"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Resposta


Leitura Bíblica: Deuteronômio 3.23-28 

VERSÍCULO EM DESTAQUE: [O Senhor] "conceda-te o desejo do teu coração e leve a efeito todos os teus planos" (Salmos 20.4).

É muito bom ouvir alguém desejando a nós o que está escrito no versículo em destaque. Queremos que Deus atenda nossa oração, de preferência o mais rápido possível. No texto de hoje vemos que Moisés chegou a implorar a Deus para que o deixasse entrar em Canaã. Mas, como todos sabemos, Deus nem sempre responde às nossas orações como e quando gostaríamos. Moisés acusou o povo, mas sabia que tinha sido desobediente (Números 20.8-12) e Deus estava sendo justo. Mesmo assim, recebeu um privilégio: subir num monte e olhar a terra de longe (Deuteronômio 34). Moisés morreu sem ter realizado seu grande sonho. Deus tinha outros planos: usaria Josué, ajudante do grande líder, para conduzir Israel na conquista de Canaã. 

Deus não é um "gênio da lâmpada" ou um "papai noel" celestial. Ele não precisa atender nossos desejos (aliás, é bom lembrar quem é servo neste relacionamento). Apesar disso, ele é tão bom que às vezes nos permite, tempos depois, realizar aquilo que queríamos. No Novo Testamento, em Mateus 17.1-8, lemos sobre um episódio estranho mas glorioso na vida de Jesus. E quem aparece no "monte da transfiguração"? Moisés! 

Há algumas discussões entre os estudiosos sobre qual seria aquele monte, mas com certeza ele estava localizado na terra conquistada pelos israelitas - na qual Moisés tanto quis entrar. Desta forma, muitos séculos após seu pedido, ele concretizou seu sonho. Lá estava ele, na Terra Prometida que apenas vira de longe, e conversando com o próprio Filho de Deus! A resposta de Deus, mesmo que tardia, foi muito superior ao pedido feito. 

Pensando nisso, devemos ser gratos por todas as respostas às nossas orações. Quando Deus não atende nossos desejos, podemos confiar que ele sabe o que está fazendo e que isso é o melhor para nós e para as pessoas que nos rodeiam. Deus, sendo tão amoroso, talvez esteja reservando boas surpresas para o nosso futuro.

O Pão Diário 2012 (16/08/2012)

Autor: Vanessa Weiler Ribas - Ijuí - RS

domingo, 19 de agosto de 2012

Por que a evangelização é imperativa?



A evangelização não é uma opção, mas um mandamento. A grande comissão foi repetida em todos os Evangelhos e também no livro de Atos. Todos aqueles que foram alcançados pelo evangelho são enviados a compartilhar o evangelho. A evangelização não deve ser apenas um programa da igreja, mas um estilo de vida de todos os crentes. Vamos, agora, analisar algumas razões pelas quais a igreja deve estar engajada na evangelização. 

Em primeiro lugar, porque o homem sem Cristo está perdido. Nenhuma religião pode salvar o homem. Nenhum credo religioso pode reconciliar o homem com Deus. Nenhuma obra feita pelo homem pode atender as demandas da lei de Deus. Do religioso ao ateu e do doutor ao analfabeto, todos os homens estão irremediavelmente perdidos. A Bíblia diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Diz ainda que o salário do pecado é a morte. O homem está morto em seus delitos e pecados e assim como um morto não pode dar vida a si mesmo, um pecador não pode salvar a si mesmo. O nome de Jesus é o único nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é o único Caminho para Deus, a única Porta de entrada no céu, o único Mediador entre Deus e os homens. Jesus é o Salvador do mundo. 

Em segundo lugar, porque o evangelho é a única boa nova de salvação. Há muitas religiões no mundo, cada uma com sua doutrina e sua prática. Todas elas, exceto o Cristianismo, ensinam que o homem deve abrir um caminho da terra para o céu. Mas, a salvação não é uma conquista do homem, mas uma oferta da graça. O céu não é conquistado pelo esforço das obras, mas recebido pela fé em Cristo. O evangelho é a boa nova de que Deus amou o homem não pelos seus méritos, mas apesar de seus deméritos. Amou-o a despeito de ser fraco, ímpio, pecador e inimigo. Amou-o e entregou seu único Filho para morrer pelos seus pecados. O evangelho está centrado não na obra que fazemos para Deus, mas na obra que Cristo fez por nós na cruz. O evangelho não aponta para o merecimento humano, mas para a cruz de Cristo, onde o Filho de Deus morreu por nós. O evangelho é o palco onde Deus revela seu amor e sua justiça. O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

