"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



sábado, 25 de setembro de 2010

A verdade

Leitura Bíblica: Jeremias 5.1-5
Por Teodoro Laskowski

"Vocês ouviram [a respeito da esperança que lhes está reservada nos céus] por meio da palavra da verdade, o evangelho que chegou até vocês." (Cl 1.5-6a)

Você já ouviu alguém dizer que o mundo está melhorando? A ciência trouxe avanços nos meio de transporte, na comunicação, na medicina e em outras áreas. No sentido espiritual, porém, o mundo não mudou muito. Jeremias tinha a missão de procurar alguém que procurasse a verdade e agisse com honestidade, mas ele não encontrou - todos tinham abandonado o Senhor. Hoje será muito diferente?

Devido a tendência do pecado (Rm 3.10-23) que o homem tem desde que Adão e Eva forma enganados por satanás, o pai da mentira (Jo 8.44) e desobedeceram a Deus, ninguém é absolutamente bom. O Superenganador continua continua inventando meios cada vez mais sutis para iludir as pessoas, especialmente no campo espiritual. Ele envia falsos profetas para que se infiltrem no meio cristão e disseminem doutrinas errôneas, que não levam a Deus, fazendo com que até aqueles que buscam sinceramente a verdade a respeito de Deus sejam levados ao erro. Quando Paulo escreveu aos colossenses, aquela igreja tinha sido infectada com uma doutrina falsa e muitos estavam confusos, sem saber qual era a verdade. Paulo assegurou que tinham ouvido "a palavra da verdade, o evangelho" quando decidiram ser cristãos.

A verdade que Deus enviou seu único Filho para que tivéssemos perdão, acesso a Deus e a vida eterna é a base de todo o ensino bíblico. Quando o primeiro homem pecou, Deus prometeu alguém que venceria a serpente (Gn 3.15). As profecias da vinda do Messias - o Deus-Homem, Jesus Cristo - culminaram em sua vida, morte e ressurreição. Depois, Jesus subiu ao céu, de onde enviou seu Espírito para habilitar os cristãos a proclamar o evangelho no mundo todo. Hoje Deus encontraria pessoas que buscam a verdade? Sejamos fiéis para que por nosso intermédio a mensagem da verdade alcance muitos outros! 

Pão Diário 2010

   

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A lógica da revelação

Por John Stott

“Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os Meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os Meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos.” (Isaías 55.9)

O Cristianismo é essencialmente uma religião revelada. Não saberíamos nada sobre Deus se Ele não tivesse se revelado a nós. Isso é particularmente verdade em relação ao caráter misericordioso de Deus. Ele oferece água de graça ao sedento, um lugar gratuito na aliança das nações, e perdão ao ímpio (v. 1-7). Quem mais poderia ter inventado esse evangelho da graça? Ele é muito bom para ser verdade! Só podemos conhecê-lo através da revelação divina. Considere a sua lógica.

Primeiro, os pensamento de Javé são inacessíveis para nós. Eles são muito mais elevados que os nossos pensamentos, assim como os céus estão acima da terra. Nossas pequenas mentes não podem alcançar a mente infinita de Deus (v. 8-9).

Segundo, os altos pensamentos de Javé descem até nós com a chuva e a neve descem do céu (v. 10).

Terceiro, os pensamentos de Javé estão ao nosso alcance porque foram colocados em palavras. Esse discurso humano é o modelo da revelação divina. É por meio das palavras de nossa boca que comunicamos os pensamentos de nossas mentes. Não podemos ler a mente dos outros, a menos que falemos; muito menos a mente de Deus, a menos que Ele fale. E Deus falou, Sua palavra desce até nós.

Quarto, a palavra de Javé é poderosa; ela sempre alcança o seu propósito (v. 10-11).

Os últimos dois versículos deste capítulo (v. 12-13) descrevem através de imagens poéticas hebraicas, as imensas bênçãos desfrutadas pelo povo de Deus que tem acolhido a palavra de Deus. Eles experimentam um novo êxodo (v. 12), e herdam uma nova terra prometida (v. 13). Não é de admirar que estejamos cheios de alegria e de contentamento.

