"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Fazemos parte dessa história


O natal não foi a história de um nascimento casual, sem planejamento. O nascimento de Jesus não foi um descuido nem simplesmente a escolha de um casal comprometido pelo amor. O natal foi decisão de Deus. Foi iniciativa do céu. Não foi engendrado pelo desiderato do homem, mas resultado do beneplácito divino, traçado desde toda a eternidade. 

O natal foi um nascimento singular. Não houve nem haverá nenhum outro igual. O nascimento de Jesus não foi o concurso do relacionamento conjugal de José e Maria, mas a intervenção soberana do Espírito Santo de Deus nela, de tal maneira, que o seu filho não herdaria o pecado de Adão, nem seria semente do homem, mas da mulher. Por essa razão, Maria não é mãe de Deus, pois o Jesus que foi concebido por ela não passou a existir a partir do seu ventre, mas ele fez-se carne na concepção e nascimento. Ora, se ele fez-se carne, quer dizer que ele já existia antes. A Bíblia nos informa que Jesus é o verbo eterno, ele é o pai da eternidade, ele é o agente da criação de tudo o que há. Logo, Jesus como Deus que se encarnou, não pode ter tido mãe, pois é o criador, sustentador e soberano absoluto sobre todo o universo. O homem em quem o verbo se tornou, esse sim, é filho de Maria. É importante frisar que Jesus tem duas naturezas distintas: ele é plenamente Deus e plenamente homem. Antes de se encarnar, ele sempre existiu com o Pai e com o Espírito Santo na trindade excelsa. Apenas como homem, portanto, Jesus é filho de Maria. 

Outrossim, o natal é um nascimento majestoso. Mesmo cercado de pobreza, pois não havia lugar para José e Maria nas hospedarias de Belém, precisando eles encontrar abrigo numa manjedoura para Jesus nascer, ele nasceu como Rei dos reis. Os céus celebraram com efusiva e apoteótica música angelical o seu nascimento. Os magos estrangeiros prostraram-se aos seus pés reconhecendo nele o rei, o sacerdote e o profeta. O mundo o perseguiu, o crucificou, mas o Pai o ressuscitou dentre os mortos, fazendo-o assentar à sua destra. Nenhum personagem da história é mais proclamado que Jesus. Nenhuma festa de aniversário é mais embalada pelas luzes da alegria e do festejo que o aniversário de Jesus. O natal é singular, porque Jesus verdadeiramente é o Filho de Deus, que desceu da glória, fez-se carne e veio ao mundo buscar e salvar o que se havia perdido. 

Mas, o que é de suma importância para nós, é saber que fazemos parte dessa história. Jesus veio ao mundo por amor a nós. O Pai no-lo deu por amor. Estávamos no coração de Deus desde os tempos eternos e para que o seu propósito inescrutável quanto à nossa salvação fosse concretizado é que Jesus veio, se encarnou, nasceu, viveu, morreu, ressuscitou e vai voltar. O natal é expressão de amor. O natal é Deus se fazendo homem, é o Deus excelso descendo à terra, é o Rei se fazendo servo, é o dono do universo, se tornando pobre, é o transcendente se esvaziando para que nós pudéssemos ser reconciliados com Deus. Sim, fazemos parte dessa história, pois pela fé nosso coração tornou-se a estrebaria onde o Filho de Deus nasceu para reinar!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Jesus, o Deus que vestiu pele humana

O apóstolo João, mais do que os outros evangelistas, falou-nos acerca da divindade de Jesus Cristo. No prólogo de seu evangelho já deu o rumo de sua obra: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). Depois de falar que esse Verbo foi o agente criador e também o doador da vida, anunciou de forma magistral: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do Unigênito do Pai" (Jo 1.14). Destacamos, portanto, aqui, quatro grandes verdades sobre o Verbo de Deus.

Em primeiro lugar, a eternidade do Verbo. "No princípio era o Verbo…" (Jo 1.1). Quando tudo teve o seu começo, o Verbo estava lá, não como alguém que passou a existir, mas como o agente de tudo o que veio à existência. O Verbo não foi causado, mas ele é causa de tudo o que existe. O Verbo não foi criado antes de todas as coisas, mas é o criador do universo no princípio (Jo 1.3). Se antes do princípio descortinava-se a eternidade e se o Verbo já existia antes do começo de tudo, o Verbo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo de Deus. Só Deus é eterno!

Em segundo lugar, a personalidade do Verbo. "… e o Verbo estava com Deus…" (Jo 1.1). No princípio o Verbo estava em total e perfeita comunhão com Deus. A expressão grega pros ton Theon traz a ideia que o Verbo estava face a face com Deus. Como Deus é uma pessoa e não uma energia, o Verbo é uma pessoa. O Verbo é Jesus, a segunda Pessoa da Trindade. Isso significa que antes da encarnação do Verbo, ele já existia e, isso, desde toda a eternidade e em plena comunhão com o Pai. Jesus não passou a existir depois que nasceu em Belém. Ele é o Pai da eternidade. Nas palavras do Concílio de Nicéia, ele é co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. 

Em terceiro lugar, a divindade do Verbo. "… e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). O Verbo não é apenas eterno e pessoal, mas, também, divino. Ele é Deus. Ele é a causa não causada. A origem de todas as coisas. O criador do universo. Ele é o verbo, ou seja, o agente criador de tudo que existe, das coisas visíveis e invisíveis. O Deus único e verdadeiro constitui-se em três Pessoas distintas, porém, iguais; da mesma essência e substância. O Verbo não é uma criatura, mas o criador. Não é um ser inferior a Deus, mas o próprio Deus. Embora, distinto de Deus Pai, é da mesma essência e substância. Ele é divino!

Em quarto lugar, a encarnação do Verbo. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1.14). Aqui está o sublime mistério do Natal: O eterno entrou no tempo. O transcendente tornou-se imanente. Aquele que nem o céu dos céus pode contê-lo foi enfaixado em panos e deitado numa manjedoura. Deus se fez homem, o Senhor dos senhores se fez servo. Aquele que é santo, santo, santo se fez pecado por nós e o que é exaltado acima dos querubins, assumiu o nosso lugar, como nosso fiador. Ele se fez maldição por nós e, sorveu, sozinho, o cálice amargo da ira de Deus, morrendo morte de cruz, para nos dar a vida eterna. Jesus veio nos revelar de forma eloquente o amor de Deus. Não foi sua encarnação que predispôs Deus a nos amar, mas foi o amor de Deus que abriu o caminho da encarnação. A encarnação do Verbo não é a causa da graça de Deus, mas seu glorioso resultado. Jesus veio ao mundo não para mudar o coração de Deus, mas para revelar-nos seu infinito e eterno amor. Essa é a mensagem altissonante do Natal. Esse é o núcleo bendito do Evangelho.