Seguir a Jesus tem dois sentidos básicos, podendo talvez ser resumidos na nossa relação com ele, Jesus como Salvador e Jesus como Senhor. Não há como segui-lo sem antes reconhecê-lo como Redentor. Essa é a primeira e imprescindível parada. Sem ela, é impossível seguir em frente.
Não se pode apenas “admirar” Jesus, ainda que ele seja admirável e exerça forte atração sobre as pessoas. John Stott adverte: “Como ele queria ser lembrado? Não por seu exemplo ou seu ensino, não por suas palavras ou obras, nem mesmo por seu corpo vivo ou pelo sangue que corria em suas veias, mas por seu corpo entregue e seu sangue derramado no sacrifício da cruz”.1
Admirá-lo e não aceitar o que ele diz sobre si próprio é um disparate. E ele declarou: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6), em um dos mais enfáticos “Eu Sou” que proferiu. Todo seguidor de Cristo deve possuir em sua biografia um “evento” divisor de águas – ocasião em que deixa de ser quem era e passa a ser um novo homem ou uma nova mulher, um seguidor do Caminho. Costumamos chamar esse evento de conversão, mas curiosamente a palavra conversão quase não aparece no Novo Testamento. Um dos poucos textos é este: “Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores” (Lc 5.32, Versão Católica). Mas uma leitura em busca de “viradas” mostra que, na maior parte dos relatos, as experiências são contadas a partir de um encontro com Jesus, seguido de um reconhecimento dele como o Filho de Deus e posterior seguimento. O assentimento primário é o encontro com o Redentor, em quem achamos o perdão para os pecados, marcando assim um novo começo: “Deus se reconciliou com o mundo por meio do Messias, permitindo um novo começo pela oferta de perdão dos pecados” (2Co 5.19, A Mensagem).
E há muitas formas de descrever esse novo começo: a entrada no Caminho que leva ao Pai; a satisfação da fome existencial e espiritual por meio do Pão da Vida (Jo 6.35); a saciedade da sede interior por meio da Água Viva; a entrada pela Porta das Ovelhas (Jo 10.7); o fim da escuridão pela aproximação da Luz do Mundo (Jo 8.12); a volta do filho rebelde à casa do Pai; o reconhecimento da voz do Bom Pastor pelas ovelhas que andavam errantes seguindo seu próprio caminho (Is 53.6; Jo 10.11).
Depois de termos chegado até a cruz de Cristo, estamos aptos para avançar e recebemos um novo desafio: tornarmo-nos como Cristo! E não há porque voltar atrás. Como declarou Pedro, “Senhor, para quem iremos? Só o Senhor tem as palavras de vida verdadeira, de vida eterna” (Jo 6.68).
Ó Deus, saber que Jesus – que é o nosso destino – é também o que vai adiante de nós, nosso acompanhante e nosso Caminho nos enche de esperança!
Nota1. A Bíblia toda, o ano todo; meditações diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa: Ultimato, 2007. p. 264.Fonte: [ Revista Ultimato edição 373 Setembro-Outubro 2018 ]
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