Em terceiro lugar, porque a evangelização é uma ordem expressa de Deus. A evangelização é uma obra imperativa, intransferível e impostergável. O Senhor Jesus morreu na cruz, ressuscitou dentre os mortos e comissionou a igreja a ir por todo o mundo, levando as boas novas do evangelho a toda criatura. O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a todo o mundo. Não podemos nos calar. Não podemos sonegar aos povos o evangelho. Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade para pregar o evangelho. Essa é uma missão da igreja. Deus não tem outro método. Cabe-nos levar o evangelho por todos os meios legítimos, em todo o tempo, em todos os lugares, sob todas as circunstâncias. Devemos pregar o evangelho no púlpito e na página. Devemos pregar o evangelho pela mídia e através das redes sociais. Devemos pregar nos lares, nas escolas, nos hospitais, nas instituições públicas, nos templos, nas praças, proclamando que Cristo veio como Pão para a nossa fome, como Água viva para a nossa sede, como Luz para a nossa escuridão, como sacrifício cabal pelos nossos pecados.

Em quarto lugar, porque Deus é glorificado na salvação dos pecadores. O propósito maior da evangelização dos povos é que esses povos todos glorifiquem a Deus e exaltem seu nome. O centro da obra evangelizadora da igreja não é o homem, mas o próprio Deus. Devemos evangelizar para arrebatar os homens do fogo e também porque é ordem de Deus. Mas, sobretudo, devemos evangelizar porque a salvação do perdido traz glória ao nome de Deus. Há júbilo diante dos anjos de Deus, no céu, por um pecador que se arrepende. Os salvos serão, por toda a eternidade, verdadeiros troféus da graça de Deus e, nos salvos, Deus será glorificado para sempre e sempre!

domingo, 12 de agosto de 2012

A (eterna) carta de um pai para sua filha


Encontrei esta preciosidade garimpada do caderninho da minha tia Marline. Ela, talvez com seus 16 a 18 anos, dedicou um caderno às mensagens de outras pessoas. Esta foi a primeira, escrita pelo Vô Benjamim, que tinha então 58 anos. É uma riqueza!
 
Incrível como todo pai e toda mãe perguntam por seus filhos: "O que será deste menino/a?". Mesmo depois de adultos, continuaremos a perguntar isto a respeito de nossos filhos e nossos pais a respeito de nós.
 
Creio que - em certa medida - é esta também a “pergunta” que Deus faz a respeito de cada filho seu. Pois, na verdade, não é tanto uma pergunta, mas uma expressão de suas melhores intenções para com o/as filho/as, uma torcida!
 
Reproduzimos abaixo a carta, que expressa os sentimentos de um pai, pastor, para com sua filha no final da década de 50.
 
Campos dos Goytacazes (RJ), 29 de março de 1958.
 
Marline, minha filha:
 
Uma geração vem, e outra vai...
 
A vida, de madrugada cresce e floresce: à tarde, corta-se e seca, como a erva...
 
Quando me acodem reminiscências da mocidade e da meninice, nos dias de hoje, tenho a impressão nítida de que tudo foi ontem e que ainda sou jovem e menino! Entretanto, a realidade é que já estou no declínio e os filhos estão todos crescidos. Você, agora, é uma moça viva, alegre. Mas irá igualmente pelo caminho da terra. Mais um pouco, sua mãe e eu passaremos. Ficará você. E... provavelmente outra mocinha, minha neta, reservará de outro álbum uma folha, escrevendo, a lápis, lá em cima: “Mamãe”...
 
Eu então estarei no Céu, para onde já foram papai e mamãe e todos os meus irmãos homens. Mas, francamente, teria vontade de, nessa época (se Cristo ainda não tiver voltado, é claro), ressuscitar e vir ver a Terra de novo, se bem que só algumas horas. Sabe para quê? 
 
Para verificar se minha filha é feliz, se anda na vereda do Senhor, se é membro ativo da Igreja, se está casada com homem sinceramente cristão, se educa os filhos no Evangelho de Jesus, se ama e respeita as Escrituras, se perpetua o nome e as tradições dos pais...
 
Cada década, cada guerra, cada revolução, cada descoberta gera no mundo outra mentalidade, outra atmosfera, outra modalidade de pessoa, de sentir, de viver e de julgar. Às vezes de mal a pior. Já é naturalíssimo, por ex., em certos meios cristãos, que a moça fume, frequente bailes, ande com roupas masculinas, e, até, seja impura. Cristo, porém, Marline, é o mesmo ontem, hoje e eternamente; e, se se acabam preconceitos e se alteram costumes e juízos sociais, porque tudo evolui e se modifica, todavia os princípios da moral, decência e os postulados da consciência cristã permanecem insolúveis para aqueles que em comunhão com Jesus, têm “a mente de Cristo”.
 
