"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 30 de maio de 2011

Quando Deus responde não

Referência: Tiago 4.2b-3
INTRODUÇÃO
Hoje quero pregar sobre a consolação do NÃO de Deus, quando sua resposta negativa às nossas orações é uma bênção, quando o NÃO de Deus é o nosso livramento e quando a sua resposta contrária à nossa vontade é o maior gesto da sua misericórdia por nós.
I. OS QUE SE QUEIXAM SEM RAZÃO
Muitos são aqueles que sendo hoje tanto mais do que eram, e tendo tanto mais do que tinham, e estando tanto mais honrados do que estavam, ainda se queixam.
1. Adão
Adão antes de Deus o formar não era nada. Formado, era uma estátua de barro. Recebendo o sopro de Deus, pôs Adão em pé e começou a ser homem. Recebeu tanta honra que Deus lhe deu a presidência da terra: sobre todos os animais; a presidência do ar: sobre todas as aves e a presidência do mar: sobre todos os peixes. Parece que não podia ser mais nem melhor. Contudo, nem Adão nem Eva ficaram satisfeitos. Ainda queriam mais. E o que queriam? Queriam ser igual a Deus.
Há tal ambição de subir e tal desatino de crescer? Anteontem, nada; ontem, barro; hoje, homem; amanhã, Deus? Quem ontem era barro, não contentará com ser hoje homem, e o primeiro homem? Quem anteontem era nada, não contentará com ser hoje tudo, e mandar tudo? Adão estava descontente, mas sem razão.
2. Davi
Em 2 Sm 7:8 diz: “Tomei-te da malhada, de detrás das ovelhas, para fosses príncipe sobre o meu povo, sobre Israel”. Não só diz Deus o lugar onde o pôs, senão também o lugar donde o tirou. Tirou-o das pastagens pedregosas de Belém e o colocou no trono. Lembre-se o descontente com Deus, onde estava e onde está. Lembre-se com Adão, do que era e do que é. E logo verá que as nossas queixas não são razoáveis.
Os filhos de Zebedeu pediram para Jesus um lugar de honra no seu Reino. Enquanto Jesus fala da cruz, eles falavam da coroa. Enquanto Jesus sentia a dor da morte, eles estavam encantados com o poder. Jesus lhes diz que eles não sabem o que pedem e não lhes atende o pedido. Então, eles viram o excesso da sua ambição. Ontem remando a barca e remendando as redes. Hoje, apóstolos de Jesus; amanhã, desejando ser maiores do que os outros? Tiago diz: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal”.
II. OS QUE PEDEM SEM SABER
Muitas vezes não sabemos também o que pedimos. Vejamos alguns exemplos:
1. Raquel
Raquel fez uma das mais importunas e impacientes petições que uma mulher pode fazer ao marido em sua vida: “Dá-me filhos, senão eu morrei” (Gn 30:1). Respondeu-lhe Jacó, que os filhos só Deus os dá, e só ele os pode dar. Raquel tinha o amor de Jacó, mas isto não era o suficiente para ele. Ele queria filhos para continuar vivendo.
Sua petição foi atendida, mas o resultado foi o contrário do que pediu. O que pedia Raquel não só era filho, senão filhos e assim lho concedeu Deus, porque a fez mãe de José e Benjamim. Mas, ao cabo dando à luz ao segundo filho, morreu de parto e no mesmo parto do segundo filho.
Vejamos os termos com que Raquel pedia os filhos: “Dá-me filhos, senão eu morrerei”. E quando cuidava que havia de morrer se não tivesse filhos, porque teve filhos, no mesmo ponto em que os teve, morreu. Cuidava que pedia a vida, e pedia a morte; cuidava que pedia a alegria sua e de sua casa, e pedia o luto e a orfandade dela. Tão certo é que no que pedimos com maiores ânsias, não sabemos o que pedimos.
2. Sansão e o Filho Pródigo
Sabida é a história de Sansão, e sabida a do Pródigo; ambos famosos por seus excessos. Deixados, pois os princípios, e progressos de uma e outra tragédia, ponhamo-nos ao fim de ambas, e vejamos o estado de extrema miséria, a que os passos de cada um os levaram por tão diversos caminhos.
Vejam aquele homem robusto e agigantado, que com aspecto ferozmente triste, tosquiados os cabelos, cavados os olhos, e correndo sangue, atado dentro de um cárcere a duas fortes cadeias. Pois aquele é Sansão.
Vejam aquele jovem macilento e pensativo, que roto e quase despido, com uma corneta pendente no ombro, arrimado sobre um cajado, vivendo na pocilga e com fome. Pois aquele é o Pródigo.
