"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."

Agostinho de Hipona



terça-feira, 23 de março de 2010

O AMOR RESTAURADOR DO PAI E A VOLTA DO PRÓDIGO AO LAR




Em Lucas 15 Jesus contou três parábolas imortais. Todas elas têm a mesma ênfase: a restauração dos que haviam se perdido. Há algumas progressões nessas parábolas: de cem ovelhas, uma se desviou; de dez moedas, uma foi perdida; de dois filhos, um abandonou a casa paterna. A ovelha se desviou por descuido; a moeda foi perdida por negligência; o filho foi embora de casa por ingratidão. Nos três casos, há um processo de busca ou espera. As parábolas terminam com o mesmo enfoque, a alegria do reencontro com os que se haviam perdido. As três parábolas, embora com nuances diferentes, têm a mesma lição central: Deus ama os pecadores, mesmo aqueles que são enjeitados pela sociedade, ou rejeitados pela religião. Deus se alegra na salvação deles e festeja a sua volta ao lar. Vamos nos deter, agora, na última parábola.

Embora essa seja mundialmente conhecida como a parábola do filho pródigo, sua lição central recai não na fuga do filho rebelde, nem mesmo no seu arrependimento e volta ao lar, mas no amor gracioso do pai. A despeito do pródigo não valorizar o conforto do lar nem a companhia do pai e do irmão; a despeito do pródigo pedir sua herança antecipada e assim, considerar o seu pai morto; a despeito do pródigo romper os laços com sua família de forma tão radical e sair para uma terra distante para viver na dissolução, esbanjando os seus bens com os prazeres do pecado; a despeito do pródigo, com profunda ingratidão, ter calcado debaixo dos seus pés o amor do pai e todos os valores morais aprendidos com ele; a despeito do pródigo ter esbanjado toda a herança com vida desregrada e colher os frutos amargos de sua maldita semeadura; a despeito do pródigo voltar para casa maltrapilho e sujo, arruinado e falido, o pai corre ao seu encontro, o abraça, o beija, o restaura e celebra a sua volta. Esse amor restaurador do pai tem algumas características:

Em primeiro lugar, é o amor que procura e espera a volta do pródigo. Não é o homem perdido que busca a reconciliação com Deus; é Deus quem o procura, quem muda seu coração e quem o recebe de volta. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo. Tudo procede de Deus. É ele quem nos escolhe, chama, justifica, glorifica e festeja a nossa volta aos seus braços.

Em segundo lugar, é o amor que perdoa e restaura o pródigo. O filho pródigo não foi recebido de volta como um escravo, mas como filho. O pai corre ao seu encontro e o abraça e o beija. O pai manda lhe colocar vestes novas, sandálias nos pés e anel no dedo. O perdão é real e a restauração é completa. Para sermos reconciliados com Deus, três atitudes divinas foram tomadas: Primeiro, Deus não imputou a nós as nossas transgressões (2Co 5.19). Segundo, Deus colocou as nossas transgressões sobre Jesus (2Co 5.21a). Terceiro, Deus imputou a justiça de Cristo a nós (2Co 5.21). Estamos não apenas de volta ao lar, mas também perdoados e justificados.

Em terceiro lugar, é o amor que celebra a volta do pródigo ao lar. Deus não só perdoa e restaura, ele também festeja a volta do filho prodigo ao lar. Há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. Houve festa, música e alegria na casa do Pai, porque o filho que estava perdido foi encontrado, o filho que estava morto, reviveu. Deus se alegra quando os pródigos voltam para casa. Deus celebra com entusiasmo quando os pecadores se arrependem. Os anjos de Deus comemoram a chegada dos pródigos ao lar paterno. Deus tem prazer na misericórdia. Ele se deleita na salvação dos perdidos. Oh, amor bendito! Oh, graça infinita! Oh, salvação gloriosa!

sábado, 20 de março de 2010

ACASO

Eclesiastes 9:11-16

"Cheguei a conclusão de que os justos e os sábios, e aquilo que eles fazem, estão nas mãos de Deus. O que os espera, seja amor ou ódio, ninguém sabe" (Ec 9.1)

Você já parou para pensar como nem sempre as coisas vão bem para as pessoas boas? E como algumas pessoas que vivem fazendo o que é mau são bem sucedidas? Nosso texto fala um pouco sobre isso.

Nem sempre os mais velozes, fortes e prudentes são os vitoriosos. A Bíblia afirma que o sol nasce sobre justos e injustos. A chuva realmente não cai apenas na plantação dos fieis a Deus, e as tempestades não vêm apenas para o barco pirata.

