"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



segunda-feira, 28 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Nossa imagem de Deus (7ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15, Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundo é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.




”Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” Mateus 7.11

Parece que Jesus nos deu, na oração do Pai Nosso, um modelo de oração verdadeira, oração cristã, em contraste com as orações dos fariseus e dos pagãos. Por certo alguém poderia recitar a oração do Pai Nosso hipocritamente, de forma mecânica ou de ambas as maneiras. Mas, se as nossas palavras expressam aquilo que pensamos, a oração do Pai Nosso então se torna a alternativa divina para ambas as formas de oração falsa.

O erro do hipócrita é o egoísmo. Mesmo em suas orações, ele está obcecado com sua autoimagem e em como ela aparenta estar aos olhos do observador. Na oração do Pai Nosso, no entanto, os cristãos estão obcecados em Deus – com Seu nome, Seu reino e Sua vontade, não com a deles.

O erro do pagão é a insensatez. Ele fica tagarelando, dando voz à sua liturgia sem propósito. Contra essa tolice, Jesus nos convida a fazermos conhecidas nossas necessidades diante do nosso Pai celestial, com reflexão humilde, e assim expressar nossa dependência diária dEle.

Desse modo, a diferença fundamental entre vários tipos de oração são as imagens essencialmente diferentes de Deus que se encontram por trás deles. Que espécie de Deus é esse que poderia estar interessado em orações tão egoístas e desleixadas? Seria Deus uma mercadoria que podemos usar para promover o nosso próprio status, ou um computador que podemos alimentar com palavras? Dessas noções indignas, nos voltamos com alívio ao ensino de Jesus de que Deus é o Pai nosso que está nos céus. Precisamos nos lembrar de que Ele ama Seus filhos com a mais terna feição; que vê Seus filhos mesmo em lugar secreto; que conhece as necessidades de Seus filhos antes que eles peçam algo a Ele; e que age em favor deles com Seu poder celeste e real. Se assim permitirmos que a Escritura modele a nossa imagem de Deus, nunca iremos orar com hipocrisia, mas sempre com integridade; nunca de forma mecânica, mas sempre reflexivamente, como filhos de Deus que somos.

Para saber mais: Mateus 7.7-11

segunda-feira, 21 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Livra-nos do mal (6ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrtasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.


“E não os induzas à tentação; mas livra-nos do mal.” Mateus 6.13, ACF

Essa duas últimas petiçoes da oração do Pai Nosso na verdade são uma. Provavelmante devem ter sido tomadas juntas como aspectos negativos e positivos da mesma oração. Dosi problemas, no entanto, nos confrontam.

Primeiro, a Bíblia nos diz que Deus não nos tenta, ou não pode nos tentar (Tg 1.13). Sendo assim, qual o sentido de orar para que Ele não faça aquilo que prometeu nunca fazer? Alguns respondem interpretando “tentação” como “provação”. Uma melhor explicação, no entanto, está na união dos duas orações do período: entender “não nos induza à tentação” à luz da contrapartida “livra-nos do mal”, e interpretar “mal” como “o maligno”. Ou seja, é o Diabo que está à vista, que tenta induzir o povo de Deus a pecar, e de quem precisamos ser resgatados.

Segundo, a Bíblia diz que as tentações e provas são boas para nós (tg 1.2). Se elas são benéficas, então porque orarmos para não cairmos nelas? A resposta provável é que essa é uma oração mais para vencermos a tentação do que para evitá-la. Poderíamos então parafrasear a petição: “Não permitas que sejamos levados à tentação e caiamos nela, mas que sejamos resgatados do mal”.

Olhando para trás agora, podemos observar que as três petições da oração do Pai Nosso são maravilhosamente abrangentes. Em princípio, elas cobrem todas as nossas necessidades humanas – materiais (o pão nosso de cadas dia), espirituais (o perdão dos nossos pecados) e morais (nosso livramento do mal). Quando fazemos essa oração, estamos expressando nossa humilde dependência de Deus em todas as áreas da existência humana. Além disso, um cristão trinitáriano tem a obrigação de ver nessas três petições uma alusão velada às três pessoas da Trindade, uma vez que é por meio da criação e da providência do Pai que recebemos o pão nosso de cada dia; é a través da morte substitutiva do Filho que recebemos o perdão dos nossos pecados; e é por intermédio do poder do Espírito Santo, que habita em nós, que podemos ser livres do mal. Não é de admirar que alguns manuscritos antigos (embora não os melhores) terminem com a doxologia, atribuindo o reino, o poder e a glória a esse Deus triúno a quem eles pertencem com exclusividade.