Que mudanças! Um era tão valente e outro tão altivo. Agora o Pródigo com fome não tem autorização para comer as bolotas dos porcos e Sansão, o imbatível e jogado em público para chacota do povo, foi escarnecido e afrontado até à morte. Mas qual a causa dessas mudanças tão estranhas? Essas mudanças aterradoras não tiveram outra causa que a resposta positiva que ambos fizeram.
Sansão pediu a seus pais que lhe dessem por mulher uma filistéia. Concederam-lhe os pais o que pediu; e esta filistéia foi a causa das guerras que Sansão teve com os filisteus, e dos enganos e traições de Dalila, e da sua prisão, e do seu cativeiro, e da sua cegueira, e das suas afrontas e por fim da sua própria morte.
O Pródigo pediu a seu pai que lhe desse em vida a herança que lhe havia de caber por sua morte. Concedeu-lhe o Pai o que pedira: e esta herança consumida em larguezas, e vícios da mocidade, foi a causa da sua pobreza, da sua vileza, da sua miséria, da sua fome, da sua servidão, da sua desonra, que só tiveram de desconto o pesar e o arrependimento.
3. Aplicação
Pediria Raquel filhos se soubesse que o ter filhos lhe havia de custar a vida?
Pediria Sansão a filistéia, se soubesse que ela havia de ser a causa de sua afronta, de sua morte e de perder os olhos com que a vira?
Pediria o Pródigo a herança antecipada, se soubesse que com ela havia de comprar a miséria, a fome, a servidão e desonra?
Claro está que não. Pois se agora não haviam de pedir nada do que pediram, senão antes o contrário, porque o pediram então? Vocês já sabem a resposta: Pediram porque não sabiam o que pediram. Isso deve nos ensinar aceitar o Não de Deus com gratidão. Ele conhece o futuro e sabe o que é melhor para nós. Ele nos atende não segundo a nossa vontade, mas segundo a Sua perfeita vontade.
III. OS QUE SE SUBMETEM À VONTADE DE DEUS
Jesus ensina no Sermão do Monte: “Pedi e dar-se-vos-á”. E para maior confirmação desta promessa acrescenta: “Pois todo o que pede, recebe” (Lc 11:9-13). Não diz Jesus que todo o que pede recebe o que pede. Diz Jesus que todo o que pede recebe. Muitas vezes, porém, recebe o contrário do que pede.
Jesus confirma seu ensino com três exemplos familiares: “Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião?” Pois esta é a razão porque Deus, que nos trata como filhos, nos diz muitas vezes um NÃO e nos nega o que pedimos; porque pedimos pedras, porque pedimos serpentes, porque pedimos escorpiões.
Cuidamos que pedimos sustento e pedimos veneno; cuidamos que pedimos o que havemos de comer e pedimos o que nos há de comer; cuidamos que pedimos com que viver, e pedimos o que nos há de matar – e isto é pedir serpentes e escorpiões.
Quando somos tão néscios que não distinguimos o escorpião do ovo, nem a serpente do peixe, nem o pão da pedra, Deus que é Pai e tão bom Pai, nos nega peremptoriamente o que tão perigosamente pedimos.
CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo diz que Deus nos assiste em nossa fraqueza porque não sabemos orar como convém. Não sabemos orar porque não conhecemos o futuro nem sabemos o que é melhor para nós. Como filhos de Deus, precisamos aprender dois princípios básicos ensinados por Tiago:
1. Devemos sempre orar a Deus e pedir a ele o que necessitamos – Diz Tiago: “Nada tendes, porque nada pedis”. Jesus ensinou: “Pedi e dar-se-vos-á”. A falta de oração retém as bênçãos do céu. Podemos ser ousados para pedir, pois Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós.
2. Devemos sempre nos alegrar quando Deus responde NÃO às nossas orações. Deus é soberano. Ele está no controle do universo e das nossas vidas. Ele trabalha todas as coisas para o nosso bem. Ele age no seu tempo e de acordo com a sua vontade. Ele sempre tem o melhor para nós. Ainda que ele nos leve para o deserto, ou pelos vales, ou pelas ondas, ou pelos rios, ou até mesmo pelo fogo. Ele tem um propósito em mente: nos transformar à imagem de Jesus. Acolhamos o NÃO DE DEUS com humildade!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Jesus, o Filho de Deus