Para saber mais: 1 Corintios 2.6-10     

Texto retirado do Devocionário A Bíblia Toda, o Ano Todo Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, de John Stott, Tradução Jorge Camargo, Editora Ultimato.     

sábado, 18 de setembro de 2010

Um mundo novo

Por John Stott

“Assim como os novos céus e a nova terra que vou criar serão duradouros diante de mim”, declara o Senhor, “assim serão duradouro os descendentes de vocês e o seu nome” (Isaías 66.22)

Os olhos proféticos de Isaías agora examinam o futuro e se concentram na missão universal da igreja (v. 18-21) e na restauração final do universo (v. 22-24). Quanto à missão cristã, o profeta destaca três aspectos. Primeiro, seu campo de ação inclui todas as nações. Nos versículos 18-20 encontramos quatro referências a um “ajuntamento de todas as nações”. Segundo, seu motivo (o fator que desencadeia a ação) é a rejeição ao evangelho por parte de Israel. Lucas afirma esse fato no livro de Atos em quatro situações distintas. Corresponde à visão do apóstolo Paulo unindo judeus e gentios em Cristo. Terceiro, o objetivo da missão cristã é a glória de Deus (v. 18-19), proclamada pelos missionários e vista e reconhecida através de seus discípulos.

A partir do verso 22, o profeta avança rapidamente para o fim da história, quando Deus criará um novo céu e uma nova terra. Ele já havia se referido a isso num capítulo anterior (65.17), e mais tarde Jesus e Seus apóstolos irão repetir esta mesma profecia (MT 19.28; 2Pe 3.13; AP 21.1,5). Duas características se destacam aqui. A primeira é que esse novo universo será em parte material, uma vez que incluirá uma nova terra, transformada e glorificada. Mais tarde, Paulo irá escrever que a própria natureza criada será libertada da escravidão em que se encontra (Rm 8.18-25). Assim como nossos corpos ressuscitados desfrutarão ao mesmo tempo da continuidade e da descontinuidade com esses corpos, o novo céu e a nova terra desfrutarão dessa mesma continuidade e descontinuidade. A segunda é que o novo céu e a nova terra irão permanecer tanto quanto seus habitantes. Somente aqueles que deliberadamente se rebelarem contra Cristo serão destruídos (com lixo entregue ao depósito fora de Jerusalém [Is 66.24]).

Essa duas ênfases (missão universal e restauração definitiva) estão vinculadas ao ensino de Jesus, pois Ele ordenou que levássemos o evangelho até os confins da terra, e só então viria o fim. Os dois fins irão coincidir. Enquanto isso, o intervalo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo deve ser preenchido pela obra missionária da igreja por todo o mundo.

Para saber mais: 2 Pedro 3.1-13    

Texto retirado do Devocionário A Bíblia Toda, o Ano Todo Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse, de John Stott, Tradução Jorge Camargo, Editora Ultimato.     

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Igreja, um povo conhecido na terra e no céu