Para saber mais: 1 João 3.7-10   

quinta-feira, 17 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Perdoa os nossos pecados (5ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrtasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.



”Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” Mateus 6.12

Marghanita Laski, famosa romansista e crítica inglesa do século 20, jamais escondeu o seu ateísmo. Um dia, no entanto, na televisão, num momento surpreendente de sinceridade, ela deixou escapar: ”O que eu mais sinvejo nos cristãos é o perdão que receberam; não tenho ninguém para me perdoar”. Ela estava certa. O perdão está no cerne do evangelho. Na verdade, ele é indispensável para a vida e a saúde da alma, assim como o alimento o é para o corpo.

Desse modo, a petição seguinte, na oração do Pai-Nosso, é “perdoa as nossas dívidas”. O pecado se assemelha a uma dívida porque merece ser punido e porque, quando Deus nos perdoa, Ele perdoa as dívidas e retira a acusação contra nós.

A adição das palavras “assim como perdoamos aos nossos devedores” é enfatizada mais adiante nos versículos 14 e 15, que seguem a oração e declaram que nosso Pai nos perdoará se perdoarmos aos outros, mas que não nos perdoará se nos recusarmos a perdoar aos outros. Isso certamente não quer dizer que nosso perdão aos outros nos dará o direito de sermos perdoados, mas que Deus perdoa somente ao arrependido e que uma das principais evidências do verdadeiro arrependimento é o espírito perdoador. Uma vez que nossos olhos tenham sido abertos para ver o tamanho enorme de nossas ofensas contra Deus, as injúrias que outros possam ter cometido cotra nós parecem extremamente insignificantes. Se, por outro lado, temos uma visão exagerada das ofensas dos outros, isso mostra que temos minimizado as nossas. É a disparidade entre o tamanho das dívidas que é o ponto principal da parábola do servo impiedoso. Sua conclusão é: “Cancelei toda a tua dívida [que era enorme]... Você não deveria ter tido misericórdia do seu concervo [cuja dívida era insignificante] como eu tive de você? (18.32-33)

Para saber mais: Mateus 18.23-35

sexta-feira, 11 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Dá-nos o pão de cada dia (4ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrtasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.


“Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário.” Provérbios 30.8


Na segunda metade da oração do Pai-Nosso, o adjetivo possessivo muda de tu para nós; nos voltamos para questões relacionadas a Deus para as que dizem respeito a nós. Tendo expressado nosso interesse ardente pela glória de Deus, expressamos agora nossa humilde dependência de sua graça. Embora as nossas necessidades pessoais tenham sido relegadas a segundo plano, elas não foram eliminadas. Evitar mencioná-las por não querermos incomodar a Deus com tais trivialidades é um grande erro; tanto quanto permitir que elas dominem as nossas orações. 


Alguns comentaristas antigos não conseguiam crer que Jesus desejasse que o nosso primeiro pedido fosse pelo pão literal. Parecia inadequado a eles. Assim, eles tornaram a petição em uma alegoria. Pais da igreja, como Tertuliano, Cipriano e Agostinho pensaram que a referência fosse ao pão invisível ou à Palavra de Deus (Agostinho), ou ao pão sacramental da santa ceia. Deveríamos ser gratos pelo entendimento mais abrangente e prático dos reformadores. Calvino chamou a espiritualização dos pais da igreja de “imensamente absurda”. Lutero escreveu que o pão era um sinônimo de “tudo o que era necessário para a preservação da desta vida, como o alimento, o corpo saudável, o clima agradável, a casa, o lar, a esposa, os filhos, os bons governos e a paz”.

