"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quando uma igreja é saudável

Jesus, ao estabelecer sua igreja neste planeta, não pensou em mero agrupamento de pessoas com certas afinidades, mas criou uma comunidade marcada pelo poder do Espírito Santo. Escolheu, inclusive, o Dia de Pentecostes para inaugurá-la, historicamente, em Jerusalém e desse modo revestiu a igreja de autoridade e a enviou ao mundo, para proclamar o Evangelho da Redenção (Mt 28.18-20).

Foi assim, também, que o Senhor Jesus, o Cristo Ressurreto se revelou a um grupo de discípulos amedrontados em uma casa de portas trancadas e lhes disse: “Assim como o Pai me enviou eu também vos envio” (Jo 20.21). Ele já havia dito: “Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Nem o próprio inferno resistiria ao seu poder. Somos parte dessa igreja, você e eu, com o imenso privilégio de sermos escolhidos pelo Senhor e o grande desafio de sermos fiéis e obedientes a Ele.

O apóstolo Paulo a apresenta como um corpo sadio, cujos membros, a despeito das diferenças e com formações diversas, experimentam a unidade do Espírito vivendo em comunhão uns com os outros (Rm 12.4 e 5). Em 1 Co 12.25 Paulo recomenda que não haja divisão no corpo, pelo contrário, cooperem os membros uns com os outros. Isso significa que a igreja, em sua expressão local e universal é moldada pelo Espírito para ser um corpo saudável, cujos membros são solidários no sofrimento, na dor, nas aflições, na angústia, também na alegria, na honra e nas vitórias. Esta é a igreja saudável, quando os irmãos se dispõem a levar as cargas uns dos outros, obedecendo à lei de Cristo (Gl 6.1,2).

A igreja é saudável, também, quando há confissão e cura, pelo perdão dos pecados entre os irmãos. Pecados não perdoados, ressentimentos escondidos no fundo da alma, feridas interiores mal curadas têm-se transformado em neuroses para muitas pessoas que jamais encontrarão saúde espiritual e emocional a não ser pelo perdão de Deus, e do irmão ao irmão e ao próximo. Jesus nos ensinou a perdoar, perdoando do alto da cruz: “Pai, perdoa-lhes...” Jesus entendeu perfeitamente a extensão dessa enfermidade.

A saúde do corpo depende da saúde de seus membros. Quando um membro da igreja se encontra adoecido, toda a igreja sofre. A Igreja Primitiva era saudável, porque conforme a descrição de Atos 2 por Lucas, eles estavam comprometidos uns com os outros em suas dificuldades e fraquezas. Apesar das falhas que os caracterizavam como seres humanos, eram fiéis a Cristo e aos seus ensinos.

O grande problema de muitos membros da igreja de hoje é buscarem fidelidade às suas próprias convicções firmadas em sistemas doutrinários sem olhar para Cristo[1]. Uma igreja motivada por fidelidade a doutrinas acima da fidelidade a Cristo não é capaz de amar o irmão e o próximo nem terá estímulo para evangelização, perdendo a visão missionária tão enfaticamente mencionada tanto no Antigo como no Novo Testamento.

Os cristãos primitivos se alimentavam da Palavra, viviam em comunhão, partiam o pão de casa em casa e perseveravam na oração (At 2.42). Havia uma motivação basílar: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma” (At 4.32). Por isso tiveram muitos resultados: “Enquanto isso acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2. 47).

A Igreja adoecida não cresce porque não é bênção para os de dentro nem para os de fora . A igreja saudável cresce dia a dia para glorificar a Deus e para alegria dos fiéis, cumprindo fielmente o mandato do Senhor Jesus.


[1] Para refletir acerca dos acontecimentos últimos envolvendo assassinato e religião:
É evidente [...] que nossa religiosidade e até nossa fé devem ter um “parâmetro racional”, sob pena de tomarmos veneno para obedecer ao mandamento de desajustados líderes religiosos, mas não tão desajustados a ponto de ingerirem, eles próprios, o líquido letal [...]. A expressão paulina  nos convida a prestar um culto racional:  “apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso “culto Racional”. 

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