O livro de Eclesiastes repete varias vezes a expressão “debaixo do sol”. Quando essas palavras aparecem, o escritor se refere aos acontecimentos e à vida neste mundo – uma forma de mostrar a diferença entre esta vida e a vida e a vida no céu.

No céu, os filhos de Deus verão o fim de suas dores e limitações. Deus afirma em Apocalipse que Ele enxugará dos olhos toda lágrima. Mas enquanto vivemos aqui neste mundo, alegria e tristeza se alternam.

O versículo11 do nosso texto diz que “Tudo depende do tempo e do acaso”. A palavra acaso aqui quer dizer que Deus ordena os acontecimentos de maneira inesperada para nós e até parecem desordenados conforme a nossa maneira de pensar. Ninguém sabe o que acontecerá amanhã.

Isso não significa que tanto faz ser uma pessoa boa ou má. É claro que devemos ser prudentes, estudiosos e trabalhadores, e buscar fazer o bem. Mas não podemos pensar que com isso só acontecerão coisas boas em nossa vida.

Da mesma forma podemos ter uma alimentação saudável e ainda assim contrair uma doença grave. Posso ser um ótimo trabalhador e perder o emprego, ser um bom cristão e passar por aflições.

Mesmo não entendendo por que passamos por algumas dificuldades, podemos saber que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rom 8:28). Não conhecemos o propósito de tudo, mas podemos confiar em Deus, o autor da nossa vida. – HSG

As dores são temporárias, e a alegria será eterna.

Pão Diário 

     

domingo, 14 de março de 2010

AO DEUS DESCONHECIDO

Atos 17:16-34
Por Maurício Jordão de Souza

Ao passar por Atenas, o apostolo Paulo condoeu-se ao se deparar com tamanha idolatria daquele povo de tal forma, que no tempo em que esteve por lá, disputava com os judeus e religiosos nas sinagogas e diariamente nas praças com os que se apresentavam, a respeito de Jesus Cristo e da ressurreição dos mortos. Como os atenienses se ocupavam unicamente de dizer e ouvir novidades, indagaram do apóstolo a respeito desta “nova doutrina” que lhes falava.

Ao ser conduzido ao areópago, lhes disse: “... varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo é o que eu vos anuncio.” (Atos 17:22,23)

Muitos, pelo fato de ainda não conhecerem a Deus e a Sua vontade pela Sua Palavra, a Bíblia, ainda cultuam outros deuses, atribuindo-lhes a autoria das coisas tanto naturais quanto sobrenaturais que lhes sobrevêm ao longo de suas vidas.

Desconhecem o Deus do impossível, o Senhor do universo que trouxe à existência todas as coisas visíveis e não visíveis; acreditam em casualidades, sorte, acasos, concedendo os créditos, a forças ocultas e entidades espirituais que supostamente regem e atuam em suas vidas terrenas, seja de maneira positiva ou não. Não se enganem, “Deus é o Senhor das incertezas e dos imprevistos”, Seus desígnios são insondáveis e imutáveis.

No contexto da narrativa em questão, o Apóstolo Paulo esclarece que Deus é quem nos dá “a vida, a respiração e todas as coisas” (v 25). Como crer no acaso se até mesmo os cabelos de nossas cabeças estão contados (Mat. 10:30) pela soberania de Deus Pai? Como atribuirmos à outra fonte de poder os acontecimentos de nossas vidas? Devemos cultuar a Deus de maneira racional: "porque nele vivemos, nos movemos e existimos ...” (v 28).

Nossas vidas estão repletas dos mistérios de Deus porque Ele nos ama incondicionalmente, fomos criados à sua imagem e semelhança, somos a coroa de Sua criação, temos a real possibilidade de glorificá-lo a partir de nossos atos e atitudes em Cristo Jesus, pois, “Ele é o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vai ao pai senão por Ele”. (João 14:6)

A Bíblia é o único livro que registra as palavras de Deus, ela é direcionada a nós e por si só se revela. Muitos tentaram destruí-la ao longo da história, mas sucumbiram e ela permanece inerrante e infalível. Cerca de seiscentos milhões de cópias da Bíblia são distribuídas anualmente. Noventa e sete por cento da população mundial possui um exemplar traduzido em sua língua. Ela é de fato a Palavra de Deus! Devemos ter consciência de que o “evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rom. 1:16), devemos crer que a Bíblia é verdadeiramente a palavra do Deus vivo, para que possamos tê-la como regra de fé e de conduta e assim possamos viver nesse tempo emprestado de Deus como seus filhos, coerdeiros com Cristo Jesus.   