A oração para que Deus nos dê essas coisas não nega, é claro, que a maioria das pessoas tenha de ganhar o seu sustento ou que sejamos conclamados a alimentar os famintos. Ao contrário, ela é uma expressão de nossa extrema dependência de Deus, que normalmente usa meios humanos de produção e de distribuição através dos quais realiza os seus propósitos. Além disso, parece que Jesus queria que seus seguidores estivessem conscientes de uma dependência diária. O adjetivo grego epiousios em “o pão nosso de cada dia” era totalmente desconhecido dos antigos, tanto que Orígenes pensou que os evangelistas o tivessem cunhado. Quer ele signifique “para o dia presente” ou “para o dia seguinte”, trata-se de uma oração pelo futuro imediato. Devemos viver um dia de cada vez. Dar graças antes das refeições é reconhecer isso. E trata-se de um valioso hábito cristão.

Para saber mais: Deuteronômio 26.1-11    


  


sexta-feira, 4 de março de 2011

Série Oração do Pai-Nosso - Interesse pela glória de Deus (3ª)

Publicaremos mais uma série de 7 postagens de autoria do Pastor John Stott sobre A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO contidas no Devocionário “A BÍBLIA TODA O ANO TODO”, Editora Ultimato.

No ensino de Jesus sobre a oração, conforme registrado em Mateus 6.7-15,  Ele enfatiza que a hipocrisia não é o único pecado a ser evitado na oração. Há outro, que são as “vãs repetições” (v.7, ARA), ou expressões sem sentido e mecânicas. O primeiro é a tolice do fariseu; o segundoi é do gentio, ou pagão. A hipocrisia é uma deturpação do propósito da oração (desviando-a da glória de Deus para a glória do eu); a verborragia é uma deturpação da própria natureza da oração (tornando-a, de uma abordagem real e pessoal a Deus, em um mero recitar de palavras). Jesus então contrtasta o modo pagão de eloquência sem sentido com o modo cristão da comunhão significativa com Deus, e ilustra isso por meio da beleza e do equilíbrio da oração do Pai-Nosso.




“Pai nosso, que estais nos céus! Santificado seja o Teu nome. Venha o Teu Reino; seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu.” Mateus 6.9-10

A oração do Pai Nosso contém seis petições. As três primeiras dizem respeito à glória de Deus (Seu nome, Seu Reino e Sua vontade). Já o segundo trio de pedidos se refere a nós e às nossas necessitades (o pão de cada dia, o perdão e o livramento). Uma prioridade semelhante é reconhecida nos Dez Mandamentos, quando os cinco primeiros lidam com a nossa obrigação para com Deus, e os outros cinco, com a nossa obrigação para com o próximo.

Hoje iremos concentrar nossa atenção na glória de Deus em relação ao Seu nome, Seu Reino e Sua vontade. Um nome representa a pessoa que o tem, sua natureza, caráter e atividade. Sendo assim, o “nome” de Deus é o próprio Deus, uma vez que revela a si mesmo. Seu nome já é santo por se exaltado acima de todo nome. No entanto, oramos para que Ele seja santificado, ou seja, que receba a honra que lhe é devida em nosssas vidas, na igreja e no mundo.

O Reino de Deus é o Seu domínio real, não somente em Sua absoluta soberania sobre a natureza e a história, mas também ao ter entrado no mundo com Jesus. Orar pela vinda do Reino é orar para que ele cresça à medida que as pessoas se submetem a Jesus através do testemunho da igreja, e para que ele seja consumado quando Jesus retormar em glória.

 A vontade de Deus é a vontade dAquele que é perfeito em conhecimento, amor e poder. Por isso é tolice resistir a ela. E é sabedoria discerní-la, desejá-la e cumprí-la. Precisamos orar, portanto, para que a vontade de Deus seja feita na terra assim como no céu.      

É relativamente fácil repetir as palavras do Pai Nosso como um papagaio, ou como um “tagarela” pagão. Orá-las com sinceridade, contudo, tem implicações revolucionárias. Nosssa prioridade se torna não mais a promoção do nosso insignificante nome, reino e vontade, mas do de Deus. Conseguirmos orar essas petições com integridade será um teste de busca da realidade e da profundidade de nossa profissão cristã.

Para saber mais: Efésios 1.3-14