Este conselho, tome-o para toda a vida: despreze as opiniões alheias, quando consultado o Pai celeste, tiver certeza da Vontade de Deus na sua vida.
 
Benjamim L. S. César


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A incansável busca de Cristo

John Stott

Olhando para trás, por toda uma longa vida, muitas vezes tenho me perguntado o que me levou a Cristo. E, como já disse, não foi minha educação nem minha escolha independente; foi o próprio Cristo batendo à minha porta, chamando-me a atenção para a sua presença do lado de fora.

Ele fez isso de duas maneiras. A primeira foi por do meu sentimento de alienação para com Deus. Eu não era um ateu. Eu cria na existência de Deus — alguém ou alguma coisa em algum lugar, a realidade suprema por trás e além de todos os fenômenos cósmicos —, mas não conseguia encontrá-lo. Eu costumava visitar uma pequena capela escura na escola que frequentava, a fim de ler livros religiosos e recitar orações. Tudo isso não tinha proveito algum; Deus estava distante e afastado, e eu não conseguia penetrar na névoa que parecia envolvê-lo.

A segunda maneira como vi Cristo batendo em minha porta foi pelo meu senso de derrota. Com o idealismo vibrante da juventude, eu tinha uma imagem heroica da pessoa que eu queria ser — altruísta e de espírito público. Mas tinha, ao mesmo tempo, uma imagem clara de quem eu realmente era — malicioso, egoísta e orgulhoso. As duas imagens não combinavam. Eu era uma pessoa com altos ideais, mas sem a mínima disposição de alcançá-los.

Em meio a todo esse sentimento de alienação e fracasso, o Estranho à porta continuava batendo, até que o pregador que mencionei no início deste capítulo [um pregador falando sobre a pergunta de Pilatos: “o que farei com Jesus, chamado Cristo?”] lançou luz sobre o meu dilema. Ele falou da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Explicou que Cristo havia morrido para tornar a minha alienação em reconciliação, e havia ressuscitado dos mortos para tornar a minha derrota em vitória. A correspondência entre a minha necessidade subjetiva e a oferta objetiva de Cristo parecia muito próxima para ser uma coincidência. As batidas de Cristo em minha porta tornaram-se mais altas e mais insistentes. Eu abri a porta ou ele a abriu? De fato eu a abri, mas somente a sua persistência tornou isso possível e até mesmo inevitável.

Eu contei a você a minha história e me pergunto como é a sua. Jesus nos assegura em suas parábolas que, quer estejamos conscientemente buscando a Deus, quer não, ele com certeza está nos buscando. Cristo é como uma mulher que varre a sua casa em busca de uma moeda perdida; é como um pastor que se arrisca nos perigos do deserto em busca de apenas uma ovelha que se perdeu; e é como um pai que sente saudades de seu filho pródigo e deixa que ele experimente as amarguras de seus desatinos, mas que está pronto, a todo momento, para correr e encontrá-lo, e dar-lhe as boas-vindas de volta ao lar.

Estou convencido de que em algum momento de nossa vida sentimos o cutucão de Jesus Cristo e o ouvimos bater na porta, embora não reconheçamos o que aconteceu. Há muitas maneiras diferentes como ele nos busca, nos persegue e nos adverte quando estamos no caminho errado, seguindo na direção equivocada.

Pode ser por meio de um sentimento de culpa e vergonha, quando lembramos de algo que pensamos, dissemos ou fizemos e ficamos horrorizados com as profundezas de depravação nas quais somos capazes de afundar. Ou pode ser por meio da fossa escura da depressão, ou do vazio do desespero existencial, no qual nada faz sentido e tudo é absurdo. Ou, ainda, pode ser pelo medo da morte e do julgamento depois dela.

Podemos positivamente, de tempos e tempos, ficar maravilhados com o delicado equilíbrio da natureza, ou com algo maravilhoso para o ouvido, os olhos ou o toque. Ou, ainda, podemos experimentar o êxtase do amor imerecido ou a dor aguda do amor não-correspondido, porque sabemos instintivamente que o amor é a maior de todas as coisas no mundo. É em momentos como esses que Jesus Cristo se achega a nós e usa a sua mão para bater à porta ou para cutucar.

