cristo (2:6). Se, pois, estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais, não pode haver dúvida sobre o que estamos sentados: em tronos! Além disso, esta conversa da nossa identificação com Cristo na sua ressurreição e exaltação não é um item de misticismo cristão sem sentido. É o testemunho a uma experiência viva, de que Cristo nos deu, por um lado, uma vida nova (com uma consciência sensível da realidade de Deus e um amor por ele e pelo seu povo) e, por outro, uma vida de vitória (com o mal cada vez mais debaixo dos nossos pés). Estávamos mortos, mas fomos tornados espiritualmente vivos e alertas. Estávamos no cativeiro, mas fomos entronizados.”

O verso 6 não menciona uma segunda ressurreição mas ela existe, pela menção que o texto faz à primeira. Eu o ressuscitarei no último dia, assegurou-nos Jesus. A segunda ressurreição é a que ocorrerá por ocasião da 2ª vinda, quando Cristo arrebatará a sua Igreja, ressuscitando primeiro os mortos “em Cristo”, reunificando em definitivo seus corpos com suas almas. Em seguida os que estivermos vivos seremos transformados em corpos glorificados semelhantes ao dele. Os indivíduos perdidos não participam dessa segunda ressurreição porque não passaram pela primeira. Eles estão mortos em seus delitos e pecados e continuarão neste estado até a ressurreição do Trono Branco, que, para eles, é a primeira e única. Caminharão para a segunda morte, a morte eterna.

O verso 6 termina asseverando que os da primeira ressurreição serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos. Portanto nós os convertidos e as almas dos convertidos mortos estamos todos como sacerdotes participando dessa tarefa, até que os inimigos de Cristo sejam colocados debaixo de seus pés. 1 Co 15.24-28.

Essa parte do reinado de Cristo com seus seguidores é sobre a história do universo corrompido até o seu final. Com os Novos Céus e a Nova Terra o reinado continuará, por toda a eternidade, sobre a nova criação. [...]

Parte do comentário homilético sobre o Apocalipse


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