"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Reino de Deus como foco da oração




Na pastoral do último domingo afirmamos que a chave espiritual para que haja uma renovação espiritual do cristão, da família e da igreja é a oração que mantém seu foco nos valores do Reino de Deus. Vimos que, embora as situações e detalhes de renovo espiritual na história do povo de Deus diferem em cada contexto, à luz do livro de Juízes, o clamor do povo de Deus é um fator recorrente. Trata-se de um único fator universal, não negociável e sempre presente em todo avivamento. Esse elemento é a intensidade de oração comunitária e confiança no Senhor. O que caracteriza essa intensidade de oração? 
Antes de tudo, a oração que tem o Reino como referência caracteriza-se pelo foco na presença e na glória de Deus. Jack Miller (in memorian), pastor presbiteriano e professor de seminário, falou sobre a diferença entre reuniões de oração de manutenção e reuniões de oração de frente. Em seu conceito, oração de manutenção é pequena, mecânica e gira totalmente em torno das necessidades das pessoas presentes. Já a oração de frente tem três traços básicos: a) ela é um clamor à graça de Deus para a confissão de pecados e busca de humildade; b) ela é um clamor para a compaixão e o cuidado para o desenvolvimento da vida da igreja; c) ela é a expressão de um desejo de aprofundar o conhecimento de Deus, em busca da sua direção, vontade e glória. 
Quando observamos as orações por avivamento no livro de Atos, capítulo 4, Êxodo, capítulo 33, ou em Neemias, capítulo 1, encontramos esses três elementos da oração. Veja, por exemplo, em Atos 4, que os discípulos, que sofriam ameaças de morte, não pediram ajuda ou proteção para si mesmos, nem por seus familiares, mas somente para que permaneces sem firmes na missão de proclamar o evangelho. Quando esses elementos estão presentes em nossa oração, fica claro que o foco da oração é a glória de Deus. Deus sempre responde a esse tipo de oração. 
Outro aspecto importante da oração que se centraliza no Reino de Deus é que ela é voltada para a vida corporativa da igreja. No livro de Êxodo, capítulo 33, Moisés pede a Deus para que a Sua presença fosse realidade na vida do seu povo. Ele diz ao Senhor: “A tua presença é que mostrará que somos diferentes dos outros povos da terra” (v. 16 – NTLH). Qual foi o motivo dessa oração? Moisés queria que a presença de Deus distinguisse Israel das outras nações. Esta é uma oração de sentido comunitário e não individual. Trata-se da busca da presença de Deus para o coletivo e não para o individual. Esse tipo de oração é feita para que a glória e a beleza de Deus se tornem realidades visíveis dentro da comunidade do povo de Deus, sendo experimentadas por homens, mulheres e crianças. É uma oração que procura impactar as nações pela evidência do poder radiante de Deus na vida de uma comunidade e não somente em uma pessoa. Assim, esta presença na vida do povo de Deus seria um sinal do reino futuro do Senhor para todas as nações. Da mesma forma, em nossos dias, a igreja é conclamada a clamar pela presença de Deus em sua vida e assim ser sinal visível de um novo tempo, anunciando a eternidade do Reino de Cristo. 
Finalmente, a oração que enfoca o Reino de Deus é feita comunitariamente. Não se trata apenas de orações individuais. Não é simplesmente uma oração feita para a comunidade, mas em comunidade. Quanto mais olha mos para a história do povo de Deus, mais vemos que movimentos divinos de renovação acontecem associados a cristãos que oram juntos. Muitas vezes, o cristão costuma pensar acerca da oração como um meio para responder a necessidades pessoais, des­conhecendo a importância da oração em comunidade. É minha esperança que sejamos cada vez mais intensos e intencionais nesse caminho de oração a fim de experimentarmos juntos a renovação que acompanha esse tipo de ação na oração. 
            Concluo essa pastoral destacando a citação de George Otis, fundador e presidente de uma missão cristã dedicada a motivar a vida de oração na igreja, que diz: “Não é suficiente simplesmente desejar transformação, ou esperar que Deus vá inserir nossa comunidade em Seu itinerário de avivamento. Se transformação espiritual é para ser uma realidade em nossa vida, então a esperança deve dar es paço à fé e ao compromisso.” 
Isso é uma questão de fé, não de triunfalismo! O sentido da vida de oração é criar espaços internos e externos que procurem estimular em nós, a nossa sede por Deus.


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