O apóstolo Paulo em Efésios 3.14-21 faz uma das mais ousadas orações conhecidas na história em favor da Igreja. Isso, porque a fez inspirado pelo Espírito Santo e porque ousou pedir a Deus algo que transcende o nosso próprio entendimento. Paulo se põe de joelhos, diante do Pai, que toma o nome de toda família, tanto no céu como sobre a terra. Três verdades gloriosas se destacam nesta oração:
1. A igreja é um povo fortalecido com o poder do Espírito Santo (Ef 3.14-16) – Paulo ora pela igreja pedindo a Deus que atenda sua oração segundo a riqueza da sua glória. A glória de Deus é a soma total de todos os seus atributos e a manifestação suprema de todo o esplendor de Deus. Paulo não pede prosperidade, riqueza ou saúde, muito embora essas coisas sejam boas em si mesmas. Ele pede a Deus que a igreja seja fortalecida com poder mediante o Espírito Santo. A maior necessidade da igreja não é das bênçãos de Deus, mas do próprio Deus. Somente uma igreja cheia do Espírito e fortalecida com o seu poder, pode viver neste mundo tenebroso vitoriosamente. Precisamos do poder do Espírito para vivermos em santidade, para perdoarmos uns aos outros, para pregarmos o Evangelho e para glorificarmos a Deus com o nosso viver. Esse poder opera em nosso interior e não em manifestações de autopromoção. Quanto mais cheio do Espírito estivermos mais humildes seremos; mais o nome de Cristo aparecerá e o nosso diminuirá.
2. A igreja é um povo habitado por Deus (Ef 3.17,19) – O apóstolo pede em oração para que Cristo habite no coração da igreja (Ef 3.17) e que a igreja seja tomada de toda a plenitude de Deus (Ef 3.19). Mais tarde Paulo vai ordenar a igreja a ser cheia do Espírito Santo (Ef 5.19). Desta maneira, a igreja deve ser a habitação do Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Quais as implicações de Cristo habitar em nós? Isso significa que ele é dono da casa e tem em suas mãos todas as chaves. Ele tem poder e liberdade para mudar o que precisa ser mudado nessa casa e até de jogar fora o que não lhe convém.  O que Paulo quis dizer quando orou para que sejamos tomados de toda a plenitude de Deus? Nenhum teólogo por mais profundo que seja em sua reflexão jamais pôde explicar plenamente a profundidade desse pedido do apóstolo. O nosso Deus é transcendente. Nem os céus dos céus podem contêlo. Ele é maior do que tudo quanto ele mesmo criou. Agora, porém, o velho apóstolo está pedindo que toda a plenitude de Deus possa habitar em nós. Quando pensamos que esse pedido é um arroubo utópico do apóstolo veterano, ele acrescenta: “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém” (Ef 3.20,21).
3. A igreja é um povo firmado no amor de Cristo (Ef 3.17-19) – Quando Cristo habita em nós, sua vida é demonstrada ao mundo através de nós. Paulo ora para que a  igreja seja arraigada e alicerçada em amor (Ef 3.17). Ele usa duas figuras, uma procedente da botânica e outra da construção civil. Devemos estar arraigados em amor como uma árvore é sustentada pelas suas raízes e devemos estar alicerçados em amor como um prédio está plantado sobre seus alicerces. Paulo ainda ora para que a igreja, juntamente com todos os santos, compreenda as dimensões do amor de Cristo: sua largura, comprimento, altura e profundidade (Ef 3.18). Finalmente, o apóstolo suplica a Deus para que a Igreja conheça, na prática, o amor de Cristo que excede todo entendimento (Ef 3.19). Quando a igreja está firmada no amor de Cristo, ela compreende não apenas que é receptáculo desse bendito amor, mas também, se ransforma em canal desse amor para todo o mundo. Somos uma igreja conhecida no céu por causa da graça de Cristo. Que sejamos, agora, conhecidos na terra por causa do nosso testemunho irrepreensível!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Governo

Por Vanessa Weiler Ribas 
Leitura Bíblica: Esdras 6.1-12

“O Senhor os encheu de alegria ao mudar o coração do rei da assíria, levando-o a dar-lhes força para realizarem a obra de reconstrução do templo de Deus, o Deus de Israel.” (Ed 6.22)

A situação política em que vivemos faz penar que Deus não está interessado nesse assunto, pois não vemos qualquer realização que busque Seu louvor – ao contrário, constantemente ouvimos de novos projetos de lei para limitar nossa prática religiosa. Será que os governantes podem ser influenciados por Deus? Adianta orar para que isso aconteça?

O livro de Esdras mostra Deus agindo por meio dos poderosos da época para cumprir seus propósitos. Um deles foi Ciro, rei persa, cujo coração Deus despertou (Ed 1.1) para que autorizasse a volta do povo judeu do exílio para sua terra, visando sua restauração. Além disso, ele devolveu os utensílios sagrados que haviam sido confiscados.

Depois, Dario encontrou aquele decreto e ordenou que a reconstrução prosseguisse sem interferências. Além da autorização, o império colocou à disposição dos judeus o dinheiro que fosse necessário par as despesas da reconstrução e também animais e outros tipos de ofertas para que se fizessem sacrifícios. Assim eles foram fortalecidos e terminaram a obra.

Essa é uma das histórias bíblicas em que vemos com clareza a soberania de Deus sobre todo e qualquer governo humano. Na verdade, é Ele quem os coloca no poder (Dn 4.17). O domínio de Deus abrange tudo e todos, mesmo os que rejeitam Seu governo.

