A sociedade permissiva não gosta de normas nem limites. Ela deseja plena liberdade para pensar como quiser e fazer tudo o eu quiser. É um comportamento histórico. Começa no início da história humana, quando o único limite imposto pelo Criador – “Você Poderá comer as frutas de qualquer árvore do jardim, menos da árvore que dá o conhecimento do bem e do mal” (Gn 2.16) – não é levado a sério.
Deus sempre levanta homens e
mulheres para preservar o ser humano do mau uso da liberdade, para lembrar-lhe
das normas protetoras de sua segurança e felicidade. Esse vocacionados são
considerados incômodos, desnecessários e intrometidos. Não poucas vezes são
caluniados, desprezados e perseguidos, quando não silenciados pelo martírio. Essa
é a história do profetismo.
Um exemplo notável dessa
resistência está no livro de Isaías, que viveu e ministrou 750 anos antes de
Cristo. O povo rebelde não quer ser incomodado nem atravancado pelos profetas. Então
lhes dizem com toda falta de educação: “Não nos anunciem a verdade; inventem
coisas que nos agradem. Dêem o fora! Parem de nos amolar!”.
Eles preferem a ficção ao fato, a
mentira à verdade, a ausência à presença dos profetas. Isaías não se deixa
intimidade e retruca, transmitindo o recado de Deus: “Vocês rejeitam a minha
mensagem e põem a sua confiança e a sua fé na violência e na mentira. Portanto,
esse pecado vai trazer a ruína para vocês; ela será como uma brecha que vai se
abrindo num muro alto; de repente, o muro desmorona e cai no chão” (Is
30.8-13).
A sociedade pós-moderna se porta
do mesmo jeito e diz assim:
Não nos falem de Deus;
Não mencionem a palavra pecado, muito menos a palavra culpa;
Não condenem o consumismo, pois
sem ele ninguém se realiza, ninguém se satisfaz e as rodas do comércio e do
progresso param;
Não venham com essa história de
que o casamento dura para sempre e que é só entre um homem e uma mulher. Por
que não poderia ser entre um homem e outro homem, uma mulher e outra mulher?
Não nos incomodem com a questão
do aborto; cada mulher tem o direito de não levar adiante uma gravidez
indesejada;
Não digam essas bobagens sobre o
sexo pré-conjugal, sexo extraconjugal e sexo conjugal. Vocês estão criando
pessoas neuróticas. O sexo é um só, independente do casamento, de promessas, de
alianças e de registro em cartório;
Não dificultem a pedofilia e
acabem com esta restrição do sexo com adolescentes e com crianças. O que faz
mal à criança não é o nosso interesse por ela, mas o escândalo que vocês fazem;
Se vocês querem o nosso assentimento,
inventem coisas que nos agradem. Deixem-nos sem senso de culpa, sem remorso,
sem a necessidade da humilhação que o arrependimento produz. Temos uma
doutrina, a doutrina do foro íntimo. Ele nos é suficiente. Não precisamos de
ninguém para nos dizer o que é certo ou errado. Não somos crianças. A nossa
consciência nos basta, não precisa da intervenção de vocês. Soltem nossas
rédeas, deixem-nos em paz, deixem que todas as coisas fiquem como estão agora.
Para falar a verdade, fechem as
igrejas, queimem suas Bíblias, destruam os seus púlpitos e aposentem os seus
ministros!
Não nos amedrontem com a velha
história de que estamos abrindo uma brecha em um muro alto e que, por causa
dela, o muro vai desmoronar. Mesmo que tal aconteça, preferimos isso a perder
nossa liberdade de fazer tudo o que nos “der na telha”!
Por não suportarem a pressão,
teólogos e pregadores estão tendendo ao clamor das multidões. Quando não se
omitem, pregam outro evangelho. Eles são corresposáveis pela brecha cada vez
maior que provocará a queda do muro de proteção da verdadeira felicidade!
Revista Ultimato, MAIO-JUNHO
2012, N° 336, Abertura
Nenhum comentário:
Postar um comentário