“Há muito temo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo”.  Hebreus 1.1-2

Os primeiros dois capítulos de Hebreus formam um conjunto admirável, pois enquanto o capítulo 1 apresenta Jesus Cristo como o Filho de Deus, o capítulo 2 retrata-o como ser humano. Hebreus 1 fala da singularidade de Jesus, mencionando cinco verdades principais sobre Cristo:

Primeiro,  Jesus Cristo é o clímax da revelação de Deus. Deus certamente Se revelou na história através dos profetas, mas foi uma revelação parcial e progressiva, ao passo que Sua revelação em Cristo foi final e completa. Assim, a última palavra de Deus ao mundo foi dada através de Jesus Cristo. É inconcebível que possa surgir uma revelação mais elevada ou plena que a que Ele nos deu em Seu filho encarnado. Jesus Cristo é o clímax de Sua revelação.

Segundo, Jesus Cristo é o Senhor da criação. Deus o constituiu “herdeiro de todas as coisas” (v. 2), uma vez que o universo foi feito por meio dEle. Assim, Ele é o princípio e o fim, a fonte e o herdeiro de todas as coisas; é Ele quem sustenta “todas as coisas por Sua palavra poderosa” (v. 3).

Terceiro, Jesus Cristo é o Filho do Pai. Ele é o “resplendor da glória de Deus” (luz da luz, um em essência com o Pai) e “a expressão exata do Seu ser” (distinto do Pai como uma estampa é distinta do selo) (v. 3).

Quarto, Jesus Cristo é o Salvador dos pecadores. Tendo concluído Sua obra de purificação dos pecados, Ele se assentou à direita do Pai.

Quinto, Jesus Cristo é adorado pelos anjos. Na verdade Ele se tornou “tão superior aos anjos quanto o nome que herdou é superior ao deles” (v. 4). Anjos são, indubitavelmente, seres magníficos e gloriosos, mas não se comparam a Jesus Cristo.

A seguir, o autor passa a citar vários textos do Antigo Testamento que falam, de diferentes maneiras, acerca de Sua supremacia. Por exemplo, “todos os anjos de Deus o adorem” (v. 6). O autor conclui esta parte nos advertindo solenemente a prestar muita atenção à mensagem dos apóstolos, para não corrermos o risco de nos desviarmos dela. (2.1-4).

Para saber mais: Hebreus 1.1-2.4

Texto extraído do Devocionário “A Bíblia Toda o Ano Todo”Meditações de Gênesis a Apocalipse. Autor John Stott. Editora Ultimato.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A perspectiva global da igreja


“Deus, nosso Salvador [...] deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.” 1 Timóteo 2.3-4

O que chama a atenção de imediato nos primeiros sete versículos de 1 Timóteo 2 é a repetição por quatro vezes (e por certo deliberadamente) da expressão “todos os homens”, com o sentido de “todas as pessoas”.

Primeiro, a igreja deve orar por todos. Não somente por todas as pessoas em geral, mas especialmente pelos reis e pelos líderes das nações, para que preservem a paz – mesmo que naquele tempo não houvesse nenhum governante cristão em lugar algum do mundo.