Não podemos esquecer esse fato. Mesmo que vivamos em uma democracia, é Deus, e não a maioria dos eleitores, que vai estabelecer os governos. Nosso dever, então, é pedir orientação divina quanto ao nosso voto e também interceder por nossas autoridades. (1 Tim 2.2), sejam eles do nosso agrado ou não.

Assim como Deus usou aqueles governantes, pode também usar os nossos para Sua honra e glória e até mesmo para o nosso benefício.

De acordo com Sua vontade, Deus usa governantes para cumprir Seus propósitos.       

Pão Diário 2010 

domingo, 5 de setembro de 2010

A Igreja como um “Corpo”

Muitas pessoas hoje acham difícil compreender o sentido de identidade cristã como um “corpo”. Estamos tão mergulhados no individualismo da cultura ocidental moderna que nos sentimos ameaçados diante da idéia de que a nossa identidade primária seja a da família à qual pertencemos – especialmente quando a família em questão é muito ampla, estendendo-se através do tempo e do espaço.

A Igreja não é simplesmente um ajuntamento de pessoas, cada uma buscando seu próprio caminho de crescimento espiritual, sem que haja qualquer tipo de relacionamento entre elas. Ela até pode às vezes parecer ou dar a impressão de ser algo assim. É verdade que Deus chama cada um de nós de forma pessoal. Você pode tentar se esconder nas sombras do fundo da Igreja por um tempo, porém mais cedo ou mais tarde terá de tomar uma decisão.

Precisamos, no entanto, aprender (tomado a imagem paulina do “corpo de Cristo”) que a mão não é menor por ser parte de um todo maior, o corpo inteiro. O pé não tem sua liberdade diminuída como pé por fazer parte de um corpo que também contém olhos e ouvidos. Na verdade, mãos e pés desfrutam de maior liberdade quando estão em harmonia com olhos, ouvidos e as demais partes do corpo. Cortá-los como forma de garantir a liberdade de cada um seria um verdadeiro desastre.

Em particular, seria negar o propósito real para o qual a Igreja foi chamada a existir. De acordo com os cristãos primitivos, a Igreja não existe a fim de prover um lugar para as pessoas cumprirem suas agendas espirituais particulares ou desenvolverem seu próprio potencial espiritual. Também não é um refugio seguro onde as pessoas podem se esconder da maldade do mundo e garantir que chegarão a salvo ao destino celestial. Em ultima análise, o crescimento espiritual e a própria salvação vêm como consequência do propósito principal e mais elevado para o qual Deus tem nos chamados.

O propósito de Deus, colocado de forma clara em várias passagens no Novo Testamento, é anunciar ao mundo, através da Igreja, que Ele é de fato seu sábio, amoroso e justo Criador; que através de Jesus os poderes que corrompem e escravizam o mundo foram derrotados e que ele está agindo, através de seu Espírito, para curar e renovar o mundo.

Em outras palavras, a igreja existe em função daquilo que por vezes chamado de “missão”, ou seja, anunciar ao mundo que Jesus é o Senhor. Estas são as “boas novas” que, quando anunciadas, transformam as pessoas e as sociedades. ”Missão”, em termos gerais ou específicos, é a razão de ser da igreja. Deus quer endireitar o mundo, e para isso colocou em prática esse dramático projeto através de Jesus. Aqueles que pertencem a Jesus são chamados, aqui e agora, para serem agentes desse propósito divino, pelo poder do Espírito Santo. A palavra “missão” vem do latim “enviado”: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21), disse Jesus depois de ter ressuscitado.

[...] desde o início, Jesus ensinou que todos aqueles que são chamados para falar do amor restaurador de Deus e endireitar o mundo devem ser pessoas cujas vidas foram restauradas por meio desse mesmo amor. Os mensageiros devem viver aquilo que pregam. Assim, apesar de o chamado de Deus à Igreja ser para missões, os missionários – ou seja, todos os cristãos – se consideram pessoas que têm sido endireitadas.

Texto retirado do Livro: Simplesmente Cristão – Porque o Cristianismo faz Sentido de N. T. Wright – Editora Ultimato.