Se nos tornarmos cientes da incansável busca de Cristo, desistirmos de tentar escapar dele e nos entregarmos ao abraço desse “amante tremendo”, não haverá espaço para ostentação em relação àquilo que fazemos, mas somente para uma profunda ação de graças por sua graça e misericórdia, e para a firme resolução de passar o tempo e a eternidade a seu serviço.

Nota:
Texto retirado do capítulo 01 do livro Por que sou cristão. John Stott faleceu aos 90 anos no dia 27 de julho de 2011, exatamente há um ano.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A supremacia das Escrituras



Deus existe e ele se revelou. Revelou-se de forma multiforme: por meio da criação, através da consciência, nas Sagradas Escrituras e sobretudo, por meio de Jesus. Por isso, podemos conhecê-lo. Tudo quanto Deus quis que o homem soubesse a seu respeito está patente nas Escrituras. Devemos examiná-las, porque elas testificam acerca de Deus. Uma pergunta, porém, precisa ser feita: as Escrituras são confiáveis? Podemos ter garantia de que seu conteúdo é inerrante e infalível? As Escrituras são suficientes para termos uma fé madura e uma vida abundante? Para responder a essas perguntas, vamos considerar três verdades: 

Em primeiro lugar, as Escrituras são inerrantes quanto ao seu conteúdo. As Escrituras não contêm erros. A Palavra de Deus não pode falhar. Seu conteúdo foi revelado por Deus. Seus autores foram inspirados por Deus. Seu registro foi assistido pelo Espírito Santo de Deus. Portanto, há acuracidade nas descrições, precisão nos relatos e inerrância nos ensinos. A Palavra de Deus não é fruto da lucubração humana nem mesmo resultado de elucidação vacilante da mente humana. A origem da Bíblia está no céu. Seu verdadeiro autor, o Espírito Santo, foi quem inspirou homens santos para registrar tudo quanto aprouve a Deus nos legar. A Bíblia foi escrita num período de mil e cem anos. Cerca de quarenta homens usados por Deus, de culturas diferentes, escreveram em tempos diferentes, para públicos diferentes e não há sequer uma contradição. Isso, porque o próprio Deus é o seu autor. Porque Deus é verdadeiro em seu ser, sua Palavra não pode falhar.

Em segundo lugar, as Escrituras são infalíveis em suas profecias. As profecias bíblicas são específicas, exatas, e muito bem definidas. Milhares de profecias já se cumpriram e tantas outras estão se cumprindo literal e fielmente. Nenhum livro religioso da história se compara à Bíblia neste particular. Se colocássemos o cumprimento das profecias no campo da coincidência, isso daria um número semelhante a dez elevado à décima sétima potência. A probabilidade de você cobrir todo o Estado do Espírito Santo com moedas, com uma camada de um metro, e marcar uma dessas moedas, esperando que um homem cego a encontre, é a mesma das profecias bíblicas terem se cumprido por uma mera consciência. Muitos críticos, arrotando uma sapiência arrogante, tentaram desacreditar a Bíblia, mas seus argumentos insolentes caíram no pó do esquecimento e a Bíblia, sobranceira e vitoriosamente, triunfa vitoriosa. A Bíblia é a bigorna de Deus que quebra todos os martelos dos críticos. 

Em terceiro lugar, as Escrituras são suficientes quanto à doutrina e vida. Não precisamos de outras revelações extra bíblicas para conhecermos tudo quanto Deus quer que saibamos para termos uma vida plena. Aliás, Deus lança uma maldição sobre aqueles que subtraem das Escrituras o que nelas estão e sobre aqueles que acrescentam a elas o que nelas não estão. A Bíblia tem uma capa ulterior. A revelação de Deus está completa e o cânon está fechado. Não existem novas revelações. Não existem mensagens novas, vindas direto de Deus, à sua igreja. As igrejas apostólicas hoje não são aquelas que nomeiam novos supostos apóstolos, trazendo novas doutrinas forâneas às Escrituras, mas aquelas que seguem a doutrina dos apóstolos. Toda doutrina que não emana das Escrituras é falsa doutrina. Toda ética que não está calçada pela verdade das Escrituras produz um comportamento reprovável. Não precisamos correr atrás das últimas novidades do mercado da fé, em busca de conhecimento e experiência que nos levem à uma vida mais profunda com Deus. Ao contrário, devemos examinar as Escrituras, pois na Palavra de Deus temos um reservatório inesgotável e uma fonte inexaurível de todo acervo que devemos crer e praticar. A Bíblia é, de fato, nossa única regra de fé e prática: inerrante, infalível e suficiente!