Segundo, o desejo de Deus diz respeito a todos. Deus quer que todos sejam salvos (v. 74). Ou seja, a igreja deve demonstrar interesse por todas as pessoas, pois Deus se interessa por todos. Além disso, a universalidade da mensagem do evangelho repousa sobre a unicidade de Deus: “Pois há um só Deus” (v. 5). O principal fundamento para as missões mundiais é o monoteísmo.

Terceiro, Cristo se entregou como resgate por todos. “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos” (v. 5-6). Não é suficiente afirmar que há somente um Deus; devemos acrescentar que há somente um mediador, um Salvador – o Filho de Deus, que se tornou “o homem Cristo Jesus” através de Seu nascimento e se entregou a si mesmo, em sua morte, como resgate por nós. É importante manter essas três palavras juntas – homem, resgate e mediador; elas remetem ao nascimento, à morte e à ressurreição. Deus primeiro se tornou homem para então nos resgatar, por isso não há nenhum outro mediador. Ninguém mais possui essas qualificações.

Quarto, a proclamação do apóstolo diz respeito a todos. Paulo foi chamado para se apóstolo, arauto e mestre aos gentios (ou seja, a todas as nações). Embora atualmente não existam mais apóstolos comparáveis a Paulo, há uma necessidade urgente de mais arautos e mestres do evangelho.

Resumindo, a igreja deve orar por todos (v. 1) e pregar a todos (v. 7). Por quê? Crisóstomo, um dos Pais da Igreja, nos dá a resposta: “Para imitar a Deus!” Como o desejo de Deus e a morte de Cristo dizem respeito a todos, então missão da igreja também deve ser para todos. Cada igreja é parte de uma comunidade local, mas deve ter uma perspectiva global.

Para saber mais: 1 Timóteo 2.1-7 
   
Texto extraído do Devocionário “A Bíblia Toda o Ano Todo”Meditações de Gênesis a Apocalipse. Autor John Stott. Editora Ultimato.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Legalismo, um caldo mortífero



Malcon Smith definiu legalismo como um caldo mortífero. Quem dele se nutre adoece e morre. O legalismo é uma ameaça à igreja, pois dá mais valor à forma do que a essência, mais importância à tradição do que a verdade, valoriza mais os ritos religiosos do que o amor. O legalismo veste-se com uma capa de ortodoxia, mas em última análise, não é a verdade de Deus que defende, mas seu tradicionalismo conveniente. O legalista é aquele que rotula como infiéis e hereges todos aqueles que discordam da sua posição. O legalista é impiedoso. Ele julga maldosamente com seu coração e fere implacavelmente com sua língua e espalha contenda entre os irmãos. 

As maiores batalhas, que Jesus travou foram com os fariseus legalistas. Eles acusavam Jesus de quebrar a lei e insurgir-se contra Moisés. Vigiaram os passos do Mestre, censuravam-no em seus corações e desandaram a boca para assacar contra o Filho de Deus as mais pesadas e levianas acusações. Acusaram-no de amigo dos pecadores, glutão, beberrão e até mesmo de endemoniado. Na mente doentia deles, Jesus quebrava a lei ao curar num dia de sábado, mas não se viam como transgressores da lei quando tramavam a morte de Jesus com requinte de crueldade nesse mesmo dia. 

O legalismo não morreu. Ele ainda está vivo e presente na igreja. Ainda é uma ameaça à saúde espiritual do povo de Deus. Há muitas igrejas enfraquecidas e sem entusiasmo sob o jugo pesado do legalismo. Há muitos cultos sem vida e sem qualquer manifestação de alegria, enquanto a Escritura diz que na presença de Deus há plenitude de alegria e delícias perpetuamente. J. I. Packer em seu livro Na Dinâmica do Espírito diz que não há nada mais solene do que um funeral. Há cultos que são solenes, mas não há neles nenhum sinal de vida. Precisamos nos acautelar contra o legalismo e isso, por três razões:

1. Porque dá mais valor à aparência do que ao coração. Os fariseus gostavam de tocar trombeta sobre sua santidade. Eles aplaudiam a si mesmos como os campeões da ortodoxia. Eles eram os separados, os espirituais, os guardiões da fé. Mas por trás da máscara de santidade escondiam um coração cheio de ódio e impureza. Eram sepulcros caiados, hipócritas, filhos do inferno.