Que tributemos glória ao Senhor da glória. Que busquemos a verdade  nAquele que é de fato a verdade. E que vivamos à luz de Sua palavra para a honra e a glória de Deus pai eterno e da do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amem.          

quarta-feira, 3 de março de 2010

AS CITAÇÕES DOS APÓCRIFOS NO LIVRO CANÔNICO DE JUDAS

Judas, verso 9.
Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda.”
Judas, verso 14.
Quando a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades.”

A informação do verso 9 está no livro apócrifo, perdido, “Ascensão de Moisés”; a do verso 14 encontra-se no também apócrifo “Livro de Enoque”, do qual nos chegou aproximadamente um terço. Ambos foram produzidos no início do primeiro século por escritores judeus que tomaram emprestados nomes de patriarcas, numa tentativa de dar credibilidade a suas respectivas seitas heréticas.

ESTUDO
I. Suposições
1ª As informações não foram tiradas dos apócrifos;
2ª As informações foram tiradas dos apócrifos.

II. Argumentos
Considerando-se a 2ª suposição, surge aparente discrepância quando afirmamos que os apócrifos, genericamente considerados, nunca são citados no Novo Testamento como base doutrinária, e assim é. Nem os Evangelhos, nem as Cartas, nem o Apocalipse citam apócrifos como fundamento de Doutrina, como o fazem com frequência em relação aos textos canônicos do Velho Testamento.
Informações verdadeiras contidas em livros apócrifos e outras fontes extra-bíblicas são citadas ou aludidas em livros canônicos com objetivos bem diversos da formação de base doutrinária.
Então os apócrifos contém informações verdadeiras? Sim. Uma de suas características é precisamente a mistura de verdade com falsidade, heresia e suposição. Por isso não passaram pelo crivo da canonicidade. São cheios de “fábulas e blasfêmias”, no dizer de Agostinho, ou são “escritos dos hereges”, como registrou S. Jerônimo.

III. Os Teólogos
A respeito do verso 9 diz Norman Geisler: “somente porque o episódio não é encontrado em nenhuma passagem das Escrituras, não significa que o evento não tenha ocorrido.”
Sobre os versos 14 e 15 ouçamos Merril F. Unger: “Essa profecia, preservada como tradição no livro não canônico de Enoque é aqui revelada pelo Espírito Santo como verdade divina”.

IV. Os fatos
      1.  Em Mateus 23.5, Jesus disse a respeito dos fariseus: “...alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas.”
Filactério é a transliteração de uma palavra grega que não está em nenhum texto do Velho Testamento e sim em um Midraxe, que são crônicas judaicas escritas nos quatro primeiros séculos antes de Cristo.
Jesus, assim, citou um texto extra-bíblico, conhecido de todos, para ilustrar e reforçar sua inprecação contra os fariseus.

      1. Em Atos 17.28, Paulo diz: "...pois nele nos movemos e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito...”
Paulo está citando o poeta grego do século IV a.C Arato, em seu poema Fenômenos.

      1. Em I Coríntios 10.4, Paulo diz: “e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.
A informação de que a pedra era Cristo não está no Velho Testamento e sim no midraxe rabino sobre a Rocha, onde se interpreta que a rocha era o Messias. Paulo, com autoridade muito superior à do midraxe, declarou, por revelação, que a pedra é Cristo.

      1. Em Tito 1.12, Paulo diz: “Foi mesmo entre eles, um seu profeta, que disse: Cretences, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos.”
Esse trecho não está no Velho Testamento, pois é do conhecido poeta e sábio grego Epimêndes, do século VI a.C., que era tido também como um profeta.

V. Conclusões
  1. A Bíblia, sendo a Palavra de Deus ao homem, registra, para que o homem distinga a vontade divina, palavras de homens sábios e estultos, de demônios e de uma jumenta.
  2. Jesus, em suas conversas com os homens, tanto em público como em particular, citava, além do VT, ditados, apotégmas e aforismos que estavam na boca do povo, proveniente de diversas fontes e convalidou preceitos anteriormente ditos por Buda e Confúcio.
  3. A epístola de Judas foi integrada ao cânon do NT devido, principalmente a dois critérios: primeiro o da apostolicidade, pois procede do ambiente apostólico; segundo, o critério da evidência interna, pois guarda unidade absoluta com a doutrina bíblica, de Gênesis à Apocalipse.

AUTOR: NEEMIAS C. MIRANDA