Rev. Eurípedes da Conceição
Entre 06.08.2004 |
O ataque terrorista ao World Trade Center, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001, levou a sociedade americana a repensar seus conceitos de segurança e suas práticas religiosas. As igrejas evangélicas, até então vazias, passam a ter uma freqüência maior aos cultos e celebrações. Alguns voltam a ler os textos proféticos e estudar temas escatológicos. Aquilo que já havia perdido vigor e vigência volta a ser tema de reflexão trazendo de volta algumas perguntas que não eram mais feitas: “Onde está Deus?” “Por que Ele não elimina o mal de uma vez por todas?” “Estaria Ele apático diante do sofrimento humano?” Nos dias de Jesus havia grande expectativa por parte dos discípulos acerca da sua vinda, que representaria o fim das dores e sofrimentos. Razão porque eles nutriam uma ansiedade patológica de saber o dia exato do seu retorno. Mas aos discípulos ele disse não sabia o dia da sua vinda, exceto o Pai (Mt 24. 36). Apesar do mistério, Jesus deixa uma porta aberta para a investigação quando aponta alguns sinais a serem observados como anúncio virtual da proximidade do seu retorno: Os sinais dos tempos (Mt 16. 3). Intrigados, alguns discípulos vieram a Jesus e lhe perguntaram: “Quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação dos séculos?” Jesus começa a discorrer sobre “o principio das dores”, dando-lhes respostas acerca dos problemas daquela e da nossa época: “Vocês ouvirão falar em guerras e rumores de guerras, mas não se assustem porque é necessário que isso aconteça, mas ainda não será o fim. Nação se levantará contra nação e reino contra reino. Haverá fomes, pestes, doenças, terremotos em vários lugares. Mas tudo isso é apenas o principio de dores” (Mt 24. 6, 7). Estamos vivendo um tempo de tempestade, de terremoto; de fome, de miséria; de doenças de todo tipo, desde tuberculose, AIDS, DST’s (doenças sexualmente transmissíveis) ao câncer e doenças coronárias. O caos se apresenta como “monstro de vários tentáculos”, nas dimensões política , social, econômica, cultural e espiritual de nossa geração. É um tempo de mudanças e incertezas, de déficit habitacional, de divisões raciais, de aumento da criminalidade, de abusos sexuais; de aumento da pedofilia, mesmo nos arraiais religiosos, de estupros e desintegração da família. O alcoolismo, as drogas, a pornografia e outros comportamentos viciosos estão consumindo a sociedade. Há terremotos, furacões e desastres naturais de todo tipo. Isso é motivo de sobra para nos assustar, não é? Mas Jesus disse que tais acontecimentos são apenas avisos daquilo que está por vir; são a “imprensa divina” em funcionamento buscando alertar-nos acerca do que ele falou há dois mil anos. Esses “anúncios” materializados nos acontecimentos preditos por Jesus não são parábolas ou mitos que nós lemos no livro de Mateus, mas as notícias de última hora para os nossos dias. São evidências da profecia de Cristo que se cumpre em nosso tempo diante dos nossos olhos. Pergunta-se: “Qual a nossa possibilidade de segurança já que o cenário é tão desanimador?” “Como se sentir seguro em meio ao caos?”. É necessário apropriar-se da promessa de vida eterna feita por Jesus. O mais importante nessa passagem bíblica não é o fim dos tempos, mas a segurança eterna daqueles que depositam sua fé Quando Jesus voltar, ele implantará seu reino de justiça social onde ódio, avareza, ciúme, guerra e morte não mais existirão.O próprio Jesus prometeu dar fim ao mal da era presente e estabelecer uma nova ordem chamada reino de Deus. Para nos sentirmos seguros entre a esperança e o caos, precisamos olhar para as dificuldades como possibilidades para o crescimento. Conta-se que um jovem que sempre tivera medo de relâmpagos foi obrigado a andar debaixo de uma tempestade em busca de auxilio para seu companheiro de acampamento, o qual tinha ficado seriamente doente durante a noite. O jovem - com a ajuda de uma lanterna - atravessava uma área montanhosa e isolada. A tempestade piorou. Seu medo de relâmpagos era tão grande quanto a sua preocupação pela saúde do amigo. Subitamente, um raio mais forte o fez tropeçar e derrubar a lanterna, quebrando-a. Quase paralisado de medo, sentiu-se totalmente desamparado. Nesse instante, à luz de um novo relâmpago, pôde enxergar o seu caminho. Uma tranqüilidade começou a apossar-se dele. Compreendeu que aquilo que há tanto tempo temia estava, na realidade, ajudando-o a enfrentar uma situação aparentemente sem saída. Muitas vezes deixamos nossos receios dominar-nos. Se, porém, tivermos fé, podemos estar certos de que Deus nos permite fazer dos relâmpagos o meio para seguirmos adiante e enfrentarmos com segurança os conflitos, as lutas e problemas. Esta é a receita para continuarmos esperançosos em meio ao caos! O autor é Pastor Efetivo da Igreja Presbiteriana da Tijuca, no Rio de Janeiro, Mestre |
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