2. Porque dá mais valor aos ritos do que às pessoas. Os legalistas são impiedosos com as pessoas. Censuram, rotulam, acusam e condenam implacavelmente. Não são terapeutas da alma, mas flageladores da consciência. Colocam fardos e mais fardos sobre as pessoas. Atravessam mares para fazer um discípulo, apenas para torná-lo ainda mais escravo do seu tradicionalismo. Os legalistas trouxeram uma mulher apanhada em flagrante adultério e lançaram-na aos pés de Jesus. Não estavam interessados na vida espiritual da mulher nem nos ensinos de Jesus. Queriam apenas servir-se da situação para incriminar Jesus. Os legalistas ainda hoje não se importam com as pessoas, apenas com suas idéias cheias de preconceito.

3. Porque dá mais valor ao tradicionalismo do que à verdade. Precisamos fazer uma distinção entre tradição e tradicionalismo. A tradição é a fé viva daqueles que já morreram enquanto o tradicionalismo é a fé morta daqueles que ainda estão vivos. A tradição, fundamentada na verdade, passa de geração em geração e precisa ser preservada. Mas, o tradicionalismo, filho bastardo do legalismo, conspira contra a verdade e perturba a igreja. Que Deus nos livre do legalismo. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! Aleluia!

domingo, 8 de maio de 2011

Maturidade cristã

”Ser maduro é ter um relacionamento maduro com Cristo, no qual o adoramos, confiamos nEle, o amamos e lhe obedecemos”  

[...] É lógico que, maturidade cristã é maturidade em nosso relacionamento com Cristo, no qual o adoramos, confiamos nEle, o amamos e lhe obedecemos, então, quanto mais clara for a nossa visão de Cristo, mas convencidos nos tornamos de que Ele é digno de nossa dedicação.

Na introdução do livro O Conhecimento de Deus, J. I. Packer escreve que somos “cristãos pigmeus porque temos um Deus pigmeu”. Podemos dizer, igualmente, que somos cristãos pigmeus porque temos um Cristo pigmeu. A verdade é que existem muitos “Cristos” sendo oferecidos nas religiões comerciais do mundo, e muitos deles são falsos Cristos, Cristos distorcidos, caricaturas do Jesus autêntico.

Atualmente, por exemplo, encontramos o Jesus capitalista competindo com o Jesus socialista. Há também o Jesus asceta se opondo ao Jesus glutão, sem falar nos famosos musicais – Godspell, com o Jesus palhaço, e Jesus Cristo Superstar. Existiram muitos outros. Porem, todos eram distorcidos e nenhum deles, merece nossa adoração e culto. Cada um é o que Paulo chama de “outro Jesus”, diferente do Jesus que os apóstolos proclamaram.

Assim, se queremos desenvolver uma maturidade verdadeiramente cristã, precisamos, acima de tudo, de uma visão renovada e verdadeira de Jesus Cristo – principalmente de uma supremacia absoluta, da qual Paulo fala em Colossenses 1.15-20. É uma das passagens cristológicas mais sublimes de todo o Novo Testamento. Eia uma simples paráfrase:

Jesus é a imagem visível do Deus invisível (v. 15); assim quem O vir, terá viso o Pai. Ele é também “o primogênito de toda a criação”. Não que Ele próprio tenha sido criado, mas Ele tem os direitos de um primogênito. E por isso é o “Senhor e cabeça” da criação (v. 16). Por meio dEle o universo foi criado. Todas as coisas foram criadas por meio dEle como agente e para Ele com cabeça, a unidade e coerência das coisas são encontradas nEle. Além disso, (v. 18) Ele é a cabeça do corpo da igreja. Ele é o princípio e o primogênito de entre os mortos, de tal maneira que em todas as coisas Ele possa ter a preeminência. Pois Deus se agradou (v. 19-20) ao fazer habitar toda a plenitude em Cristo e também ao reconciliar todas as coisas conSigo mediante Cristo, alcançando a paz por meio do sangue de Sua cruz.

Foi dessa forma que Paulo proclamou Cristo com Senhor – como Senhor da criação (Aquele por meio de quem todas as coisas foram feitas) e como Senhor da igreja (Aquele por meio de quem todas as coisas foram reconciliadas). Por causa de quem Ele é (a imagem e plenitude de Deus) e por causa do que Ele fez (Aquele que criou e reconciliou), Jesus Cristo tem uma dupla supremacia. Ele é o cabeça do universo e da igreja. Ele é o Senhor de todas as criações.

Essa é a descrição exata que o apóstolo faz de Jesus Cristo. Onde deveríamos estar senão como os rostos em terra diante dEle? Afastemos de nós o Jesus insignificante, fraco, pigmeu. Afastemos de nós o Jesus palhaço e pop star. Afastemos também o messias político e revolucionário. Eles são caricaturas. Se é assim que o enxergamos, não surpreende a persistência de nossa imaturidade.

Onde, então, encontraremos o Jesus autêntico? Ele deve ser encontrado na Bíblia – o livro que pode ser descrito como o retrato que o Pai fez do filho, colorido pelo Espírito Santo. A Bíblia é repleta de Cristo. Como Ele próprio diz as escrituras “testificam de mim” (Jo 5.39), Jerônimo, o antigo Pai da Igreja, escreve que “ignorância da Escritura é ignorância de Cristo”. Da mesma forma, podemos dizer que conhecer a Escritura é conhecer a Cristo.    
          
Fonte: Livro “O Discípulo Radical”, John Stott, Editora Ultimato.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cristianismo é Cristo

“Mas o que pará mim era lucro, passei a considerar com perda, por causa de Cristo. Mas do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi tosas a coisas.” Filipenses 3.7-8

É incrível como muitas pessoas pensam que a essência do cristianismo é crer no credo, viver uma vida reta ou ir à igreja. Todas essas coisas são importantes, mas não representam a centralidade de Cristo. Elas precisam ler a carta de Paulo aos Filipenses, especialmente o capítulo 1, versículo 21, que diz: ”Para mim, o viver é cristo”.

O Apóstolo amplia essa afirmação no capítulo 3, onde ele faz uma espécie de levantamento de perdas e lucros. De um lado, ele coloca tudo que poderia ser considerado como lucro – sua descendência, linhagem e educação; sua cultura hebraica; seu zelo religioso e sua justiça legalista. Do outro, ele coloca apenas uma palavra: Cristo. Depois de pesar tudo cuidadosamente, ele conclui: “Considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (v. 8). “Conhecimento de Cristo” é uma afirmação que aparece várias vezes no Novo Testamento e inclui um relacionamento pessoal com Cristo.

A seguir, o apóstolo continua: “Por quem perdi todas as coisas. Eu as considero com esterco para poder ganhar Cristo” (v. 8). Aqui, ele compara Cristo a um tesouro que alguém pode “ganhar”.

Paulo continua: “e ser encontrado nEle, não tenho a minha própria justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé” (v. 9). Esse é um versículo complicado, que precisa ser esclarecido melhor. Deus é justo. Portanto, é lógico que para entrarmos na Sua presença devemos ser justos também. Só há duas maneiras possíveis de se fazer isso. Uma é estabelecer a nossa própria justificação por meio da obediência à Lei, o que é impossível. Outra é aceitar a justificação como um dom de Cristo, que morreu por nós, e confiamos nEle.

Assim, quanto à salvação, nós nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos em nós mesmos. Cristianismo é Cristo – é conhecer a Cristo, ganhar a Cristo e confiar nEle.

Para saber mais: Filipenses 3.3-11